Turismo brasileiro alcança recorde histórico com R$ 55,4 bilhões no primeiro trimestre de 2025
Setor cresce 5,8% impulsionado pelo carnaval, hospedagem e transporte aéreo, consolidando sua força na economia nacional
O turismo brasileiro vive um momento de destaque em 2025, com um faturamento recorde de R$ 55,4 bilhões no primeiro trimestre, superando o melhor resultado da série histórica, registrado em 2014, quando o setor movimentou R$ 52,5 bilhões (valores corrigidos pela inflação).
De acordo com a pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor registrou uma alta acumulada de 5,8% no ano. Em março, o faturamento atingiu R$ 18 bilhões, um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2024, marcando o melhor resultado para o mês desde 2012.
O desempenho é atribuído, em grande parte, ao carnaval, que movimentou destinos em todo o país, mas também reflete a resiliência do setor frente a desafios como a inflação e o aumento das taxas de juros. “O turismo não é um consumo contínuo, mas planejado. O aumento do emprego formal no Brasil tem permitido que mais pessoas invistam em suas tão sonhadas férias”, explica Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP. Mesmo com o encarecimento de passagens aéreas e hospedagem, os brasileiros têm buscado alternativas acessíveis, como destinos regionais e opções de transporte mais econômicas, sustentando o crescimento do setor.
A força do carnaval e o impacto nos segmentos
O carnaval de 2025 foi um dos principais motores do crescimento, especialmente em estados como Bahia, Rio de Janeiro e Ceará, que registraram altas expressivas. A folia impulsionou o setor de hospedagem, que alcançou um faturamento de R$ 2,51 bilhões em março, com crescimento de 20,2% em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado do trimestre, a alta foi de 10%, embora influenciada por um aumento de quase 16% na tarifa média hoteleira, conforme dados do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). A taxa de ocupação, por sua vez, cresceu apenas 1,1%, indicando que o aumento de preços foi um fator determinante para o resultado.
O transporte aéreo também se destacou, com faturamento de R$ 4,3 bilhões em março, um crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior. No trimestre, a alta acumulada foi de 8,5%, impulsionada por recordes no número de passageiros transportados e na métrica de passageiros por quilômetro, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Curiosamente, a tarifa média real caiu de R$ 673 para R$ 576, sugerindo maior acessibilidade, apesar da inflação de 6,21% nas passagens aéreas, segundo o IBGE. Esse cenário reflete uma demanda robusta, especialmente no segmento corporativo, que ganha força com eventos, feiras e congressos.
O transporte aquaviário, embora menos representativo, cresceu 11,5% em março, beneficiado por traslados como ferry-boats, que também podem ter sido impulsionados pelo carnaval. Já o segmento de alimentação faturou R$ 2,76 bilhões, com alta de 6,2%, impactado pela elevação dos preços dos insumos, que encareceram os cardápios de bares e restaurantes. Outros setores, como locação de meios de transporte (5,7%), agências de viagens e operadoras turísticas (2,9%) e atividades culturais, recreativas e esportivas (1,3%), também registraram crescimento. A única queda foi no transporte rodoviário de passageiros, com recuo de 1,5%, reflexo de uma base de comparação elevada e da preferência por outras modalidades de transporte.
Desempenho regional: Bahia na liderança
Na análise por estados, a Bahia liderou o crescimento em março, com alta de 20,4% no faturamento do turismo, impulsionada pelo carnaval e pela procura por destinos litorâneos. O Rio de Janeiro (16,8%) e o Ceará (13,9%) também se beneficiaram do período festivo, enquanto Rio Grande do Norte (13,2%), Santa Catarina (12,1%) e Mato Grosso do Sul (11,7%) registraram desempenhos positivos. São Paulo, que responde por cerca de 35% do faturamento nacional, alcançou R$ 4,5 bilhões, com alta de 4,8%. Por outro lado, Mato Grosso (-9,7%), Roraima (-7,1%) e Rio Grande do Sul (-6,3%) apresentaram quedas, com o último impactado por desafios econômicos regionais, como as enchentes de 2024
Perspectivas otimistas para 2025
O turismo brasileiro tem se consolidado como um dos pilares da economia, com projeções otimistas para o restante do ano. Segundo o ministro do Turismo, Celso Sabino, “o setor segue como um dos grandes motores da economia nacional, gerando emprego e renda para milhões de brasileiros”. A expectativa é que o crescimento continue, impulsionado pela queda na taxa de desemprego, maior estabilidade financeira das famílias e investimentos em infraestrutura, como a expansão da malha aérea. O Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027, lançado em agosto de 2024, estabelece metas ambiciosas, como aumentar o número de viajantes nacionais de 93 milhões para 150 milhões e atrair 8,1 milhões de turistas internacionais, gerando US$ 8,1 bilhões em receitas.
Além disso, a chegada de turistas estrangeiros, especialmente argentinos, tem impulsionado estados do Sul, como Santa Catarina, que registrou aumento de 71% no número de visitantes internacionais em janeiro de 2025 (198.720 contra 116.209 no ano anterior). A desvalorização do real frente ao peso argentino tem favorecido essa tendência, que deve continuar beneficiando a região.
Desafios e inflação
Apesar do cenário positivo, o setor enfrenta desafios. A inflação, embora mais moderada em 2025, ainda pressiona os custos, especialmente em passagens aéreas e hospedagem. Segundo a FecomercioSP, a inflação no setor acumula 7,29% nos últimos 12 meses, acima da média nacional do IPCA. No entanto, quedas pontuais, como a redução de 11,49% nos preços das passagens aéreas em agosto de 2024, indicam tentativas de equilíbrio entre demanda e preços. O aumento dos juros também pode impactar o planejamento de viagens, mas a força do mercado de trabalho e a retomada do turismo corporativo devem sustentar o crescimento.
Metodologia e confiabilidade dos dados
O levantamento da FecomercioSP utiliza dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) e da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, corrigidos pelo IPCA. A análise abrange atividades totalmente ou parcialmente ligadas ao turismo, com estimativas regionais baseadas em proporcionalidade nacional para calcular a receita operacional líquida. O setor aéreo não é incluído nos dados estaduais devido à falta de clareza metodológica do IBGE, mas está presente no total nacional. Essa abordagem garante uma visão abrangente do desempenho do turismo, com foco em tendências mensais e regionais.
O turismo brasileiro, portanto, segue em trajetória ascendente, consolidando sua relevância econômica e social. Com o apoio de políticas públicas, como o PNT, e a resiliência dos consumidores, o setor deve continuar batendo recordes, mesmo diante de desafios econômicos.
Palavras-chave: turismo brasileiro, faturamento recorde, carnaval 2025, hospedagem, transporte aéreo, FecomercioSP, IBGE, inflação, empregos, destinos regionais
Hashtags: #TurismoBrasil #Economia #Carnaval2025 #Viagens #Hospedagem #TransporteAéreo #FecomercioSP #IBGE #PainelPolitico