Marcos Rogério sai em defesa de vice-governador de Rondônia e inicia novo capítulo na crise política do Estado
Emenda da Assembleia Legislativa alterou regras que permitem governador comandar o estado remotamente, sem dar posse ao vice
A crise política em Rondônia, iniciada ano passado entre o governador Marcos Rocha e os irmãos Júnior e Sérgio Gonçalves ganhou mais um personagem, o senador Marcos Rogério (PL).
Na última segunda-feira, 30, o Partido Liberal (PL) comandado em Rondônia pelo senador, ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Tribunal de Justiça do Estado, contra a Emenda Constitucional nº 174/2025, promulgada em 17 de junho de 2025. A emenda, publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da Assembleia Legislativa, introduziu os parágrafos 2º-A e 2º-B ao artigo 61 da Constituição Estadual, alterando as regras para a substituição do governador pelo vice-governador em casos de ausência ou impedimento.
A legislação, em outras palavras, permite que o governador Marcos Rocha possa manter o exercício pleno de suas funções, mesmo em ausências autorizadas, utilizando meios digitais e tecnológicos para atos administrativos e governamentais. Ou seja, mesmo ausente, o governador pode manter as funções. A medida foi taxada pelo deputado Delegado Camargo como ‘governo EAD', ou governo à distância, e sofreu pesadas críticas por parte de alguns deputados de oposição.
O vice-governador Sérgio Gonçalves havia ingressado com um mandado de segurança no TJRO contestando a emenda, mas o desembargador Francisco Borges considerou o instrumento jurídico inadequado, indeferindo o pedido. O PL então ingressou com a ADI, instrumento correto para contestar esse tipo de medida.
Uma crise provocada pelo próprio governo
A crise teve início o fim do ano passado, quando o governador Marcos Rocha rompeu relações com seu então Chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, irmão do vice-governador. Após meses de desgaste, Rocha exonerou Júnior do cargo, em fevereiro deste ano, comprovando que as relações realmente haviam azedado. Mesmo assim, Sérgio e Rocha seguiram juntos, chegando a postar em redes sociais que estavam ‘fechados na parceria'.
Em maio, passou a circular a informação que Rocha estaria articulando uma operação policial que teria como alvo seu ex-Chefe da Casa Civil, que reagiu convocando uma coletiva ocorrida no início do mês passado, onde ele insinuou que ‘a corrupção do governo estava no Detran', órgão comandado pelo irmão do governador.
Marcos Rocha estava em Israel quando começaram os conflitos e bombardeios contra o Irã e ficou retido por conta do fechamento dos espaços aéreos. Como a permanência o estado sionista poderia se estender por tempo indeterminado, e a legislação prevê o afastamento do chefe do Executivo após 15 dias, a Assembleia Legislativa aprovou a emenda, garantindo que Rocha pudesse comandar o estado sem precisar transmitir o cargo ao vice.
A viagem do governador foi duramente criticada nas redes sociais pela população.
Durante a ausência de Rocha, Sérgio Gonçalves concedeu entrevista a uma rádio, onde fez pesadas críticas ao atual Chefe da Casa Civil, Elias Rezende, a quem Sérgio atribuiu a culpa pela crise entre Rocha e Júnior Gonçalves.
No retorno, mais crise
“Se eu estivesse com o meu vice-governador ou com alguma pessoa próxima, numa situação que eu estava vivendo junto com a equipe e outros brasileiros e pessoas de outros lugares, uma situação de guerra, eu teria feito um vídeo falando: ‘gente, vamos orar pelo nosso amigo Sérgio Gonçalves’. [...] Ao invés de ficar com sitezinhos ou pagarem sites para criar situações nojentas”, declarou Marcos Rocha em entrevista quando retornou de Israel referindo-se ao vice.
O governador ainda criticou as falas de Gonçalves, saindo em defesa de Resende.
Próximos passos
Advogados ouvidos por PAINEL POLÍTICO acreditam que a ADI protocolada pelo PL deve ter sucesso, tendo em vista a simetria constitucional, que impede estados de legislarem sobre matérias constitucionais. Porém, a crise promete novos capítulos, tendo em vista a proximidade das eleições. Marcos Rocha é virtual candidato ao Senado, e sua esposa, Luana, pretende disputar uma cadeira na Câmara Federal e o irmão do governador busca eleger-se deputado estadual.
Ocorre que para isso, Rocha precisa afastar-se do cargo seis meses antes das eleições do ano que vem, deixando o cargo para Sérgio. Sem a desincompatibilização, nem Rocha nem seus parentes diretos podem disputar cargos eletivos.
Rocha esperava contar com o apoio de Sérgio, mas as relações conturbadas entre ambos indicam que essa é uma possibilidade cada vez mais remota.
O governador busca uma forma de anular a interferência do vice, para que o presidente da Assembleia, Alex Redano assuma o comando do estado após sua renúncia, mas para isso, também precisaria da anuência de seu vice, que precisaria renunciar, o que também parece ser pouco provável.
No último fim de semana, Júnior Gonçalves postou uma foto ao lado de seu irmão, Sérgio, tirada durante um ‘almoço de família', indicando que eles estão mais próximos que nunca.
Resta saber quais os próximos passos de Marcos Rocha.
Marcos Rogério mira o governo
A entrada do PL na briga tem uma forte motivação. Marcos Rogério disputou com Rocha as eleições de 2022, perdendo em segundo turno por uma pequena diferença, graças ao apoio do agora prefeito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), que apoiou Rocha no segundo turno.
Rogério vem tecendo críticas ao governador na tribuna do Senado e em entrevistas, e seu apoio ao vice reforça essa linha de oposição. O senador vem conversando com lideranças pelo estado para organizar sua campanha ao governo, mas existe a possibilidade de apoiar outra candidatura, para que ele possa disputar a reeleição ao Senado.
Com o agravamento da crise entre Rocha e seu vice, o caso ganha contornos ainda mais dramáticos.
Agora é aguardar os próximos movimentos.
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