Hostilidades contra Milei: Violência nas ruas argentinas marca 2025 em meio a reformas polêmicas e crise
De pedradas em Lomas de Zamora a confrontos em Santa Fe, o presidente e seus aliados enfrentam crescente resistência popular – entenda os episódios e o contexto da crise que impulsiona as tensões
Em um ano marcado por reformas econômicas radicais, o presidente Javier Milei e seus aliados do partido La Libertad Avanza têm enfrentado uma onda de hostilidades em diversas cidades argentinas. Esses incidentes, que incluem arremesso de pedras, ovos e garrafas, refletem o mal-estar social agravado pela crise econômica, herança de décadas de instabilidade, mas intensificada pelas políticas de “choque” implementadas por Milei desde sua posse em dezembro de 2023. Este texto compila os principais episódios ocorridos em 2025, com base em relatos de jornais, redes sociais e análises independentes, traçando também um histórico da crise que assola o país.
Os episódios de hostilidade em 2025: cidades e confrontos
As tensões explodiram em atos de campanha e caminhadas públicas, frequentemente em províncias chave para as eleições legislativas de meio de mandato. O primeiro grande incidente ocorreu em Lomas de Zamora, na província de Buenos Aires, em 27 de agosto. Durante um ato de campanha ao lado do deputado José Luis Espert, o presidente Milei foi alvo de pedras, garrafas e objetos contundentes arremessados por um grupo de manifestantes.
A caravana presidencial, que incluía a irmã de Milei, Karina Milei, o deputado Maximiliano Bondarenko e o militante Sebastián Pareja, foi interrompida abruptamente. “La policía bonaerense no actuó, el municipio de Lomas de Zamora dejó un volquete con cascotes”, relatou um usuário no X (antigo Twitter), destacando a suposta inação das autoridades locais. Milei foi evacuado por seguranças, em uma cena descrita como caótica pela BBC, que classificou o episódio como o ápice de semanas críticas para o governo.
Menos de um mês depois, em 29 de setembro, Ushuaia, capital da província de Tierra del Fuego, registrou outro confronto. Durante uma caminhada de Milei, militantes ultrakirchneristas – termo usado por apoiadores para designar opositores do peronismo de esquerda – arremessaram garrafas de vidro contra apoiadores de La Libertad Avanza.
O incidente, capturado em vídeo e compartilhado amplamente no X, poderia ter resultado em ferimentos graves, segundo relatos do portal La Derecha Diario. A polícia interveio, mas o ato prosseguiu sob forte escolta, expondo a polarização em regiões remotas do país.
O chefe de gabinete de Milei discutiu com um homem que protestava no local e o chamou de “louco”.
O mais recente episódio aconteceu em 4 de outubro, na capital de Santa Fe. Milei cancelou sua caminhada pela peatonal San Martín após empurrões, socos e arremesso de ovos entre militantes libertários e opositores. Vídeos circulantes no X mostram a confusão no centro da cidade, com um militante de La Libertad Avanza quase atingido gravemente. “Kirchneristas violentos casi asesinan a un militante libertario”, denunciou La Derecha Diario, atribuindo o ataque a grupos de esquerda. O deputado Roberto Costa, de La Libertad Avanza, reforçou: “Basta de Violencia en la Política! El video de hoy en Santa Fe muestra la verdadera cara de la intolerancia”. Autoridades locais confirmaram a suspensão do evento, mas não reportaram prisões imediatas.
Outros incidentes menores pontuaram o ano. Em março, uma marcha de jubilados em Buenos Aires resultou em danos estimados em 400 milhões de pesos à infraestrutura urbana, descritos como “un ataque coordinado” pela prefeitura da cidade. Em setembro, um ato de fechamento de campanha na província de Buenos Aires terminou em distúrbios, com Milei sofrendo um revés eleitoral na região mais populosa do país. Esses eventos não são isolados: analistas apontam para uma escalada de intolerância, com o governo Milei acusando opositores de orquestrar “campañas de intimidación”, como no caso da jornalista Julia Mengolini, alvo de ameaças em agosto.
Essas hostilidades ocorrem em um contexto de eleições legislativas de outubro, onde La Libertad Avanza busca fortalecer sua minoria no Congresso. Milei, conhecido por sua retórica agressiva, tem respondido com vetos a leis opositoras e apelos à “tolerância”, mas críticos veem nos incidentes um reflexo do descontentamento popular.
Histórico da crise econômica: Das promessas de “Milagre” ao aprofundamento da recessão
A Argentina chega a 2025 com uma economia fragilizada por décadas de inflação crônica e endividamento, mas as políticas de Milei – apelidadas de “motosierra” por cortes radicais – aceleraram uma transição dolorosa. Ao assumir em dezembro de 2023, Milei herdou uma hiperinflação de 211% anual, recessão e reservas internacionais negativas, legados do governo peronista de Alberto Fernández. Sua estratégia inicial incluiu desvalorização do peso em 50%, corte de subsídios e demissões em massa no setor público, visando fechar o déficit fiscal em dois meses.
Em 2024, os efeitos foram mistos: a inflação acumulada superou 200%, com pico de 25,5% em dezembro de 2023, mas caiu para os níveis mais baixos em cinco anos até junho de 2025, graças a reformas monetárias e privatizações. No entanto, o “choque” gerou recessão profunda, com queda no consumo e aumento da pobreza para 57% da população. Grupos vulneráveis, como pacientes do Hospital Garrahan – principal pediátrico do país –, sofreram com cortes em saúde, simbolizando o impacto nos mais pobres.
Em 2025, a aposta audaciosa de Milei por crescimento via liberalização não se materializou. Setembro trouxe uma nova crise: taxas de juros nas alturas, reservas em vermelho e estagnação, com o New York Times descrevendo como uma “pesadilla” iminente. Analistas como os do Infobae questionam: “¿Por qué esta crisis golpea tanto a Milei?”, apontando para soluções simplistas como “dolarizar” que não se concretizaram. O fechamento do déficit fiscal, louvado por instituições como J.P. Morgan, foi bancado pelos setores mais frágeis, gerando protestos e a violência observada nas ruas.
Especialistas preveem que, sem ajustes, a recessão persista até 2026, com Milei apostando em alianças internacionais – como com Donald Trump – para injetar dólares. No entanto, o mal-estar social, alimentado por desemprego e inflação persistente, transforma as ruas em arenas de confronto, onde a polarização política se materializa em hostilidades diretas.
Denúncias de corrupção: Escândalos que envolvem Milei, sua irmã e aliados
Além das tensões econômicas e sociais, o governo Milei tem sido abalado por denúncias de corrupção que atingem diretamente o presidente, sua irmã Karina Milei e aliados próximos, erodindo a imagem de “anti-casta” prometida em campanha. Esses casos, investigados pela Justiça argentina e com repercussão internacional, coincidem com o período eleitoral de 2025, ampliando o escrutínio público.
O escândalo mais proeminente envolve Karina Milei, secretária-geral da Presidência e figura central no círculo de influência do presidente, acusada de liderar uma rede de propinas na Agência Nacional de Discapacidade (ANDIS). Gravações vazadas em agosto de 2025 revelam conversas sobre supostos subornos de empresas farmacêuticas em troca de contratos públicos, com menções a Karina, o empresário Diego Spagnuolo e outros. Os áudios, divulgadas pela imprensa, sugerem desvios de até US$ 800 mil mensais, com allanamientos realizados em residências ligadas aos envolvidos.
Milei defendeu publicamente sua irmã, chamando as acusações de “campanha de difamação orquestrada por rivais”, mas o caso ameaça sua credibilidade anticorrupção.
Outro episódio recente diz respeito ao deputado José Luis Espert, aliado chave de Milei e membro de La Libertad Avanza, acusado de receber financiamento de campanha de Federico “Fred” Machado, empresário investigado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro nos EUA e na Argentina. Em setembro de 2025, revelou-se que Espert teria aceitado cerca de US$ 200 mil de Machado, que viajou com o deputado em um avião irregularmente registrado. Diante da pressão, Espert renunciou à candidatura legislativa em 5 de outubro, admitindo os pagamentos, mas negando conhecimento das atividades criminosas do doador.
O caso levou à aprovação de extradição de Machado para os EUA, aprofundando as fissuras no partido governista.
Por fim, o “Criptogate” ou escândalo $Libra, detonado em fevereiro de 2025, acusa Milei diretamente de promover uma criptomoeda fraudulenta. No dia 14 de fevereiro, o presidente postou no X elogiando o lançamento do token $Libra na blockchain Solana, prometendo que ele “levantaria a Argentina”. Horas após, o ativo colapsou, evaporando bilhões em valor e lesando milhares de investidores, com perdas estimadas em US$ 4,6 bilhões – o maior roubo de cripto da história.
Investigações apontam para possível conluio com promotores como Hayden Davis, e a Justiça ordenou em outubro a análise dos telefones de Javier e Karina Milei para rastrear comunicações prévias ao lançamento. Em maio, Milei dissolveu a unidade especial de investigação que ele mesmo criara, o que opositores chamam de obstrução.
Chamados por impeachment ecoam no Congresso, com deputados criando comissões para apurar o caso. Esses escândalos, somados às hostilidades nas ruas, pintam um quadro de governo sob pressão, onde as promessas de transparência colidem com alegações de irregularidades.
Em meio a esses desafios internos, a economia argentina enfrenta agravos adicionais: milhares de empresas, especialmente pequenas e médias, fecharam suas portas desde o início do mandato de Milei, com mais de 15 mil fechamentos registrados até setembro de 2025. As reservas internacionais do país estão em níveis criticamente baixos, com o Banco Central queimando dólares para sustentar o peso, atingindo apenas US$ 3,9 bilhões após intervenções recentes em setembro.
Ademais, a aguardada ajuda financeira dos Estados Unidos, prometida por Donald Trump em setembro, ainda não se materializou até o momento, deixando o governo Milei em uma posição precária.
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