Nas últimas semanas, muitos foram os comentários sobre o avanço da violência no contexto eleitoral, tanto sob o ponto de vista moral quanto sob o ponto de vista físico. O levantamento do Observatório de Violência Política e Eleitoral no Brasil (GIEL/UNIRIO) apontou um crescimento superior a 100% de casos do primeiro para o segundo trimestre deste ano, com o terrível destaque de 25 homicídios.
Desde 2019, foram registrados mais de 2100 casos de violência política no Brasil. Esse é mais um dos estudos que apontam os índices de violência no país, todos eles extremamente dramáticos, como as mais de 258 mil mulheres que sofreram algum tipo de violência doméstica em 2023 e as mais de 46 mil mortes violentas intencionais no mesmo ano. Esses números, comparados internacionalmente, demonstram que os índices de violência no Brasil são razoavelmente maiores do que a grande maioria dos países do mundo.
Mas, aparentemente, muita gente se assustou com a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal no debate realizado pela TV Cultura entre os candidatos à prefeitura de São Paulo. Ou com o marqueteiro de Nunes saindo ensanguentado por uma altercação com um membro da campanha de Marçal. O que os números indicam, no entanto, é que o que realmente assusta é o fato disso ser visto ao vivo, em TV aberta ou internet, num contexto que historicamente sempre houve um protocolo minimamente civilizado de respeito mútuo.
Só que esse protocolo de respeito mútuo não é a realidade vivida pela maioria das pessoas nesse país. Basta ligar a tv e assistir à TV Aberta de algumas cidades por algumas horas que inevitavelmente você assistirá algum episódio de violência, inclusive com diferentes opções de narrativas, garantindo a existência do velho sensacionalismo. São contextos absolutamente distintos e que merecem uma análise mais detida, já feita por diversos especialistas da área. Mas aqui, o que precisamos discutir é o vetor simbólico da violência ocorrida nos episódios da corrida eleitoral paulistana.
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