Crise nos bonds corporativos: como o estresse de crédito de Ambipar S.A. e Braskem S.A. abalou o mercado de dívida externa brasileira
Com o pedido de recuperação judicial da Ambipar e o alerta de reestruturação da Braskem, empresas como Raízen S.A., CSN e outras sentiram “efeito-contágio” nos títulos em dólar — entenda o cenário
O recente quadro de tensão no mercado de dívida corporativa brasileira — em especial dos títulos emitidos no exterior (os chamados bonds) — ganhou contornos mais graves com dois episódios que chamam atenção:
A formalização do pedido de recuperação judicial pela Ambipar S.A. no Brasil e nos EUA.
O alerta da Braskem S.A. sobre sua estrutura de capital, redução de rating e risco de reestruturação.
Esses casos não se deram isoladamente — eles provocaram uma espécie de “efeito dominó” que atingiu outros emissores de dívida corporativa em dólar, elevando a percepção de risco entre investidores internacionais e impactando títulos domésticos de crédito privado no Brasil.
O que exatamente está acontecendo?
Bonds são, em essência, instrumentos de dívida emitidos por empresas estrangeiras ou no exterior, denominados em dólar, com remuneração prefixada e, em alguns casos, cupom variável. No Brasil, muitas companhias que têm emissões externas nessa modalidade viram seus papéis sofrerem forte desvalorização diante de uma combinação de fatores de risco: liquidez, câmbio, spread de crédito mais elevado e retirada de capital externo.
No caso da Ambipar, o pedido de recuperação judicial ocorreu após descobertas de indícios de irregularidades relacionadas à contratação de operações swap pela antiga diretoria financeira e à renúncia abrupta do antigo CFO. A situação gerou forte abalo de confiança no mercado. A empresa informou ainda que credores exigiram antecipação de vencimentos, contribuindo para risco de “efeito cascata”.
No caso da Braskem, duas agências de classificação de risco (S&P Global Ratings e Fitch Ratings) rebaixaram os ratings para níveis de “junk” — considerando elevada a probabilidade de reestruturação da dívida. Esse movimento elevou o risco percebido pelos investidores sobre qualquer empresa brasileira com perfil semelhante de alavancagem ou emissão externa.
Como consequência, os títulos de outras empresas brasileiras que haviam emitido dívida em dólar passaram a ser negociados com forte queda no preço unitário, aumento de taxas/cupom, e menor liquidez no mercado secundário.
Por exemplo: a empresa Raízen S.A., apesar de não estar em crise declarada, viu seus bonds serem fortemente pressionados pela “contaminação” do ambiente de crédito.
Impactos concretos no mercado de crédito
Com a queda de preços dos bonds, a taxa de remuneração exigida pelos investidores aumenta: preço menor = rendimento maior.
Mesmo títulos de empresas que não tinham crise declarada foram afetados por “efeito-contágio”. Por exemplo, conforme relatado, os bonds da CSN no exterior com vencimento em 2032 sofreram queda de preço unitário de ~12,6%. (Texto original citado pelo usuário)
No mercado doméstico de crédito privado, debêntures ou CRAs/CRIs de empresas semelhantes também passaram a exigir prêmio maior — fundos de crédito privado já sinalizam taxas mais altas para captar.
Entrou em pauta o risco de que empresas brasileiras mais endividadas ou com emissões externas fiquem com “janela fechada” para novas captações.
Especialistas afirmam que, apesar de não se tratar ainda de uma crise sistêmica, o ambiente de crédito se tornou mais defensivo:
“Com certeza vai afetar a performance de fundos de crédito …” — Christopher Smith, gestor da Capitânia Investimentos (citado no texto original)
“O investidor estrangeiro se desfaz desses títulos, isso traz volatilidade à indústria de fundos” — Ricardo Espíndola, Porto Asset
Reflexos para o investidor e para o mercado brasileiro
O investidor em crédito privado deve estar atento: apesar de ser renda fixa, o crédito corporativo tem risco — especialmente se for emitido em dólar, por empresa alavancada ou com pouca visibilidade/disclosure.
Diversificação torna-se ainda mais relevante: diversificar emissor, prazo, moeda, tipo de título (debênture, CRA, CRI) pode mitigar risco.
Priorizar garantias ou colaterais pode reduzir exposição ao risco elevado.
No cenário macro, uma emissão externa futura será mais difícil para empresas com perfil de risco elevado. Isso pode reduzir liquidez no mercado de dívida corporativa brasileira.
Para o mercado como um todo, embora bancos e sistemas não estejam relatando crise forte, o fato de “contágio de crédito” ser significativo já foi observado em estudos brasileiros.
Por que isso interessa à economia brasileira?
A saída de investidores internacionais de bonds corporativos brasileiros reduz a liquidez e pode elevar o custo de financiamento para empresas brasileiras — o que, por sua vez, pode afetar investimentos, expansões ou projetos de infraestrutura.
A maior cobrança de taxas de efeito-risco pode ser repassada para os consumidores, empregados ou fornecedores, conforme a empresa pressiona custos.
Do ponto de vista de mercado de capitais, esse tipo de desequilíbrio pode tornar o crédito privado mais volátil, o que afeta fundos, carteiras, investidores institucionais e pessoas físicas.
O governo brasileiro também está sob vigilância: emissões soberanas estão indo bem, mas a piora em dívidas corporativas pode refletir risco de financiamento mais amplo ou sinalizar ambiente externo mais tenso.
O movimento recente no mercado de dívida corporativa brasileira — desencadeado pelos casos de Ambipar e Braskem — demonstra como choques de crédito específicos podem se propagar. Mesmo empresas não diretamente envolvidas estão sendo penalizadas por risco percebido ou liquidez reduzida.
Para investidores, gestores e empresas, o alerta é claro: crédito privado exige cuidado, principalmente no Brasil quando o emissor tem emissões em dólar ou está mais vulnerável. O momento exige atenção — tanto para captação como para manutenção de risco em carteira.
Convidamos você a comentar abaixo como enxerga esse momento de crédito no Brasil, se já ajustou sua carteira ou se vê oportunidades — e compartilhe este artigo para que mais pessoas possam acompanhar esse importante tema de mercado.
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