Vereador de Campo Novo de Rondônia é preso preventivamente pela PF por suspeita de tráfico de migrantes
Investigação revela esquema internacional que cobrava até R$ 80 mil por travessia ilegal aos EUA; operação Human Commodity avança em sua segunda fase
Em uma ação que expõe as ramificações do crime organizado na região amazônica, a Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente, nesta segunda-feira (15), um vereador de Campo Novo de Rondônia (RO), suspeito de atuar como um dos principais articuladores de uma organização criminosa dedicada ao tráfico ilegal de migrantes para os Estados Unidos da América (EUA). A prisão faz parte da segunda fase da operação Human Commodity, que visa desmantelar redes de migração irregular com ligações internacionais.
De acordo com as investigações conduzidas pela PF, o grupo criminoso operava um esquema sofisticado, cobrando valores exorbitantes de até R$ 80 mil por pessoa para facilitar a travessia por rotas ilegais, muitas delas perigosas e controladas por organizações transnacionais. Cada membro da quadrilha tinha funções específicas: alguns recrutavam os migrantes em regiões vulneráveis do Brasil e da América do Sul, outros organizavam o transporte terrestre e aéreo, enquanto o vereador preso é apontado como responsável por conduzir as pessoas em etapas críticas da jornada, possivelmente utilizando contatos locais para evitar barreiras fronteiriças.
A suspeita contra o parlamentar surgiu a partir de análises financeiras que revelaram movimentações incompatíveis com sua renda declarada como vereador. Fontes da PF indicam que transações bancárias e depósitos em espécie, sem justificativa aparente, foram o ponto de partida para a apuração.
O nome do suspeito não foi divulgado oficialmente até o momento, respeitando as normas de sigilo investigativo, mas a prisão preventiva foi decretada pela 7ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária de Rondônia, com base em provas robustas coletadas durante a operação.
A operação Human Commodity, iniciada em fases anteriores, já resultou em prisões e apreensões em outros estados da região Norte, destacando o papel de Rondônia como ponto de passagem para migrantes em busca do "sonho americano". Especialistas em segurança pública enfatizam que esses esquemas exploram a vulnerabilidade de famílias pobres, frequentemente de origens bolivianas, peruanas e brasileiras, expondo-as a riscos como extorsão, violência e morte em desertos ou rios fronteiriços.
Em declarações à imprensa, um delegado da PF, sob condição de anonimato, afirmou: "Essas organizações tratam seres humanos como mercadorias, lucrando com o desespero de quem busca uma vida melhor".
A Superintendência Regional da PF em Rondônia coordena as ações, em parceria com agências internacionais como o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), que monitora fluxos migratórios irregulares.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que Campo Novo de Rondônia, com cerca de 30 mil habitantes, é um município agrícola fronteiriço, o que facilita o uso de rotas rurais para atividades ilícitas.
Essa prisão preventiva, válida por tempo indeterminado até decisão judicial em contrário, representa um golpe significativo contra a rede, mas autoridades alertam que investigações continuam para identificar outros envolvidos, incluindo possíveis conexões com facções criminosas maiores.
O caso ilustra os desafios da segurança pública em áreas remotas, onde a fiscalização é complexa devido à vastidão territorial e à porosidade das fronteiras.
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