Rondônia amarga o pior serviço de energia entre as distribuidoras Energisa no Brasil
Consumidores rondonienses enfrentam até 500% mais tempo sem energia que outros estados; ação judicial que tramita há quase uma década pode forçar melhorias no serviço
Em meio a apagões frequentes e atendimento precário, Rondônia enfrenta uma grave crise no setor energético, ocupando a última posição em qualidade de serviço entre todas as distribuidoras do grupo Energisa no país. Dados recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) revelam um cenário alarmante: 42% dos conjuntos elétricos da Energisa Rondônia operam fora dos limites aceitáveis estabelecidos pela agência reguladora.
O drama dos consumidores rondonienses se traduz em números impressionantes. Em 2019, os moradores do estado chegaram a ficar, em média, 48,57 horas sem energia ao longo do ano - um índice quase cinco vezes superior ao registrado em estados como São Paulo e Paraná, onde as interrupções não ultrapassaram 10 horas anuais.
Mesmo com uma ligeira melhora em 2023, quando o tempo médio de interrupção caiu para 21 horas por ano, os indicadores permanecem muito acima dos padrões aceitáveis pela ANEEL. O cenário se agrava ainda mais quando se analisa o tempo de resposta da concessionária: em 2023, os consumidores rondonienses esperaram em média 12 horas pelo restabelecimento da energia, enquanto em São Paulo e Paraná esse tempo não passou de 6 e 3 horas, respectivamente.
"O serviço prestado é incompatível com o que se espera de um serviço público essencial", afirma o advogado Gabriel Tomasete, que representa a Associação Cidade Verde, uma das entidades que move ação civil pública contra a concessionária desde 2015. A ação, que tramita na Justiça Federal, pode representar uma esperança de mudança para a população.
Uma liminar concedida em 2017 já determinou que a concessionária deve fornecer energia elétrica de maneira ininterrupta, conforme previsto na Constituição Federal e no Código do Consumidor. No entanto, os dados da ANEEL mostram que a situação ainda está longe do ideal, com Rondônia ocupando a 24ª posição no ranking nacional de qualidade do serviço em 2024.
A ação judicial, que deve ser julgada em breve, pode finalmente obrigar a Energisa a realizar as melhorias necessárias na infraestrutura do estado, alinhando o serviço aos padrões nacionais e garantindo aos rondonienses o direito básico a um fornecimento de energia elétrica estável e eficiente.