Trump x Pix: A revolta contra o sistema brasileiro de pagamentos e seu impacto global
Como o Pix, sucesso brasileiro, virou alvo de Donald Trump, afeta empresas americanas de cartões de crédito e redefine o futuro dos pagamentos
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, consolidou-se como uma revolução financeira no país, mas também despertou a atenção – e a irritação – do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump. Em julho de 2025, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) anunciou uma investigação contra o Brasil por supostas “práticas comerciais desleais”, apontando o Pix como uma ameaça à competitividade de empresas americanas, especialmente as gigantes de cartões de crédito como Visa, Mastercard e big techs como a Meta. Este embate revela tensões geopolíticas, interesses econômicos bilionários e o potencial do Pix para transformar o cenário global de pagamentos. Abaixo, exploramos a controvérsia, seus impactos e o futuro do sistema brasileiro.
A Revolta de Trump contra o Pix
No dia 15 de julho de 2025, o USTR, sob orientação de Trump, abriu uma investigação com base na Seção 301 do Ato Comercial de 1974, acusando o Brasil de adotar políticas que prejudicam empresas americanas nos setores de comércio digital e pagamentos eletrônicos. Embora o Pix não seja mencionado nominalmente, o documento cita “serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo” como prática desleal, uma clara referência ao sistema brasileiro. A investigação acompanha a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, justificadas por Trump como retaliação a decisões judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e supostas práticas comerciais protecionistas do Brasil.
Especialistas apontam que o incômodo de Trump vai além da retórica política. O Pix, por sua eficiência, gratuidade para pessoas físicas e baixas taxas para empresas, desafia o domínio de empresas americanas como Visa, Mastercard e Amex. Além disso, a suspensão do WhatsApp Pay em 2020 pelo Banco Central, sob alegações de riscos à concorrência e à estabilidade do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), gerou tensões com a Meta, aliada de Trump. Para analistas, a investigação reflete interesses econômicos e uma tentativa de frear a influência global do Pix, especialmente com sua expansão internacional.
O economista Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia, elogiou o Pix como “o futuro do dinheiro”, criticando a resistência dos EUA a sistemas públicos de pagamento. Segundo ele, a indústria financeira americana teme perder espaço para inovações estatais como o Pix, que reduzem custos e promovem inclusão financeira.
Impacto do Pix nas empresas americanas de cartões de crédito
O Pix transformou o mercado de pagamentos no Brasil, reduzindo a dependência de métodos tradicionais como cartões de crédito e débito. Em 2024, o sistema movimentou R$ 26,4 trilhões em 63,5 bilhões de transações, representando 47% dos pagamentos eletrônicos no último trimestre do ano, com um crescimento de 52% em relação a 2023. Enquanto isso, os cartões de crédito cresceram 11%, os pré-pagos 19,2% e os de débito apenas 2,5%.
A adoção massiva do Pix, utilizado por 76,4% da população brasileira (superando cartões de débito e dinheiro em espécie), impacta diretamente as receitas das operadoras de cartões. As taxas do Pix para empresas são significativamente mais baixas – cerca de 0,33% por transação, contra 1,23% a 2% para cartões de débito e 3% a 5% para cartões de crédito. Estima-se que, se cada transação via Pix gerasse R$ 1 em receita para emissores de cartões, o setor teria perdido R$ 63,5 bilhões apenas em 2024.
Além disso, novas funcionalidades como o Pix Parcelado, previsto para setembro de 2025, e o Pix Automático, lançado em junho de 2025, intensificam a concorrência. O Pix Parcelado permitirá parcelamento de compras sem cartão, enquanto o Pix Automático facilita pagamentos recorrentes, como contas de luz e mensalidades, áreas dominadas pelas bandeiras de cartões. Segundo a fintech EBANX, o Pix Automático deve movimentar US$ 30 bilhões no comércio digital brasileiro até 2027, representando 12% do volume financeiro do Pix.
Empresas como Visa e Mastercard enfrentam um cenário onde o Pix não apenas substitui transações de débito, mas também ameaça o mercado de crédito, especialmente com a possibilidade de juros mais baixos no Pix Parcelado. A Meta, por sua vez, viu seu WhatsApp Pay perder espaço, já que o Pix se consolidou antes que o serviço pudesse decolar no Brasil.
O futuro do sistema de pagamentos brasileiro
O Pix é visto como um modelo global de inovação, com países como Argentina, Portugal e os próprios EUA adotando-o em escala limitada. A expansão do Pix Internacional, que permite pagamentos em reais no exterior com conversão cambial em tempo real, é um marco. Em 2025, parcerias entre a fintech PagBrasil e a americana Verifone possibilitaram que varejistas nos EUA aceitem Pix em maquininhas, com taxas de 2% – menores que as de cartões de crédito (2% a 3% mais encargos fixos). Essa expansão, voltada para os 1,9 milhão de turistas brasileiros que gastam US$ 4,1 bilhões anualmente nos EUA, reforça o potencial global do sistema.
O Banco Central planeja novas funcionalidades, como o Pix Garantido e melhorias na segurança contra fraudes, como o Mecanismo Especial de Devolução (MED). A integração com sistemas de outros países, especialmente no âmbito dos BRICS, pode reduzir a dependência do dólar em transações internacionais, o que preocupa os EUA. Especialistas, como Ralf Germer da PagBrasil, defendem que o Pix é uma inovação irreversível, impulsionada pela digitalização e pela demanda por soluções baratas e rápidas.
Apesar das críticas de Trump, o Pix é amplamente defendido no Brasil. O governo brasileiro, liderado por Lula, rejeita as acusações de práticas desleais, destacando o superávit comercial dos EUA com o Brasil (US$ 400 bilhões nos últimos 15 anos). Analistas como Carla Beni, da FGV, afirmam que nenhum governo estrangeiro pode interferir na soberania do Pix, e a investigação americana é vista como pressão política, não como ameaça real ao sistema.
Linha do Tempo do Pix
Maio de 2018: Banco Central inicia estudos para um sistema de pagamentos instantâneos.
21 de dezembro de 2018: Anúncio oficial da criação do Pix.
Junho de 2020: Meta anuncia WhatsApp Pay no Brasil, mas o Banco Central suspende o serviço para avaliação de riscos.
Outubro de 2020: Início do cadastramento de chaves Pix para pessoas físicas e empresas.
16 de novembro de 2020: Lançamento oficial do Pix, com transferências instantâneas e gratuitas para pessoas físicas.
2023: Banco Central autoriza WhatsApp Pay com integração ao Pix, mas o serviço não ganha tração.
Outubro de 2023: Lançamento do Pix Agendado Recorrente para pagamentos fixos.
Fevereiro de 2024: Início do Pix por Aproximação, permitindo pagamentos via celular em maquininhas.
Junho de 2024: Lançamento do Pix Automático para contas recorrentes, como mensalidades e serviços.
Julho de 2024: Pix Internacional ganha força com parcerias em países como Argentina, Portugal e EUA.
15 de julho de 2025: USTR anuncia investigação contra o Pix por supostas práticas desleais.
Setembro de 2025: Previsão para o lançamento do Pix Parcelado, concorrendo diretamente com cartões de crédito.
Vantagens e números positivos do Pix
O Pix revolucionou o mercado financeiro brasileiro, oferecendo benefícios que o tornam um modelo global:
Gratuidade e Baixo Custo: Gratuito para pessoas físicas e MEIs, com taxas médias de 0,33% para empresas, contra até 5% dos cartões de crédito.
Velocidade: Transações concluídas em segundos, 24/7, eliminando a espera de boletos ou TEDs.
Inclusão Financeira: Contribuiu para bancarizar 60 milhões de brasileiros na última década, especialmente classes C e D.
Popularidade: Usado por 76,4% da população (159,9 milhões de pessoas físicas) e 93% dos adultos.
Volume Financeiro: Movimentou R$ 26,4 trilhões em 2024, com crescimento de 54,6% em relação a 2023.
Segurança: Apesar de desafios com fraudes, o sistema é considerado seguro, com melhorias contínuas como o MED.
Versatilidade: Novas funcionalidades como Pix Automático, Parcelado e por Aproximação ampliam seu uso no comércio físico e digital.
Impacto Global: Aceito em países como EUA, Argentina e Portugal, com potencial para integração nos BRICS.
O Pix é mais do que um sistema de pagamentos: é um símbolo de inovação brasileira que desafia gigantes financeiros globais. A revolta de Trump reflete o temor de que o modelo brasileiro inspire outros países, reduzindo a hegemonia de empresas americanas e até do dólar.
Apesar das pressões, especialistas são unânimes: o Pix é uma conquista irreversível, com potencial para liderar a transformação dos pagamentos globais. O Brasil, por sua vez, deve negociar com cautela, mas sem abrir mão de sua soberania financeira.
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