Sem Raio-X, Governo de Rondônia manda pacientes para UPA de Porto Velho e aumento da demanda coloca equipamento em risco
Como consequência, a UPA Sul está sobrecarregada com a alta demanda
A saúde pública em Rondônia enfrenta uma crise persistente, com problemas estruturais e operacionais que impactam diretamente a população. O Hospital Estadual e Pronto-Socorro João Paulo II, principal referência para atendimentos de média e alta complexidade no estado, vive um cenário de superlotação, equipamentos inoperantes e longas filas, especialmente para exames de imagem como raio-x.
No último dia 11, o governo estadual, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), solicitou formalmente à gestão municipal de Porto Velho o empréstimo de um equipamento digitalizador de imagem (CR) para o João Paulo II, evidenciando a gravidade da situação. A ausência de equipamentos funcionais em diversas unidades de saúde do estado, incluindo a Assistência Médica Intensiva (AMI) e o Hospital de Base Ary Pinheiro, amplia os desafios para atender a demanda crescente.
Como consequência, a UPA Sul está sobrecarregada com a alta demanda. O equipamento instalado na unidade, está operando praticamente 24 horas por dia, e por conta disso corre risco de sofrer danos.
Fiscalizações revelam deficiências críticas
Uma fiscalização realizada pelo Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO) no último domingo (13 de julho de 2025) constatou falhas graves no João Paulo II, incluindo superlotação, com pacientes internados em corredores, infraestrutura deteriorada, infiltrações, banheiros em condições precárias e mobiliários improvisados. Um dos pontos mais críticos foi a inoperância do equipamento de raio-x, notificada à direção do hospital dois dias antes da vistoria, sem solução até o momento. Além disso, equipamentos diversos foram encontrados expostos em corredores e áreas externas, e a unidade sofre com quedas frequentes de energia elétrica e déficit de reagentes laboratoriais.
A situação não é exclusiva do João Paulo II. Outras unidades, como a AMI e o Hospital de Base, também enfrentam problemas com equipamentos de raio-x. O Hospital de Base opera com apenas um aparelho para atender toda a demanda, enquanto a AMI não possui local adequado para revelar imagens.
Até mesmo a Policlínica Oswaldo Cruz (Campanha) relatou dificuldades semelhantes, reforçando a crise generalizada no sistema de saúde estadual.
Pedido de empréstimo reflete desespero
Em ofício enviado à gestão municipal, a direção do João Paulo II solicitou o empréstimo de um digitalizador de imagem (CR) com cassetes, destacando a importância do equipamento para agilizar o processamento de imagens, otimizar o fluxo de trabalho na radiologia e melhorar a qualidade dos laudos e do atendimento em situações de urgência e emergência.
O documento, assinado pela Direção Geral do hospital, enfatiza que o João Paulo II absorve toda a demanda de média e alta complexidade de Rondônia, incluindo casos provenientes de Porto Velho e outros municípios. A Sesau assegurou que, caso o pedido seja atendido, o equipamento será manejado com cuidado pela equipe técnica. No entanto, a necessidade de recorrer à prefeitura para suprir uma carência básica expõe a fragilidade da infraestrutura estadual.reforma em curso, mas problemas persistem
O governo de Rondônia, sob a gestão do governador Marcos Rocha, anunciou em junho de 2025 o início de uma reforma estrutural no João Paulo II, com promessa de reorganização no fluxo de atendimento e aumento de 30% nas altas hospitalares. Segundo o secretário de Saúde, Jefferson Rocha, a reestruturação é uma “reparação histórica” para melhorar a qualidade do serviço.
Apesar disso, os avanços parecem insuficientes frente à gravidade das deficiências apontadas pelas fiscalizações recentes. Entre janeiro e junho de 2025, o hospital registrou uma redução de 17,7% nos atendimentos por acidentes de trânsito (de 2.510 para 2.066 casos), o que aliviou parcialmente a pressão, mas não resolveu os gargalos estruturais.
Impactos na população e nos profissionais
A superlotação e a falta de equipamentos geram longas filas e atrasos nos diagnósticos, comprometendo a segurança dos pacientes. Profissionais de saúde também enfrentam condições adversas, com relatos de exaustão e precariedade no ambiente de trabalho.
A ausência de uma sala específica para raio-x e a inoperância de equipamentos agravam a situação, forçando improvisos que colocam em risco a qualidade do atendimento. O TCE-RO cobrou providências imediatas da gestão estadual para garantir a segurança assistencial e o cumprimento de protocolos.
Debate sobre gestão e terceirização
A crise no João Paulo II reacendeu discussões sobre a gestão hospitalar. Em abril de 2025, uma portaria da Sesau sinalizando mudanças na administração do hospital gerou polêmica, com temores de terceirização. O secretário Jefferson Rocha negou a privatização, afirmando que a porta de entrada permanecerá pública e que o foco é modernizar a gestão e agilizar contratações para suprir a falta de profissionais. Sindicatos, como o Conselho Regional de Enfermagem de Rondônia (Coren), manifestaram preocupação com qualquer tentativa de terceirização, defendendo a manutenção do caráter público do SUS.
O que dizem as redes sociais
Nas redes sociais, a população de Porto Velho expressa indignação com a situação da saúde pública. Usuários relatam longas esperas no João Paulo II e dificuldades para realizar exames de imagem, com comentários destacando a demora nos diagnósticos e a superlotação. Postagens recentes no X mencionam a precariedade do hospital, com críticas à gestão estadual e pedidos por mais investimentos. Apesar disso, não foram encontrados relatos específicos sobre o pedido de empréstimo do equipamento de raio-x, o que sugere que a solicitação ainda não ganhou ampla repercussão pública.propostas e desafios para o futuro.
O TCE-RO destacou a necessidade de ações urgentes para resolver as falhas estruturais e operacionais. Entre as recomendações estão a manutenção adequada de equipamentos, a recomposição de equipes médicas e a melhoria das condições de trabalho. A Sesau, por sua vez, informou que está estruturando um novo processo licitatório para aquisição de equipamentos e serviços, com foco em segurança jurídica e planejamento. Enquanto isso, a população segue enfrentando um sistema de saúde sobrecarregado, com impactos diretos na qualidade de vida.A crise no João Paulo II reflete um problema maior no sistema de saúde de Rondônia, que exige investimentos consistentes e gestão eficiente.
A dependência de empréstimos de equipamentos de outros entes, como a prefeitura de Porto Velho, é um sintoma de anos de descaso com a saúde pública. A resolução desses desafios dependerá de esforços conjuntos entre governo estadual, município e órgãos de controle, com foco no fortalecimento do SUS e na garantia de atendimento digno à população.
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