Secretário de Defesa dos EUA publica vídeo de pastores dizendo que mulheres não devem votar
Declarações de pastores conservadores sobre direitos das mulheres e escravidão geram debate sobre influência religiosa no governo Trump; entenda o caso!
O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, está no centro de uma controvérsia após compartilhar, na plataforma X, um vídeo de uma reportagem da CNN onde pastores evangélicos conservadores defendem ideias retrógradas sobre o papel das mulheres na sociedade e até justificam formas de escravidão com base na Bíblia.
As declarações, que incluem a afirmação de que mulheres não deveriam ter direito ao voto, levantaram questionamentos sobre a influência de visões religiosas extremistas em cargos de alto escalão no governo de Donald Trump.
O vídeo compartilhado por Pete Hegseth
No vídeo republicado por Hegseth, dois pastores evangélicos, Doug Wilson e Toby Stumper, expressam opiniões controversas sobre o papel das mulheres. Wilson, cofundador da Comunhão das Igrejas Evangélicas Reformadas (CREC), afirma na entrevista à CNN: “As mulheres são o tipo de pessoa de onde as pessoas se originam. A esposa e mãe, que é a principal executiva do lar, é encarregada de três, quatro ou cinco almas eternas.” Já Stumper defende que o voto em família deve ser liderado pelo homem: “Normalmente, eu seria o único a votar, mas votaria depois de discutir o assunto com minha família.”
Além disso, uma mulher da congregação de Wilson reforça a visão subordinada, declarando: “Meu marido é o chefe da nossa família e eu me submeto a ele.” Ao compartilhar o vídeo, Hegseth comentou: “Tudo de Cristo para toda a vida.”, sinalizando apoio às ideias apresentadas.
Doug Wilson e suas visões controversas
Doug Wilson, uma figura central no vídeo, é conhecido por suas posições ultraconservadoras. Autor do livro "Southern Slavery, As It Was" (Escravidão no Sul, Como Era), ele usa passagens bíblicas para justificar formas de escravidão, alegando que havia “afeição mútua” entre escravos e seus senhores. Durante a entrevista, Wilson reiterou essa visão e ainda defendeu a recriminalização da sodomia, prática que foi descriminalizada pela Suprema Corte dos EUA em 2003. Sobre a liderança feminina, ele é categórico: “Não aceito mulheres para cargos de liderança ou gestão dentro da minha igreja porque a Bíblia diz assim.”
Wilson também já declarou publicamente que mulheres não deveriam ocupar cargos de liderança nas Forças Armadas ou atuar em funções de combate de alto nível, uma posição que contrasta diretamente com as políticas de igualdade de gênero promovidas pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Relação de Hegseth com Wilson e o “Gabinete da Fé”
O porta-voz chefe do Pentágono, Sean Parnell, confirmou que Hegseth é um “membro orgulhoso” de uma igreja afiliada à CREC, fundada por Wilson, e que o Secretário de Defesa “aprecia muito” os ensinamentos do pastor. Essa relação pessoal levanta preocupações sobre a separação entre Igreja e Estado, especialmente em um contexto em que Hegseth convidou seu pastor pessoal, Brooks Potteiger, para realizar cultos cristãos dentro do Pentágono durante o horário de trabalho. Funcionários e militares relataram ter recebido convites para esses eventos por meio de comunicados corporativos.
Essa iniciativa parece alinhada ao decreto de Donald Trump no início de seu mandato, que criou um “gabinete da fé” para investigar supostos “preconceitos anticristãos” em agências governamentais. A medida tem sido vista por críticos como uma tentativa de impor valores religiosos em políticas públicas.
Repercussões e críticas
O professor de sociologia da Universidade de Indiana, Andrew Whitehead, especialista em nacionalismo cristão, alertou em entrevista à NPR sobre os perigos das ideias defendidas por Wilson e seus seguidores. Segundo ele: “Não se trata apenas de eles terem essas crenças cristãs pessoais sobre o papel da mulher na família. É que eles querem impô-las a todos.” Whitehead também destacou a gravidade de um Secretário de Defesa endossar tais visões: “Realmente importa se o Secretário de Defesa está retuitando um vídeo com opiniões muito específicas sobre se as mulheres devem poder votar ou servir em funções de combate ou se a escravidão realmente não é tão ruim assim.”
A controvérsia também ganhou tração nas redes sociais, com usuários criticando a postura de Hegseth. No X, diversos posts apontam para o risco de normalização de discursos extremistas em posições de poder. Um usuário escreveu: “Como um Secretário de Defesa pode apoiar ideias que vão contra direitos básicos? Isso é perigoso para a democracia.”
Contexto político e social
A polêmica ocorre em um momento de crescente polarização nos Estados Unidos, onde questões de gênero, religião e direitos civis estão no centro do debate público. A administração Trump tem sido acusada por opositores de promover uma agenda conservadora que privilegia valores religiosos em detrimento de direitos fundamentais. A criação do “gabinete da fé” e a nomeação de figuras como Hegseth reforçam essa percepção.
No Brasil, o caso também encontra eco em discussões sobre a influência de grupos religiosos na política, especialmente em temas como igualdade de gênero e laicidade do Estado. Embora os contextos sejam distintos, a ascensão de discursos conservadores em cargos de poder é uma preocupação global.
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