Screwworm: primeiro caso de parasita que come carne viva nos EUA em humano acende alerta e ameaça pecuária
Surto de parasita que consome carne viva avança da América Central ao México, gerando preocupação com impacto econômico no Texas e medidas urgentes do USDA
Um caso raro e preocupante do parasita New World screwworm (Cochliomyia hominivorax), conhecido por consumir carne viva de animais de sangue quente, foi identificado em uma pessoa em Maryland, nos Estados Unidos, que havia viajado da Guatemala. A informação, publicada pela agência Reuters no último domingo (24), marca o primeiro caso humano confirmado nos EUA em 2025, reacendendo o alerta sobre o avanço de uma praga que pode devastar a pecuária e causar prejuízos bilionários.
A infestação, que começou a escalar na América Central e no sul do México desde 2023, está se aproximando perigosamente da fronteira norte-americana, levando autoridades a intensificarem medidas de contenção.
Origem do caso e resposta das autoridades
O caso em Maryland foi confirmado pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) em 4 de agosto, conforme relatado por Andrew Nixon, porta-voz do U.S. Department of Health and Human Services (HHS). “Este é o primeiro caso humano de infestação por screwworm associada a uma viagem de um país afetado identificado nos Estados Unidos”, disse Nixon em comunicado à CBS News.
A pessoa, que não teve a identidade revelada devido a leis de privacidade, recebeu tratamento, e medidas de prevenção foram implementadas no estado. Segundo fontes, o paciente havia viajado de El Salvador, embora reportagens iniciais mencionassem a Guatemala. A confirmação veio à tona após e-mails enviados em 20 de agosto por um executivo do grupo Beef Alliance a representantes dos setores de pecuária e carne bovina, informando sobre o caso. “Devido às leis de privacidade do paciente, nenhum outro detalhe está disponível”, afirmou um e-mail de acompanhamento do grupo, conforme citado pela Reuters.
A veterinária estadual de Dakota do Sul, Beth Thompson, relatou à agência que foi notificada do caso por uma fonte com conhecimento direto, destacando a falta de transparência inicial do CDC. “Tivemos que buscar o CDC para entender o que estava acontecendo. Eles não foram nada comunicativos”, disse Thompson.
O caso ocorre em um momento crítico, pouco mais de uma semana após a secretária do U.S. Department of Agriculture (USDA), Brooke Rollins, anunciar, em visita ao Texas, planos para construir uma unidade de produção de moscas estéreis em Edinburg, no Moore Air Force Base. A iniciativa, com investimento de até US$ 750 milhões, visa conter a praga, mas a instalação levará de dois a três anos para entrar em operação, segundo Rollins. “Estamos anunciando um investimento histórico para deter o screwworm em suas trilhas”, declarou a secretária em postagem no X em 15 de agosto.
O que é o screwworm e por que é uma ameaça?
O New World screwworm é uma mosca parasita cujas fêmeas depositam até 300 ovos em feridas abertas ou mucosas de animais de sangue quente, incluindo gado, vida selvagem e, raramente, humanos. Após a eclosão, as larvas perfuram a carne viva, alimentando-se de tecido e podendo levar à morte do hospedeiro em poucas semanas se não tratadas. O nome “screwworm” (verme-parafuso) deriva do movimento das larvas, semelhante a um parafuso sendo cravado na madeira.
O tratamento é complexo, exigindo a remoção manual de centenas de larvas e desinfecção rigorosa das feridas. Embora infestações humanas sejam raras, o impacto na pecuária é devastador. O parasita é endêmico em países como Cuba, Haiti, República Dominicana e nações da América do Sul, mas foi erradicado dos EUA na década de 1960 por meio da liberação de moscas machos estéreis, que impedem a reprodução das fêmeas selvagens. Desde 2023, no entanto, o screwworm tem avançado pelo México, com um caso recente registrado em Ixhuatlán de Madero, Veracruz, a cerca de 600 km da fronteira com os EUA.
Impacto econômico e medidas de contenção
O avanço do screwworm representa uma ameaça significativa à economia agropecuária, especialmente no Texas, o maior estado produtor de gado dos EUA. O USDA estima que um surto poderia custar até US$ 1,8 bilhão em perdas de animais, custos trabalhistas e despesas com medicamentos. O rebanho bovino norte-americano, atualmente no menor tamanho em sete décadas, enfrenta preços recordes devido à oferta limitada, e um surto poderia agravar ainda mais a situação.
Para evitar a entrada do parasita, o USDA suspendeu importações de gado mexicano em novembro de 2024, maio e julho de 2025, após casos confirmados no México. Os EUA importam mais de um milhão de cabeças de gado anualmente do México para engorda e processamento. Além disso, o USDA implementou armadilhas e enviou oficiais montados ao longo da fronteira, mas enfrenta críticas de produtores e analistas por atrasos na expansão da produção de moscas estéreis.
O México também está agindo. Em julho, o governo mexicano anunciou a construção de uma unidade de US$ 51 milhões para produzir moscas estéreis no sul do país. Atualmente, a única planta em operação, localizada na Cidade do Panamá, produz até 100 milhões de moscas por semana, mas o USDA estima que 500 milhões seriam necessários para conter o surto e empurrá-lo de volta à região do Darién Gap, entre Panamá e Colômbia.
Reações e preocupações no setor agropecuário
A notícia do caso humano gerou apreensão entre pecuaristas e associações do setor. A Texas Sheep & Goat Raisers Association, por meio de sua presidente, Sharon Pfluger Holman, manifestou apoio às medidas do USDA, mas pediu ações mais rápidas. “Apoiamos todos os esforços para monitoramento de moscas screwworm, assistência técnica aos produtores e expansão imediata de centros de produção e distribuição de moscas estéreis nos EUA, México e América Central”, declarou Holman.
No X, produtores expressaram frustração com a resposta do USDA. Um post de Meriwether Farms questionou a demora de Rollins em agir, apesar de conhecer a ameaça desde novembro de 2024. “É suspeito que ela esteja fazendo esse anúncio agora”, escreveu a conta em 15 de agosto.
Outra postagem da mesma conta relatou possíveis casos em gado no Texas e Oklahoma, embora sem confirmação oficial.
Contexto regional e riscos futuros
O surto atual teve início em 2023, quando o número de casos em Panamá saltou de 25 para mais de 6.500 em um ano, rompendo a barreira biológica que continha o parasita na América do Sul. Desde então, casos foram registrados em Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala, Belize, El Salvador e México. A proximidade com a fronteira dos EUA eleva o risco de reintrodução do parasita, especialmente em um momento em que o setor agropecuário já enfrenta desafios logísticos e econômicos.
O caso humano em Maryland, embora isolado e com baixo risco à saúde pública, serve como alerta para a necessidade de vigilância contínua. Autoridades recomendam que viajantes de áreas endêmicas procurem atendimento médico imediato caso apresentem lesões cutâneas incomuns.
Para o setor agropecuário, a construção de novas unidades de produção de moscas estéreis no Texas e no México será crucial para evitar um surto que poderia abalar a indústria bovina e a segurança alimentar.
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