Wi-Fi gratuito: acusado de jogar esposa do 10º andar em SP ganhou R$ 12 milhões de produtora do filme sobre Bolsonaro
Como R$ 12 milhões fluíram para uma empresa de Alex Leandro Bispo dos Santos, preso por feminicídio, em meio a denúncias de sobrepreço e atrasos no Wi-Fi Livre SP?
O caso chocante de feminicídio que abalou a capital paulista ganhou camadas adicionais de complexidade nesta semana, ao se entrelaçar com denúncias de irregularidades em um contrato milionário da Prefeitura de São Paulo. Alex Leandro Bispo dos Santos, de 40 anos, empresário preso temporariamente na terça-feira (9) por suspeita de jogar a esposa, Maria Katiane Gomes da Silva, de 25 anos, do 10º andar de um prédio na zona sul da cidade, é o mesmo que comandou uma empresa beneficiada com R$ 12 milhões oriundos de um acordo público para instalação de wi-fi gratuito em comunidades carentes. A verba veio do Instituto Conhecer Brasil (ICB), presidido por Karina Ferreira da Gama, que também atua como produtora executiva da cinebiografia “Dark Horse”, filme sobre a trajetória do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O crime contra Maria Katiane ocorreu na madrugada de 29 de novembro, em um condomínio no Jardim Taboão. Imagens de câmeras de segurança, cruciais para a prisão de Alex decretada pela Justiça e investigada pela 89ª Delegacia de Polícia (Jardim Taboão) como feminicídio consumado, mostram o casal discutindo no estacionamento do prédio. O vídeo registra Alex iniciando agressões físicas, com socos e puxões, prosseguindo no elevador, onde ele tenta agarrar o pescoço da vítima. Menos de dois minutos após, Maria é arrastada para fora e, momentos depois, cai da janela do 10º andar, morrendo no local. Segundo relatos à polícia, o casal, junto há cerca de cinco anos, discutia sobre planos para o Natal, incluindo uma viagem de cruzeiro que Maria havia organizado. Alex, em depoimento inicial, alegou suicídio e negou agressões, mas as imagens desmentem a versão, levando à intervenção do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Maria Katiane, natural de Crateús (CE) e auxiliar de serviços gerais, deixa uma filha pequena. Familiares, em declarações à imprensa, expressam indignação e pedem justiça. “Hoje, como tia, eu estou com meu coração apertado, com um sentimento de indignação, assim como sua mãe e toda nossa família, pedimos justiça por Katiane Gomes”, disse uma parente em entrevista ao O Globo. Alex, por sua vez, tem histórico criminal: em 2003, cumpriu pena por envolvimento no sequestro do sobrinho do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), conforme confirmado pelo delegado responsável na época.
Paralelamente à tragédia pessoal, surge o escândalo financeiro. Uma reportagem do The Intercept Brasil, publicada em 10 de dezembro, expõe como a empresa de Alex, Favela Conectada, foi subcontratada pelo ICB para serviços de manutenção no programa Wi-Fi Livre SP. O ICB, sem experiência prévia em telecomunicações, assinou em junho de 2024 um contrato de R$ 108 milhões com a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SMIT), sob a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), para instalar e manter por 12 meses 5.000 pontos de wi-fi em áreas de baixa renda. O edital, único concorrente apresentado pelo ICB, acumulava pelo menos 20 irregularidades, apontadas pelo Tribunal de Contas do Município (TCM-SP), como critérios genéricos para seleção de organizações sociais (OSCs) e ausência de concorrência real.
Os custos chamam atenção: enquanto a Prodam, empresa municipal especializada em tecnologia pública, cobra R$ 306 por ponto de manutenção mensal, o ICB foi contratado por R$ 1.800 por instalação e mais R$ 1.800 mensais por ponto – valores até oito vezes superiores aos praticados anteriormente (R$ 230 por instalação em contratos prévios). O plano original previa planejamento até dezembro de 2024 e instalação a partir de janeiro de 2025, mas foi alterado a pedido da prefeitura para antecipar obras em setembro, acelerando em outubro – mês das eleições municipais de 2024. Até junho de 2025, apenas 3.200 pontos estavam operacionais, segundo o ICB. Ainda assim, a prefeitura aceitou um acordo atípico: considerar 30 de junho de 2024 como data-base para todos os pontos, mesmo os inexistentes, resultando em R$ 26 milhões pagos por manutenção de serviços fantasmas.
É nesse contexto que entra a Favela Conectada. Subcontratada pelo ICB por R$ 12 milhões para manter 2.000 pontos a R$ 712 mensais cada, a empresa de Alex recebeu, em um exemplo flagrante, 12 “mensalidades” por 218 pontos instalados entre 22 e 28 de abril de 2025 – período em que o contrato vigorava só até 30 de junho, cobrindo no máximo três meses de serviço real. O custo efetivo à população? Apenas R$ 273 mil para esses pontos, contra R$ 2,7 milhões repassados. Documentos obtidos pela coluna de Demétrio Vecchioli no Metrópoles mostram assinaturas de Alex (inicialmente só como “Alex” e CPF parcial), de Maria Katiane como testemunha em um termo de operação de dados, e de Karina Ferreira da Gama. A Favela Conectada opera no mesmo prédio de um escritório alugado pelo ICB com verbas do contrato, inclusive cheque caução de R$ 18 mil incluído nas contas prestadas à prefeitura.
Procurada pelo The Intercept e pela Metrópoles, a prefeitura de São Paulo emitiu nota defendendo o programa: “considera irresponsável qualquer associação entre as autorizações mencionadas para filmagens e o programa WiFi Livre SP”, destacando seu impacto em milhares de famílias vulneráveis. A gestão Nunes (MDB) reforça que “a organização social cumpriu todas as exigências previstas no edital, e a prestação do serviço está em andamento com 3.200 pontos de Wi-Fi implementados e 1.800 pontos previstos para 2026. O prazo de execução precisou ser ampliado mas sem qualquer custo adicional à Prefeitura. A contratação de uma OSC ocorreu porque a Prodam não pode atuar em ambientes privados. Além disso, organizações sociais têm maior expertise na atuação direta às comunidades. Já a antecipação de roteadores foi formalizada por um Plano de Trabalho com o objetivo de acelerar o atendimento em regiões que apresentavam demanda social urgente por conectividade. A cidade tem hoje 7.923 pontos de Wi-Fi instalados e ativos”. O ICB e a defesa de Alex não foram localizados; o telefone da Favela Conectada está fora de serviço.
Nas redes sociais, o caso explodiu em indignação. Postagens no X (antigo Twitter) viralizam vídeos das agressões, com usuários como @Metropoles e @informeagorarj destacando a simulação de desespero de Alex no velório de Maria, onde ele chorou sobre o caixão. Perfis feministas, como @EliseWilshaw1, questionam: “Quantas mais vão ter que morrer nas mãos de monstros como esse?”. Blogs e jornais como Folha de S.Paulo, CNN Brasil e UOL ampliam o debate sobre violência de gênero e uso indevido de recursos públicos, com o TCM-SP sinalizando auditoria aprofundada.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e a Controladoria Geral do Município monitoram o contrato, enquanto o inquérito do feminicídio avança com perícias do Instituto Médico-Legal (IML). Este caso expõe não só a dor de uma perda irreparável, mas falhas sistêmicas em licitações e a urgência de mecanismos contra a violência doméstica.
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