Rússia reafirma apoio à Venezuela em meio à ameaça de intervenção militar de Trump
Com tensões no Caribe à beira do colapso, Moscou promete respostas firmes aos apelos de Maduro por armas e modernização – mas alerta para o risco de uma crise global inédita na América Latina
Em um momento de crescentes tensões geopolíticas na América Latina, a Rússia declarou estar pronta para responder aos apelos de assistência da Venezuela, em meio à mobilização militar sem precedentes do governo de Donald Trump no Caribe. A declaração, proferida pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, reforça a aliança estratégica entre Moscou e o regime de Nicolás Maduro, enquanto os Estados Unidos intensificam acusações de envolvimento com o narcotráfico e ameaças de ações militares.
Nesta sexta-feira (7), durante uma coletiva de imprensa, Maria Zakharova enfatizou a posição de Moscou: “A Rússia demonstra solidariedade inabalável com a Venezuela e está preparada para responder de maneira adequada aos pedidos de Caracas, levando em conta tanto os desafios existentes quanto os potenciais. O mais importante agora é evitar qualquer escalada e promover soluções construtivas para os problemas existentes, com respeito ao direito internacional (...). No contexto da situação atual, mantemos contato contínuo e estreito com nossos amigos venezuelanos”.
A declaração ecoa posicionamentos anteriores da diplomata, que em 1º de novembro já havia condenado as “provocações militares” dos EUA no Caribe, sob o pretexto de combate ao narcotráfico, e reafirmado o apoio firme à soberania venezuelana. Zakharova, uma das vozes mais proeminentes da diplomacia russa, destacou que qualquer ação militar direta dos Estados Unidos agravaria a crise, em vez de resolvê-la. “Existem diferentes táticas e diferentes formas de conduzir os assuntos, mas é evidente — como dizem vários analistas, especialistas e representantes de diversas estruturas americanas — que uma agressão direta desse tipo só piorará a situação, em vez de resolver os problemas que podem perfeitamente ser solucionados por meios jurídicos e diplomáticos, dentro do campo legal”, alertou ela.
Essa visão é compartilhada por fontes russas, que mantêm “contato constante” com Caracas, conforme o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em 4 de novembro. A Venezuela, aliada de longa data da Rússia desde os governos de Hugo Chávez e agora sob Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela - PSUV), depende de equipamentos militares russos para sua defesa. O arsenal inclui o sistema de defesa aérea S-300, caças Sukhoi e sistemas de radar, muitos dos quais precisam de modernização devido às sanções econômicas impostas pelos EUA.
Maduro solicitou explicitamente suporte para reparos em caças, atualizações em radares e o envio de sistemas de mísseis, conforme reportagens recentes. Em resposta, Moscou já teria entregue sistemas avançados como Pantsir-S1 e Buk-M2, elevando o poder de fogo venezuelano e gerando debates em redes sociais sobre o risco de um “novo Vietnã” para forças americanas.
A escalada militar de Trump e as acusações contra Maduro
O governo Trump, que assumiu em janeiro de 2025, tem intensificado a pressão sobre Maduro desde agosto, quando designou cartéis latino-americanos como organizações terroristas e ordenou operações contra eles. Washington acusa o presidente venezuelano de liderar o “Cartel de Los Soles”, uma suposta rede de tráfico de drogas ligada ao regime, e dobrou a recompensa por sua captura para US$ 50 milhões. Em uma entrevista à CBS no domingo passado, Donald Trump afirmou acreditar que os dias de Maduro na presidência “estão contados”, embora tenha expressado dúvidas sobre uma guerra aberta.
A mobilização militar americana no sul do Caribe é impressionante: inclui o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, dezenas de navios de guerra, aeronaves, helicópteros de operações especiais e um submarino nuclear. Essas forças foram posicionadas sob o argumento de combater o narcotráfico, que, segundo o Departamento de Estado dos EUA, gera US$ 15 bilhões anuais para o regime de Maduro por meio de drogas, mineração ilegal de ouro, contrabando de combustível e tráfico humano.
Trump chegou a admitir operações secretas da CIA na Venezuela e indicou que ações terrestres contra cartéis poderiam começar em breve.
O jornal The Wall Street Journal revelou na semana passada que o governo Trump mapeou alvos militares venezuelanos para possíveis bombardeios, sob a alegação de uso dessas instalações para o tráfico. Trump negou planos imediatos de ataques territoriais, mas analistas veem nisso uma tática de pressão para forçar a queda de Maduro, motivada não só pelo combate às drogas, mas pelo acesso às vastas reservas de petróleo e minerais da Venezuela – as maiores do mundo.
O cientista político brasileiro Maurício Santoro, doutor pelo Iuperj, alertou: “O que os americanos estão planejando ainda não está claro, mas, sem dúvida, estamos na iminência de um ataque de larga escala. E, se isso acontecer, será a primeira vez que os Estados Unidos atacam militarmente um país da América do Sul”.
O Senado dos EUA, em votação recente, rejeitou uma resolução para limitar as ações de Trump contra a Venezuela, apesar de pesquisas mostrarem que a maioria da população americana se opõe a uma intervenção militar. Críticos, como a ativista Medea Benjamin, da CodePink, acusam Trump de arriscar a segurança nacional em uma “caça ao petróleo”, ignorando que o verdadeiro fluxo de drogas entra via contêineres de portos como os do Equador.
Respostas dos aliados e isolamento de Maduro
Diante da ameaça, Maduro buscou ajuda de aliados como Rússia, China e Irã. Pequim já manifestou apoio, com declarações de solidariedade em 4 de novembro, mas analistas duvidam de um bailout substancial, dada a isolamento crescente do regime. Relatos indicam que Maduro ofereceu abrir o setor de petróleo e ouro a empresas americanas, romper laços com Moscou e redirecionar exportações aos EUA, mas Trump prioriza a “hegemonia americana” e alinhamento político de longo prazo.
Na esfera digital, o tema domina discussões no X (antigo Twitter), com posts alertando para o envio de mísseis hipersônicos russos à Venezuela como resposta à presença americana – uma ameaça que evoca a Crise dos Mísseis de Cuba de 1962. Usuários como @Megatron_ron destacam que Trump subestimou a resistência popular e o armamento russo, prevendo um “Vietnã caribenho”.
O governo Trump, por sua vez, insiste que as ações visam apenas o narcotráfico, não uma mudança de regime. No entanto, o Washington Post reportou que Caracas pediu mísseis, radares e drones a Moscou e Teerã, sinalizando uma corrida armamentista regional.
Implicações para a América Latina
Essa escalada sem precedentes ameaça transformar o Caribe em um barril de pólvora, com riscos de envolvimento de potências globais. Enquanto a Rússia busca desescalada diplomática, analistas como os do Atlantic Council preveem que o apoio de Moscou a Maduro será limitado, priorizando interesses econômicos como o petróleo venezuelano. Para a região, o conflito reforça divisões: de um lado, a doutrina Monroe revisitada por Trump; do outro, uma Venezuela armada por aliados autoritários.
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