Toffoli e advogado de investigado no Banco Master compartilharam jatinho na final da Libertadores
Uma viagem privada que levanta questionamentos sobre imparcialidade em meio a um caso bilionário de fraudes financeiras no STF – entenda os bastidores e o que dizem as investigações
Em um episódio que desperta debates sobre ética e proximidade entre atores do Judiciário e investigados, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o advogado Augusto Arruda Botelho, ex-secretário nacional de Justiça, embarcaram juntos em um jatinho privado para assistir à final da Copa Libertadores entre Palmeiras e Flamengo, disputada em 29 de novembro de 2025, no Estádio Nacional de Lima, no Peru. Ambos torcedores do Palmeiras, os dois pegaram carona no voo fretado pelo empresário Luiz Oswaldo Pastore, um amigo em comum, que levou cerca de 15 passageiros na aeronave, incluindo o ex-deputado federal Aldo Rebelo (sem partido atual).
A revelação veio à tona por meio de reportagem do colunista Lauro Jardim, no blog do jornal O Globo, e foi confirmada pelo Estadão a partir de depoimento de um dos participantes do voo, que pediu anonimato. Procurados pela imprensa, Toffoli, Botelho e Rebelo não comentaram a viagem, e o espaço permanece aberto para manifestações.
O timing da viagem coincide com movimentações sensíveis no processo judicial sob relatoria de Toffoli: ele foi sorteado como relator em 28 de novembro, um dia antes do voo, para o inquérito sobre suspeitas de fraudes financeiras bilionárias no Banco Master, liquidado pelo Banco Central em novembro de 2025. O caso, batizado de Operação Compliance Zero pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), investiga a emissão de títulos de crédito falsos negociados com o Banco de Brasília (BRB), por meio de empresas de fachada como a Tirreno, envolvendo crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.
Augusto Arruda Botelho atua na defesa de Luiz Antonio Bull, diretor de compliance do banco, que foi preso preventivamente durante a operação em 18 de novembro e liberado em 29 de novembro, sob liberdade provisória com uso de tornozeleira eletrônica. O processo só foi distribuído ao gabinete de Toffoli após a viagem, por sorteio eletrônico entre os ministros do STF, conforme rotina da Corte.
O ponto de conexão com o STF surgiu a pedido da defesa de Daniel Vorcaro, presidente e controlador do Banco Master, que tentou transferir o caso da primeira instância da Justiça Federal para o Supremo, alegando foro privilegiado após a PF apreender, em um endereço do banqueiro, um envelope com o nome do deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA). Vorcaro ficou preso por 12 dias e foi solto pela relatora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargadora Solange Salgado da Silva, com medidas cautelares impostas.
O deputado Bacelar explica que o contato com Vorcaro se deu no contexto de um fundo para construção de um empreendimento imobiliário em Trancoso, em Porto Seguro (BA), onde o empresário demonstrou interesse em comprar uma parte do projeto, mas o negócio não se concretizou. Investigadores da PF afirmam que, até o momento, não há indícios de irregularidades nesse episódio imobiliário, e, por isso, recomendam que a apuração não permaneça no STF.
No entanto, Toffoli decidiu manter a competência da Corte, determinando em 3 de dezembro que todas as novas diligências – como oitivas, análises de materiais e compartilhamentos com o MPF – sejam previamente autorizadas pelo Supremo, suspendendo o andamento na 10ª Vara Federal de Brasília. Além disso, o ministro elevou o processo ao sigilo máximo em 2 de dezembro, restringindo o acesso a advogados das partes, funcionários do seu gabinete e ao MPF, ocultando até as iniciais dos envolvidos no sistema do STF.
Curiosamente, a decisão de Toffoli atendeu diretamente a um recurso protocolado por Arruda Botelho em 28 de novembro, concedendo acesso a todos os elementos de prova já documentados na investigação da PF que interessem ao seu cliente, Luiz Antonio Bull.
Essa coincidência temporal com a viagem tem gerado repercussão nas redes sociais, com postagens questionando a imparcialidade do ministro e críticas à suposta “proximidade” entre julgador e parte interessada.
No X (antigo Twitter), perfis como o do Estadão relataram a notícia, acumulando milhares de interações, enquanto contas críticas, incluindo paródias, amplificaram o debate com menções a possíveis interferências judiciais – embora sem evidências concretas de irregularidades.
O Banco Master atraía investidores com Certificados de Depósito Bancário (CDBs) acima da média de mercado, prática que já alertava o setor financeiro antes da liquidação pelo Banco Central. A operação da PF, inicialmente batizada de “Ostap Bender” (em referência a um vigarista literário), e posteriormente rebatizada de Compliance Zero, resultou na prisão de Vorcaro e outros executivos, como Augusto Lima, e bloqueios de bens. O STF, como foro para parlamentares como Bacelar, agora centraliza o caso, mas a PF continua autorizada a prosseguir com investigações, sob supervisão do relator.
Especialistas em direito constitucional consultados por veículos como a CNN Brasil destacam que, embora a viagem não configure, por si só, impedimento legal, o Código de Processo Penal exige que magistrados evitem situações que possam “suscitar dúvida razoável” sobre sua imparcialidade. Até o momento, não há indícios de que a viagem tenha influenciado decisões judiciais, e o processo segue em sigilo, com foco na análise de provas pela relatoria de Toffoli.
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