Trump e Epstein: A conexão que abala o MAGA e divide os EUA
Revelações recentes sobre a amizade de décadas entre Donald Trump e Jeffrey Epstein reacendem polêmicas, levantam suspeitas e geram crise política nos Estados Unidos
Nos últimos meses, a relação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o falecido financista e criminoso sexual Jeffrey Epstein voltou a ocupar o centro do debate político e midiático, reacendendo conspirações, divisões no movimento MAGA e questionamentos sobre a transparência do governo americano.
Com novas reportagens da imprensa americana e brasileira, o caso Epstein ganhou contornos ainda mais explosivos, especialmente após a decisão da administração Trump de reter documentos prometidos e a divulgação de uma suposta carta sugestiva assinada por Trump.
A amizade de décadas e a promessa não cumprida
Por cerca de 15 anos, Donald Trump e Jeffrey Epstein foram próximos, frequentando eventos sociais em Palm Beach e Nova York, incluindo festas no clube Mar-a-Lago, propriedade de Trump. A relação, que começou no final dos anos 1980, foi marcada por interações públicas, fotos e voos no avião privado de Epstein, conhecido como "Lolita Express".
Em 2002, Trump descreveu Epstein como um “cara fantástico” e destacou seu gosto por mulheres “mais jovens” em entrevista à New York Magazine. No entanto, após a condenação de Epstein por crimes sexuais em 2008, Trump passou a minimizar a amizade, afirmando que “não era fã” e que havia cortado contato anos antes.
Durante a campanha presidencial de 2024, Trump prometeu repetidamente divulgar os chamados “arquivos Epstein”, que supostamente conteriam uma “lista de clientes” de Epstein, alimentando expectativas de seus apoiadores, especialmente dentro do movimento MAGA, que via na liberação desses documentos a chance de expor uma suposta elite corrupta ligada ao “deep state”.
No entanto, em julho de 2025, o Departamento de Justiça (DOJ) e o FBI, sob liderança de indicados por Trump, anunciaram que não havia “lista de clientes” e que não haveria mais divulgações, confirmando que Epstein morreu por suicídio em 2019. A decisão gerou revolta entre os apoiadores de Trump, que acusaram o governo de encobrir informações, e abriu uma crise interna no movimento MAGA, com figuras como Tucker Carlson, Laura Loomer e Steve Bannon criticando a administração.
A suposta carta e a reação de Trump
Um dos pontos mais explosivos das recentes revelações veio de uma reportagem do The Wall Street Journal em julho de 2025, que alegou a existência de uma carta “sugestiva” assinada por Trump, incluída em um álbum de aniversário de Epstein em 2003. A carta, que conteria um desenho de seios e uma mensagem de tom sexual, foi descrita como “falsa, maliciosa e difamatória” por Trump, que anunciou uma ação judicial contra o jornal e seu proprietário, Rupert Murdoch.
A autenticidade da carta não foi verificada independentemente, mas sua divulgação intensificou as especulações sobre a proximidade entre os dois homens. Em resposta à pressão, Trump ordenou que a procuradora-geral Pam Bondi solicitasse a um tribunal de Nova York a liberação de testemunhos do grande júri relacionados ao caso Epstein, em um esforço para demonstrar transparência. Contudo, o processo pode levar tempo, e a desconfiança persiste, alimentada por anos de teorias conspiratórias, incluindo as promovidas por aliados de Trump como Kash Patel e Dan Bongino, que agora ocupam cargos no FBI.
Acusações e suspeitas envolvendo Trump
Embora Trump não tenha sido formalmente acusado de qualquer crime relacionado a Epstein, várias alegações e suspeitas surgiram ao longo dos anos, muitas delas baseadas em testemunhos de vítimas e ex-funcionárias de Epstein:
Relato de Maria Farmer (1996 e 2006): Maria Farmer, uma das primeiras a denunciar Epstein e Ghislaine Maxwell por abusos sexuais, afirmou ao FBI em 1996 e 2006 que Trump era próximo de Epstein e deveria ser investigado. Ela relatou um encontro perturbador com Trump em 1995 nos escritórios de Epstein, onde ele teria tocado seus seios, cintura e nádegas, em um comportamento que ela descreveu como um “jogo distorcido” entre os dois homens. A Casa Branca contestou o relato, e nenhuma acusação formal foi feita contra Trump.
Testemunho de “Jane” (2021): Durante o julgamento de Ghislaine Maxwell em 2021, uma mulher identificada pelo pseudônimo Jane afirmou que Epstein a levou para conhecer Trump no Mar-a-Lago quando ela tinha 14 anos, na década de 1990. Ela não alegou comportamento impróprio por parte de Trump, mas a menção reforça a conexão entre os dois.
Virginia Giuffre e o Mar-a-Lago: Virginia Giuffre, vítima de Epstein, afirmou que foi recrutada por Maxwell aos 16 anos enquanto trabalhava no Mar-a-Lago. Embora ela não tenha acusado Trump diretamente, o clube foi apontado como um ponto de recrutamento para as atividades de Epstein.
Voos no “Lolita Express”: Registros de voo mostram que Trump voou pelo menos sete vezes no avião privado de Epstein na década de 1990, acompanhado por sua então esposa Marla Maples e sua filha Tiffany. Não há registros de Trump ter visitado a ilha particular de Epstein, Little St. James, mas os voos alimentam especulações.
Alegações de Barbara Williams (2024): Barbara Williams, outra vítima, afirmou que Trump e Epstein a trataram de forma inadequada em um evento, sugerindo uma relação próxima entre eles. A campanha de Trump negou as acusações, chamando-as de “falsas”.
Essas acusações, embora não corroboradas judicialmente, geram desconfiança devido à longa amizade entre Trump e Epstein e à falta de transparência nos arquivos do caso. A decisão de Trump de reter documentos, após promessas de divulgação, intensificou as suspeitas, mesmo sem evidências concretas de envolvimento criminoso.
A controvérsia sobre a morte de Epstein
A morte de Jeffrey Epstein em agosto de 2019, oficialmente registrada como suicídio por enforcamento em uma cela em Manhattan, permanece no centro de teorias conspiratórias. Apesar de investigações do DOJ e do FBI confirmarem o suicídio, a falta de detalhes e as circunstâncias do caso — como falhas na vigilância da prisão — alimentam desconfianças. Muitos, incluindo apoiadores de Trump, acreditam que Epstein foi assassinado para proteger figuras poderosas, uma narrativa reforçada por anos de comentários do próprio Trump, que em 2019 pediu uma “investigação completa” e sugeriu ligações de Bill Clinton com a ilha de Epstein.
A recente decisão do DOJ de não divulgar mais documentos, combinada com a confirmação do suicídio, gerou reações negativas entre os apoiadores de Trump, que esperavam revelações bombásticas. Influenciadores como Alex Jones e Michael Flynn acusaram a administração de acobertamento, enquanto uma pesquisa Reuters/Ipsos de julho de 2025 revelou que 60% dos americanos, incluindo 55% dos republicanos, acreditam que o governo esconde informações sobre a morte de Epstein.
Impacto político e o futuro
O caso Epstein tornou-se um divisor de águas para Trump, que enfrenta uma rara rebelião dentro de sua base. Figuras proeminentes do MAGA, como Steve Bannon, preveem perdas eleitorais significativas nas eleições de meio de mandato de 2026, estimando uma redução de até 40 cadeiras republicanas na Câmara devido à desilusão dos eleitores.
A controvérsia também expôs tensões internas na administração, com relatos de conflitos entre Pam Bondi, Kash Patel e Dan Bongino, que já sugeriram apoio a teorias conspiratórias no passado. Enquanto Trump tenta mudar o foco para suas conquistas legislativas, como a aprovação do “One Big Beautiful Bill”, o caso Epstein continua a dominar as manchetes e as conversas online. No Brasil, a imprensa, como a Folha de S.Paulo, destacou a ordem de Trump para divulgar testemunhos do grande júri, mas também a suposta carta controversa, ampliando o alcance global da polêmica.
Linha do tempo da relação Trump-Epstein
Final dos anos 1980: Trump e Epstein iniciam sua amizade em Palm Beach, frequentando eventos sociais juntos.
1992: Trump e Epstein são filmados em uma festa no Mar-a-Lago, interagindo com jovens mulheres, incluindo líderes de torcida da NFL.
1995-1996: Maria Farmer relata um encontro perturbador com Trump nos escritórios de Epstein e alerta o FBI sobre a proximidade dos dois.
Década de 1990: Trump voa pelo menos sete vezes no avião privado de Epstein, acompanhado por familiares.
2000: Trump, Melania Knauss, Epstein e Ghislaine Maxwell posam juntos no Mar-a-Lago.
2002: Trump elogia Epstein em entrevista, chamando-o de “cara fantástico”.
2003: Suposta carta de Trump com desenho sugestivo é enviada a Epstein para seu 50º aniversário, segundo o Wall Street Journal.
2008: Após a condenação de Epstein por crimes sexuais, Trump alega ter cortado contato e o bane do Mar-a-Lago.
2019: Epstein é preso por tráfico sexual de menores e morre por suicídio em agosto. Trump pede uma “investigação completa” e sugere ligações de Bill Clinton com o caso.
2021: Durante o julgamento de Ghislaine Maxwell, a vítima “Jane” menciona ter conhecido Trump no Mar-a-Lago aos 14 anos.
2024: Trump promete liberar os “arquivos Epstein” durante a campanha presidencial.
Fevereiro de 2025: Pam Bondi entrega arquivos parcialmente redigidos a influenciadores conservadores, gerando críticas por falta de novidades.
Julho de 2025: DOJ e FBI anunciam que não há “lista de clientes” e confirmam o suicídio de Epstein, desencadeando revolta no MAGA.
Julho de 2025: Wall Street Journal revela a suposta carta de Trump, que nega autenticidade e anuncia processo. Trump ordena liberação de testemunhos do grande júri.
O caso Trump-Epstein é mais do que uma polêmica sobre uma amizade passada; é um reflexo das tensões políticas e culturais que dividem os Estados Unidos. A promessa não cumprida de transparência, combinada com acusações não comprovadas e a persistência de teorias conspiratórias, mantém o caso vivo, desafiando a credibilidade de Trump e testando a lealdade de sua base.
Enquanto a imprensa americana e brasileira continua a explorar os desdobramentos, a saga Epstein permanece como um lembrete do poder das conexões entre elites e da desconfiança pública nas instituições.
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Fontes:
The New York Times
The Washington Post
The Guardian
Folha de S.Paulo
Al Jazeera
PBS News
NPR
ABC News
BBC News
NBC News
The New Yorker
TIME
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