Tensão no STF: Gilmar Mendes e Luiz Fux protagonizam embate verbal em intervalo de sessão
Em um diálogo marcado por ironias e críticas mútuas, ministros expõem divergências sobre casos como o de Sergio Moro e o julgamento de Bolsonaro, reacendendo debates sobre a dinâmica interna da Corte
No coração do Supremo Tribunal Federal (STF), onde decisões moldam o destino da política e da justiça brasileira, um momento de tensão entre dois de seus membros mais proeminentes veio à tona nesta semana. Durante o intervalo de uma sessão da Primeira Turma, na quarta-feira (15), os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux envolveram-se em uma troca de palavras acalorada, conforme relatos obtidos pela coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
O episódio, que ocorreu em uma sala próxima ao plenário, destaca as fraturas internas na Corte em meio a julgamentos de alto impacto. O estopim da discussão foi a decisão de Luiz Fux de pedir vista – ou seja, suspender o julgamento para análise mais aprofundada – de um recurso apresentado pelo senador Sergio Moro (União Brasil-PR). O processo refere-se a uma ação em que Moro busca reverter uma condenação por calúnia contra Gilmar Mendes, decorrente de declarações feitas em uma festa junina em 2021, quando o ex-juiz chamou o ministro de “canalha”. O placar da Primeira Turma já era de 4 a 0 contra Moro, mas a intervenção de Fux paralisou o trâmite, gerando questionamentos de Gilmar Mendes.
De acordo com os relatos, Gilmar Mendes abordou Luiz Fux de forma irônica, afirmando: “Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato”. A referência à Operação Lava Jato, que catapultou a carreira de Moro e influenciou a agenda judicial do STF, sublinha as persistentes divisões sobre o legado da investigação.
Em seguida, Mendes instigou o colega a “enterrar” o assunto relacionado a José Nicolao Salvador, um ex-funcionário do gabinete de Fux mencionado em uma proposta de delação premiada na década de 2010 e demitido pelo ministro em 2016. Essa menção reacendeu velhas polêmicas sobre integridade e lealdades no Judiciário.
A réplica de Luiz Fux não se fez esperar. O ministro defendeu sua decisão de pedir vista, argumentando que precisava examinar o caso com mais cuidado, e expressou contrariedade com Gilmar Mendes por supostas críticas públicas em diversas ocasiões. Mendes, por sua vez, assumiu as críticas abertamente, declarando que Fux era uma “figura lamentável” e que preferia falar mal dele “publicamente, e não pelas costas”. Como exemplo, o ministro citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no qual Fux, como relator, teria imposto aos colegas da Primeira Turma um voto extenso de 12 horas, resultando na absolvição de Bolsonaro e na condenação do tenente-coronel Mauro Cid por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Segundo Mendes, essa posição deixou “todo mundo” insatisfeito, por priorizar uma narrativa que ele via como desequilibrada.
Luiz Fux rebateu, justificando seu voto como necessário diante do que considerava um “massacre sofrido pelos réus da trama golpista”, referindo-se aos eventos de 8 de janeiro de 2023. A intensidade do diálogo foi tal que outros ministros, ao entrarem na sala, optaram por sair rapidamente, evitando se envolver na atmosfera carregada.
O caso de Sergio Moro contra Gilmar Mendes remonta a 2021 e ganhou contornos políticos, com Moro alegando que suas palavras foram uma “piada” em contexto festivo. Já o julgamento de Bolsonaro, concluído em agosto deste ano, absolveu o ex-presidente das acusações de tentativa de golpe, mas condenou assessores próximos, como Cid, em uma decisão que dividiu opiniões e foi criticada por setores progressistas por suposta leniência.
Nas redes sociais, o episódio repercutiu rapidamente. No X (antigo Twitter), postagens como a do perfil @fenam924 destacaram o embate, chamando atenção para as críticas de Mendes ao voto de Fux no caso Bolsonaro e ao recurso de Moro, com links para análises em veículos como Brasil 247.
Blogs e jornais, incluindo Estadão e O Globo, cobriram o pedido de vista de Fux como um movimento estratégico, mas sem menções diretas ao diálogo até o momento. Questionados sobre o entrevero, tanto Gilmar Mendes quanto Luiz Fux não se manifestaram publicamente até a publicação desta matéria.
Esse incidente ilustra as tensões latentes no STF, uma instituição que, apesar de sua relevância constitucional, enfrenta escrutínio constante por sua composição e decisões. Com a Primeira Turma composta por Mendes, Fux, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia, casos como esses podem influenciar o equilíbrio de forças na Corte, especialmente em temas sensíveis como a Lava Jato e os desdobramentos do 8 de janeiro.
Repercussões e reflexões institucionais
O entrevero entre Gilmar Mendes e Luiz Fux reacende debates importantes sobre o comportamento interno da Corte e o equilíbrio entre convívio institucional e liberdade de expressão individual. Alguns pontos merecem atenção:
Prestígio e legitimidade: as trocas ríspidas entre ministros mais visíveis do STF podem afetar a percepção pública sobre a harmonia institucional da corte, sobretudo em casos politicamente sensíveis.
Conflito pessoal versus argumento jurídico: quando ataques pessoais adentram o espaço de julgamento, há risco de desviar a discussão do mérito técnico para o plano pessoal e psicologizante.
O papel do voto de vista: ao pedir vista, Fux exerce prerrogativa prevista no regimento do STF. Isso garante tempo para reflexão, mas pode gerar interpretações políticas sobre o uso estratégico dessa prerrogativa em casos de alta tensão.
Riscos políticos para os envolvidos: Moro, já em processo complexo, enfrenta a expectativa de que a decisão final do STF influencie seu futuro político. Os ministros, por sua vez, são expostos à crítica tanto de apoiadores quanto de adversários.
O que seguir daqui para frente
Fux deverá retornar o processo ao plenário após sua análise, sem prazo fixo além dos 90 dias.
O discurso público dos ministros sobre o episódio pode revelar o grau de acomodação ou exacerbação do conflito institucional.
A conduta dos demais ministros, sua discrição ou eventual posicionamento, também será observada atentamente pelos meios de comunicação e por operadores do direito.
O julgamento final desse recurso poderá consolidar ou ampliar divisões internas no STF, além de repercutir no cenário político mais amplo.
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