Investidores 'abutres' começam a cercar Ambipar após pedidos de recuperação judicial
Em meio a revelação de irregularidades e venda de papéis em queda livre, investidores estrangeiros apostam em compra de bonds da Ambipar na expectativa de reestruturação — entenda os riscos e cenários
O grupo Ambipar (AMBP3), uma das maiores empresas brasileiras de gestão ambiental e resposta a emergências, protocolou nesta segunda-feira (20/10) pedido de recuperação judicial (RJ) no Brasil, bem como sua controlada norte-americana Ambipar Emergency Response ingressou com pedido sob o capítulo 11 (Chapter 11) nos Estados Unidos.
A companhia informa que a decisão foi tomada após a identificação de “indícios de irregularidades” ligadas à contratação de operações de swap pela diretoria financeira e à renúncia súbita de seu então diretor financeiro.
Contexto da crise
Segundo o comunicado divulgado ao mercado pela Ambipar, o pedido de recuperação judicial se baseia no fato de que a empresa enfrentava “evento de forte abalo de confiança” após os apontamentos de irregularidades, o que gerou pedidos de antecipação de vencimento de dívidas por parte de credores e colocou o próprio funcionamento do grupo em risco.
Em setembro, a empresa já havia obtido uma medida cautelar na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, suspendendo execuções e cobranças por 30 dias (prorrogáveis por igual período) após a chamada de margem do banco Deutsche Bank em derivativos.
A Ambipar disse que, apesar de apresentar um caixa declarado de cerca de R$ 4,7 bilhões no segundo trimestre, teria sido alocada parte desses recursos em ativos que não estavam identificados previamente nos demonstrativos e que os credores começaram a questionar a liquidez da empresa.
Montante da dívida e impacto sobre os títulos
De acordo com levantamento recente, o endividamento total da Ambipar ultrapassa R$ 10,4 bilhões. Deste total, cerca de US$ 1,065 bilhão em bonds internacionais — aproximadamente R$ 5,6 bilhões — somam a maior parte do passivo externo.
Além destes, a empresa possui cerca de R$ 3 bilhões em debêntures no Brasil e aproximadamente R$ 2 bilhões em dívidas bancárias.
Após o pedido de RJ, detentores de debêntures e bonds passaram a ter suas reivindicações incluídas no processo de recuperação judicial, o que significa que terão de entrar em mesa de negociação com o grupo, em meio a potencial corte (haircut) de suas posições.
Movimentação dos investidores e dos títulos
No mercado internacional, títulos de dívida da Ambipar começaram a atrair investidores especializados — conhecidos como “vulture funds” ou fundos abutres — que buscam adquirir papéis de empresas em dificuldades com a expectativa de ganho com eventual recuperação ou reestruturação. Conforme operadores de mesa, há movimentação de compra nessa faixa de risco elevado.
Estimativas indicam que, no começo de outubro, os bonds da Ambipar estavam cotados em cerca de 12% do valor de face e nos dias seguintes oscilaram entre 13,5% e 14%. O valor reflete que o mercado já precificava perdas de 80% a 90% sobre o valor principal investido.
Essa dinâmica corrobora os relatos de que parte da estratégia dos investidores está em “entrar barato e ver como será a recuperação”. Ainda assim, o grau de recuperação estimado e os termos da renegociação permanecem incertos — o que reforça o risco para quem está envolvido.
Implicações para credores, fornecedores e para a continuidade da empresa
Com o RJ, a Ambipar busca garantir a suspensão de execuções e cobranças de credores, o que lhe dá um fôlego para negociar termos e reestruturar operações.
Para os credores— em especial os detentores de bonds e debêntures — a situação exige participação ativa e, muitas vezes, coordenação coletiva, já que os processos de recuperação empresarial no Brasil e nos EUA costumam envolver aprovação de planos de credores e podem resultar em reduções significativas nas recuperações.
Para fornecedores e contratados da Ambipar, a abertura de RJ acende um sinal de alerta: enquanto a empresa opera normalmente (como informado pela própria companhia), existe o risco de interrupção ou renegociação de contratos, o que pode afetar prazos, pagamentos e continuidade dos serviços.
Cenários para o futuro
Em análise, três cenários principais se destacam:
Recuperação bem-sucedida: a Ambipar negocia com seus credores um plano de recuperação que permita amortização de dívidas, venda de ativos ou aporte adicional, restabelecendo gradualmente confiança e retomando o crescimento.
Diluição ou corte pesado aos credores: os bondholders e debenturistas aceitam perdas significativas (por exemplo, recuperações inferiores a 20% do valor de face) em troca da viabilização da operação da empresa.
Falência ou liquidação parcial: caso a Ambipar não consiga viabilizar o plano, pode haver desmonte de ativos, vendas forçadas e impacto grave sobre operações e credores, com possível perda dos negócios como empresa em funcionamento.
O que observar nas próximas semanas
Aprovação do plano de recuperação judicial da Ambipar no Brasil e dos documentos relacionados ao Chapter 11 nos EUA.
Comunicações da empresa sobre ativos, venda de participações ou aportes que possam melhorar o balanço.
Acordos entre credores (bonholders, debenturistas, bancos) e como será dividida a “tara” de perdas.
Impactos nos mercados de dívida privada — esse caso reforça o alerta de risco para investidores que compram papéis de empresas alavancadas.
Qualquer nova divulgação de investigação interna ou externa que possa afetar a reputação e a viabilidade da companhia.
Acompanhe de perto o desenrolar desse processo: a evolução da recuperação judicial da Ambipar pode trazer importantes lições para o mercado de crédito corporativo no Brasil — especialmente em cenários de juros elevados e empresas com elevada alavancagem.
Chamada para ação:
E você, o que acha desse movimento de recuperação e do comportamento dos investidores no mercado de dívida privada? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe esta análise com sua rede para fomentar o debate.
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