Tarifa de Trump ao Brasil gera crise: Empresa americana de suco de laranja vai à justiça contra medida inconstitucional
Johanna Foods contesta sobretaxa de 50% que ameaça elevar preços e comprometer setor; Brasil, maior fornecedor de suco de laranja dos EUA, enfrenta impacto bilionário
Uma distribuidora americana de suco de laranja, a Johanna Foods, sediada em Nova Jersey, entrou com uma ação judicial contra a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto de 2025.
A empresa alega que a medida, justificada pelo apoio de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro, é inconstitucional e representa uma “ameaça existencial” ao seu negócio. A ação foi protocolada na sexta-feira, 18 de julho, na Corte de Comércio Internacional dos EUA, somando-se a outros desafios legais às políticas tarifárias de Trump.
De acordo com a Johanna Foods, as tarifas aumentarão os custos de importação de suco de laranja não concentrado do Brasil em aproximadamente US$ 68 milhões nos próximos 12 meses, o que pode elevar os preços ao consumidor americano em até 25%. O Brasil, maior produtor e exportador mundial de suco de laranja, responde por mais da metade do produto vendido nos Estados Unidos, sendo essencial para a cadeia de suprimentos do mercado americano. A empresa argumenta que os motivos apresentados por Trump, incluindo a suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro, não configuram uma “ameaça econômica emergente” que justifique o uso de poderes emergenciais para impor tarifas sem aprovação do Congresso.
A ação judicial destaca que a carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 9 de julho, não faz referência à Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), usada anteriormente pelo presidente para justificar tarifas. Segundo os advogados da Johanna Foods, a ausência de uma declaração formal de emergência nacional e a menção a questões políticas, como o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, tornam a medida legalmente questionável. A empresa também atua em nome da Johanna Beverage Co., com sede no estado de Washington, que comercializa marcas como La Yogurt, Sabor Latino, Tree Ripe, Earth Wise e Ssips.
O setor de suco de laranja brasileiro, que movimenta cerca de US$ 3 bilhões anuais em exportações e gera 200 mil empregos diretos e indiretos, é um dos mais ameaçados pela tarifa. A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) alerta que a sobretaxa pode elevar os impostos sobre o suco brasileiro nos EUA a até 70% do valor total, comprometendo a competitividade do produto e ameaçando empregos no Brasil. O estado de São Paulo, responsável por 78% da produção nacional de laranja, será particularmente impactado.A decisão de Trump também gerou reações políticas no Brasil.
O presidente Lula afirmou que o Brasil não aceitará “ingerência ou ameaça” à sua soberania e que a medida será respondida com base na Lei de Reciprocidade Econômica. Enquanto isso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, após críticas iniciais ao governo federal, defendeu a necessidade de “união de esforços” para enfrentar a crise. A CitrusBR, por sua vez, negou ter contratado escritórios de lobby nos EUA, mas setores do agronegócio brasileiro já buscam apoio de empresas americanas para pressionar o governo Trump contra as tarifas.
A Casa Branca, por meio do porta-voz Kush Desai, defendeu a legalidade da medida, alegando que ela visa “equilibrar o mercado de trabalho americano e proteger a segurança nacional”. No entanto, analistas como Benn Steil, do Conselho de Relações Exteriores, e Reilly Stephens, do Liberty Justice Center, argumentam que as tarifas carecem de base legal, especialmente por usarem justificativas políticas, como o apoio a Bolsonaro, em vez de emergências econômicas.
A investigação comercial aberta pelo governo Trump contra o Brasil, confirmada em 15 de julho, pode intensificar o conflito, com possíveis sanções adicionais.O impacto econômico das tarifas, se implementadas, pode ser significativo para ambos os países. Nos EUA, o aumento de preços pode afetar o café da manhã americano, com o suco de laranja se tornando mais caro. No Brasil, a perda de um mercado que absorve 41,7% das exportações de suco de laranja pode desestruturar a cadeia produtiva. A esperança de exportadores brasileiros é que a pressão de empresas americanas, como a Johanna Foods, e negociações diplomáticas evitem a escalada de uma guerra comercial que prejudicaria ambos os lados.
Palavras-chave: suco de laranja, tarifas, Donald Trump, Johanna Foods, Brasil, EUA, guerra comercial, Jair Bolsonaro, exportações, agronegócio
Hashtags: #PainelPolitico #TarifasTrump #SucoDeLaranja #BrasilEUA #GuerraComercial #Agronegócio #Bolsonaro #Exportações