Ambipar em crise: Fitch rebaixa rating ao nível de default após pedido de recuperação judicial
Bradesco aciona executivo próximo ao dono da empresa na justiça de SP, enquanto governança e dívidas de R$ 10 bi desafiam continuidade
A Ambipar Participações e Empreendimentos S.A., líder em soluções ambientais e resposta a emergências no Brasil, enfrenta um dos momentos mais turbulentos de sua história. Após protocolar pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro, com dívidas acumuladas de R$ 10,48 bilhões, a empresa teve sua nota de crédito rebaixada para o patamar mais baixo possível pela agência internacional Fitch Ratings. O movimento, anunciado nesta quarta-feira (22), reflete a deterioração acelerada de sua saúde financeira e persiste em meio a escândalos de governança que envolvem a _Comissão de Valores Mobiliários (CVM)_ e saídas de executivos de alto escalão.
O rebaixamento elevou o “rating de inadimplência do emissor” de longo prazo, tanto em moeda estrangeira quanto local, do nível C para D, o último degrau em uma escala de 21 graus. A nota nacional de longo prazo do grupo, que inclui as subsidiárias Environmental ESG Participações S.A. e Emergência Participações S.A., caiu de C(bra) para D(bra). As emissões sem garantia sênior seguiram o mesmo caminho, enquanto os títulos da subsidiária Ambipar Lux S.a.r.l. permaneceram em C, com expectativa de recuperação limitada (RR4). Anteriormente, em 12 de setembro, a Fitch já havia revisado a perspectiva da companhia para negativa, sinalizando alertas precoces.
De acordo com o relatório da Fitch, dois fatores principais impulsionaram a decisão: o pedido de recuperação judicial protocolado pela holding e subsidiárias no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, além da proteção sob o Chapter 11 da lei de falências dos EUA, em Houston, pela Ambipar Emergency Response, controladora da Emergência. A agência destacou que “diante dos recentes acontecimentos, a flexibilidade financeira da Ambipar se deteriorou acentuadamente”, agravada por “problemas de governança” que comprometem a transparência. Entre os eventos citados, estão atrasos na entrega do formulário regulatório 20-F de uma subsidiária, um processo administrativo em curso na CVM e a opacidade em resultados contábeis recentes e na política financeira
A CVM, autarquia reguladora do mercado de capitais, ampliou o escrutínio sobre a companhia. Em setembro, abriu processo sancionador contra executivos da Ambipar, investigando irregularidades em um programa de recompra de ações. A área técnica da autarquia apontou manipulação de mercado, com o controlador Tércio Borlenghi Júnior, fundador e CEO do grupo, supostamente atuando em conjunto com a corretora Trustee (ligada ao investidor Nelson Tanure) para inflar o preço das ações em mais de 800% entre junho e agosto de 2024.
Essa valorização teria facilitado a uso de papéis como garantia na aquisição da estatal de energia Emae por Tanure. Em março, a CVM determinou uma oferta pública de aquisição (OPA) por aumento de participação do controlador, mas a decisão foi revertida em julho pelo colegiado, em meio a polêmicas.
Os desafios de governança se somam a demissões recentes de diretores contratados há menos de um ano para reforçar a estrutura corporativa, ocorridas nos dias prévios ao pedido de proteção contra credores. O ex-diretor financeiro (CFO) João Daniel Pirran de Arruda, com passagens pelo Bank of America Merrill Lynch, marcou reunião privada com a CVM em outubro, alimentando especulações sobre denúncias internas. A companhia, que opera em mais de 200 municípios brasileiros e atende contratos ambientais essenciais, afirma que a recuperação judicial visa preservar empregos, operações e contribuições econômicas, mas credores questionam a real liquidez: apesar de R$ 4,7 bilhões em caixa declarados, fontes apontam opacidade em aplicações financeiras, incluindo um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) sob suspeita.
Em paralelo, o Bradesco ajuizou ação na _18ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP)_ contra Thiago da Costa Silva, diretor de Integração e Finanças da Ambipar e um dos executivos mais próximos de Tércio Borlenghi Júnior. O banco busca bloquear a alienação de bens de Silva, alegando atos que poderiam fraudar credores em meio à crise. Em outubro, a Ambipar obteve vitória parcial sobre o Bradesco na mesma instância, mas o episódio reforça tensões com instituições financeiras. Há quatro semanas, a agência S&P Global Ratings também rebaixou a nota ao mínimo de sua escala, citando riscos semelhantes.
No mercado, as ações da Ambipar (AMBP3) na B3 registraram alta de 2,44% nesta quarta-feira, cotadas a R$ 0,42, recuperando parte de um tombo de 30% na véspera. No acumulado do ano, porém, os papéis acumulam desvalorização superior a 96%, refletindo a erosão de confiança dos investidores. O caso já atrai “investidores abutres”, fundos especializados em aquisições de dívidas em distress, que veem oportunidades na reestruturação.
A Fitch projeta que uma elevação no rating só virá após a conclusão da reorganização de dívidas, assumindo continuidade operacional com EBITDA projetado de R$ 1,6 bilhão em cenário de estresse. A agência estima taxa de recuperação na faixa RR3, limitada pelo teto regulatório brasileiro a RR4. Para analistas, o desfecho dependerá da capacidade da Ambipar de restaurar transparência e atrair capital fresco, em um contexto de maior regulação sobre governança corporativa no Brasil.
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