Tensão diplomática: Argentina constrói barreira na fronteira com Bolívia e gera crise regional
Medida faz parte do Plano Güemes de combate ao narcotráfico, mas autoridades bolivianas denunciam violação de tratados internacionais
Em meio a crescentes tensões diplomáticas, a construção de uma barreira de 200 metros na fronteira entre Argentina e Bolívia provocou uma forte reação do governo boliviano, que considera a medida uma violação dos tratados internacionais. O projeto, anunciado pela ministra de Segurança argentina, Patricia Bullrich, como parte do Plano Güemes, tem gerado preocupação sobre o futuro das relações bilaterais entre os dois países.
Detalhes do projeto
A barreira, que terá 2,5 metros de altura, será instalada na região de Aguas Blancas, estendendo-se da terminal de ônibus até os postos de controle fronteiriço. Segundo autoridades argentinas, a estrutura faz parte de uma série de medidas para combater o narcotráfico e o crime organizado na região norte do país.
"É um passo fronteiriço que estava em absoluto descontrole e, no último período, havia se estabelecido o crime organizado mediante bandas", declarou Patricia Bullrich em entrevista ao jornal La Nación. A ministra defendeu a medida como "uma proteção para todo o país".
Reação boliviana
O governo boliviano reagiu fortemente à iniciativa argentina. A ministra María Nela Prada criticou a decisão, defendendo uma visão de cidadania mundial sem divisões fronteiriças. O ministro de Justiça boliviano, César Siles, foi além e solicitou a intervenção de organismos internacionais, pedindo ao presidente argentino Javier Milei que reconsidere a medida.
Contexto regional
O Plano Güemes, lançado em dezembro de 2024, representa uma mudança significativa na política de segurança fronteiriça argentina. O programa prevê um reforço sem precedentes no controle da fronteira norte, especialmente nos departamentos de Orán e San Martín, na província de Salta.
Adrián Zigarán, interventor argentino na região, justificou o projeto argumentando que o cruzamento informal da fronteira sem controle migratório adequado exige medidas de contenção. "Esta é uma ação necessária para estabelecer ordem em uma área que estava completamente descontrolada", afirmou.
Impacto internacional
A decisão argentina de construir a barreira tem sido comparada por analistas internacionais às políticas fronteiriças do ex-presidente americano Donald Trump. Alguns meios de comunicação regionais, como o InfoCielo, já denominam a situação como um "novo conflito diplomático" que pode ter repercussões mais amplas nas relações sul-americanas.
Perspectivas
A tensão entre os dois países vizinhos evidencia um momento delicado nas relações diplomáticas sul-americanas. Enquanto a Argentina defende a medida como necessária para a segurança nacional, a Bolívia vê na construção da barreira um retrocesso na integração regional e uma possível violação de acordos internacionais.
O caso deve ser levado a organismos internacionais nos próximos dias, com a Bolívia buscando apoio para contestar a decisão argentina. Especialistas em relações internacionais alertam que o episódio pode ter consequências significativas para a cooperação bilateral em outras áreas, como comércio e migração.
Esta reportagem foi produzida com informações do El Deber, La Nación, Infobae e outros veículos de comunicação regionais.