União Brasil pagou contador do escritório de Rueda por R$ 730 mil com recursos públicos
Investigação revela pagamentos a profissional ligado a Antônio Rueda, acendendo debates sobre transparência partidária
O União Brasil, uma das principais siglas do centrão no Congresso Nacional, destinou cerca de R$ 730 mil em recursos públicos ao contador José Edjackson da Silva, profissional do escritório de advocacia Rueda & Rueda Advogados, comandado por Antônio Rueda, presidente do partido. A contratação, iniciada em 2022 por indicação direta de Rueda, levanta questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e a independência na gestão financeira da legenda, em meio a um contexto de disputas internas e pressões externas.
De acordo com relatórios de prestação de contas divulgados pela Justiça Eleitoral, Edjackson da Silva, que presta serviços ao escritório de Rueda desde janeiro de 2018 – conforme perfil publicado por ele na plataforma LinkedIn –, assumiu responsabilidades no União Brasil a partir de 2022. Suas tarefas incluíam a implantação e adequação de um sistema de ERP (Enterprise Resource Planning), além da gestão contábil, financeira e organizacional da sigla. Os valores pagos foram crescentes: R$ 175 mil em 2022, R$ 242 mil em 2023 e R$ 312 mil em 2024, totalizando os R$ 729 mil reportados.
A proximidade entre Edjackson e a cúpula do partido é notável. O contador atua como um dos aliados mais próximos de Rueda, que assumiu a presidência do União Brasil após a fusão entre PSL e DEM, em outubro de 2021. Inicialmente vice-presidente sob o comando de Luciano Bivar – padrinho político de Rueda, com quem rompeu relações em meio a acusações graves de traição, ameaças de morte, incêndio criminoso e corrupção –, Rueda consolidou seu poder na legenda. Em outubro de 2024, durante a intervenção no diretório pernambucano do União Brasil, Rueda nomeou Edjackson como presidente da comissão provisória, reforçando laços que vão além da contabilidade.
Os pagamentos não se limitaram a honorários. Relatórios da Fundação Indigo, entidade vinculada ao partido e onde Edjackson ocupa o cargo não remunerado de diretor financeiro, registram R$ 37,5 mil em passagens aéreas para deslocamentos entre Recife – sede do escritório de Rueda, onde Edjackson residia até o ano passado – e Brasília, de janeiro a novembro de 2024. Esses voos foram custeados com verbas públicas, justificados pelo partido como “exclusivamente a deslocamentos no âmbito da própria fundação, que tem uma estrutura fixa em Recife, e estão devidamente registradas”.
Em nota oficial enviada à reportagem, o União Brasil defendeu a legalidade das contratações: _”O partido realiza todas as suas contratações dentro das normas legais e partidárias”_. A assessoria da legenda enfatizou que Edjackson atua “de forma independente, com contratos distintos para cada função, sem sobreposição ou conflito de interesses”. No entanto, documentos comprobatórios de pagamentos separados não foram fornecidos. A sigla também destacou medidas de austeridade: _”O partido reduziu suas despesas em 61% de 2022 para 2024. A reestruturação financeira de 2022 e a internalização da contabilidade em 2025 geraram economias superiores a R$ 1,2 milhão anuais. Essas medidas demonstram gestão responsável dos recursos, com foco em legalidade, eficiência e transparência”_, conforme a assessoria de comunicação.
Especialistas em direito administrativo veem riscos na sobreposição de funções. Carlos Ari Sundfeld, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), analisou o caso anonimamente para a Folha de S.Paulo e alertou: _”Quando você tem uma mesma pessoa trabalhando em vários lugares, sendo que um deles é do interesse pessoal de um dirigente partidário, o risco é que o partido esteja pagando para alguém trabalhar também no escritório particular”_. Ele acrescentou que, embora não haja ilegalidade inerente, _”é um problema que tem ocorrido com deputados. [...] Para saber, é necessário ver se as remunerações oferecidas para cada trabalho [...] são adequadas para o mercado”_. Sundfeld recomendou maior independência para evitar manipulações: _”Um princípio básico de governança é procurar pessoas com o máximo de independência, para garantir que trabalhem com liberdade”_.
O cenário para Rueda se complica com outras controvérsias. Uma reportagem conjunta do Instituto Conhecimento Liberta (ICL) e do UOL, publicada recentemente, revelou depoimentos do piloto Mauro Caputti Mattosinho à Polícia Federal, apontando Rueda como o real proprietário de pelo menos quatro aeronaves operadas por uma empresa ligada a Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco, e Mohamad Hussein Mourad, o Primo – investigados por lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em resposta, o União Brasil antecipou a saída de seus aliados do governo Lula (PT), originalmente prevista para o fim de setembro de 2025, atribuindo influência do Palácio do Planalto à matéria – um de seus autores apresenta programa na TV Brasil.
Atualmente, Rueda lidera a federação União Progressista, ao lado do senador Ciro Nogueira (PP-PI), reunindo 109 deputados e 15 senadores, fortalecendo o bloco de centro-direita no Congresso. Tentativas de contato direto com Edjackson foram infrutíferas: o escritório Rueda & Rueda em Recife informou que ele agora atua na unidade de Brasília, onde comparece presencialmente às sextas-feiras; a sede nacional do partido orientou que qualquer abordagem passe por e-mail prévio.
Buscas em redes sociais e veículos de imprensa revelam debates acalorados sobre o tema. No X (antigo Twitter), postagens recentes criticam a “falta de transparência” no União Brasil, com usuários ligando o caso a disputas internas. Jornais como Folha de S.Paulo e UOL ampliaram a cobertura, destacando a necessidade de auditorias mais rigorosas pela Justiça Eleitoral. Blogs políticos, como o do Painel Político, registram comentários de filiados preocupados com a imagem da sigla às vésperas de eleições municipais em 2026.
Esse episódio reforça a importância da accountability em partidos que gerenciam verbas públicas substanciais. O União Brasil, com sua influência no centrão, enfrenta um momento de escrutínio que pode impactar alianças futuras.
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