Trump acusa Canadá de 'não controlar o tráfico de fentanil' e anuncia tarifa de 35% ao país vizinho
Tarifas e medidas de segurança na fronteira geram tensões diplomáticas e respostas do governo canadense
A relação entre os Estados Unidos e o Canadá, historicamente marcada por cooperação, enfrenta um novo capítulo de tensões devido à crise do fentanil, uma droga sintética que tem causado milhares de mortes por overdose nos EUA.
Em carta endereçada ao Canadá, o governo estadunidense, liderado pelo presidente Donald Trump, acusou o país vizinho de “falhar” em impedir o fluxo de fentanil através de sua fronteira, intensificando a retórica e ameaçando medidas econômicas, como a imposição de tarifas.
A questão reflete não apenas preocupações com a segurança pública, mas também estratégias políticas e comerciais que podem impactar as relações bilaterais.
Contexto da crise do fentanil
O fentanil, um opioide sintético até 100 vezes mais potente que a morfina, é apontado como um dos principais responsáveis pela epidemia de overdoses nos Estados Unidos, com mais de 70 mil mortes registradas em 2023, segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Grande parte do fentanil consumido nos EUA é produzido em laboratórios clandestinos, muitas vezes na China, e traficado através de rotas que incluem o México e, em menor escala, o Canadá.
Apesar de o México ser o principal ponto de entrada, o governo Trump tem voltado sua atenção para a fronteira norte, alegando que o Canadá não tem feito o suficiente para conter o problema. Em um pronunciamento em sua rede social, Truth Social, em março de 2025, Trump afirmou: “Justin Trudeau, do Canadá, me ligou para perguntar o que poderia ser feito sobre as tarifas. Eu disse a ele que muitas pessoas morreram por causa do fentanil que passou pelas fronteiras do Canadá e do México, e nada me convence de que isso parou.”
A declaração reflete a postura dura do presidente, que já havia anunciado, em fevereiro, a imposição de tarifas contra os dois países vizinhos como forma de pressão para que intensifiquem o combate ao tráfico.
Resposta canadense e medidas de segurança
A pressão dos EUA parece ter surtido efeito, pelo menos em parte. Em resposta às acusações e à ameaça de tarifas, o governo canadense anunciou, em 3 de fevereiro de 2025, um investimento de US$ 1,3 bilhão em segurança na fronteira com os Estados Unidos. O plano inclui o envio de cerca de 10 mil agentes para reforçar o controle e a criação de um cargo inédito, apelidado de “Czar do Fentanil”, com o objetivo de coordenar esforços contra os cartéis de drogas.
O primeiro-ministro Justin Trudeau, em troca, conseguiu uma pausa de 30 dias nas tarifas propostas por Trump, conforme noticiado em postagens na plataforma X. Essa trégua temporária foi vista como uma tentativa de evitar uma escalada econômica, já que o Canadá é um dos principais parceiros comerciais dos EUA, com um comércio bilateral que movimenta mais de US$ 900 bilhões anuais, segundo dados do governo canadense.
Tarifas e retaliação
Apesar da pausa inicial, a questão das tarifas voltou à tona em agora. Trump anunciou que, a partir de 1º de agosto, os EUA imporão uma tarifa de 35% sobre todos os bens provenientes do Canadá, com a possibilidade de aumento em caso de retaliações. A medida, justificada como resposta ao “comércio desleal” e ao fluxo de fentanil, gerou preocupações sobre seus impactos econômicos.
Analistas apontam que as tarifas podem encarecer produtos essenciais, como madeira, petróleo e automóveis, afetando consumidores e indústrias em ambos os lados da fronteira. O governo canadense, por sua vez, não descartou retaliar com medidas próprias, o que poderia intensificar o conflito comercial. Em um artigo publicado pelo jornal The Globe and Mail, especialistas alertaram que uma guerra tarifária poderia prejudicar a economia integrada da América do Norte, especialmente em setores como o automotivo, que depende de cadeias de suprimento transfronteiriças.
Impactos e perspectivas
A crise do fentanil vai além de uma questão de saúde pública, envolvendo geopolítica, comércio e segurança. Nos EUA, a retórica de Trump tem ecoado entre seus apoiadores, que veem as tarifas como uma medida necessária para proteger o país. No entanto, críticos argumentam que a estratégia pode alienar aliados importantes, como o Canadá, e que o foco deveria estar em soluções multilaterais, como a cooperação com a China para interromper a produção de precursores químicos do fentanil.
No Canadá, Trudeau enfrenta pressões internas para responder às acusações sem ceder completamente às demandas dos EUA. A criação do “Czar do Fentanil” e o investimento bilionário na fronteira são vistos como tentativas de mostrar comprometimento, mas analistas questionam se essas medidas serão suficientes para atender às expectativas de Washington.
Enquanto isso, a população em ambos os países acompanha com preocupação os desdobramentos. Nos EUA, famílias afetadas pela epidemia de overdoses cobram ações eficazes, enquanto no Canadá, trabalhadores temem os impactos das tarifas em seus empregos. A resolução dessa crise exigirá diálogo e coordenação, mas a retórica de confronto adotada por Trump sugere que a tensão está longe de acabar.
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