Relatório da CVM expõe falhas graves na Reag Capital: 35 irregularidades em controles antilavagem
Em meio à Operação Carbono Oculto, o caso questiona a robustez do mercado financeiro brasileiro – leia os detalhes e debata o impacto para investidores
A gestora de fundos Reag Capital Holding, uma das maiores independentes do Brasil com R$ 341,5 bilhões sob gestão até julho de 2025, segundo ranking da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), enfrenta um escrutínio rigoroso da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Um relatório de fiscalização preliminar, registrado em 23 de setembro de 2025, aponta “sérios problemas de controles internos e de governança” na empresa, com ênfase em falhas na prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo (LD/FT). O documento, produzido pelo Setor de Fiscalização de Fundos de Investimento (Sefis) da Superintendência de Supervisão de Investidores Institucionais (SIN) da CVM, lista 35 irregularidades graves cometidas pela Reag e sua alta administração entre 2020 e 2024 – sendo 17 descumprimentos normativos pela empresa e 18 pela diretoria.
Assinado pelos chefes da seção Marcelo Araújo da Silva, da superintendência Marco Antonio Velloso de Sousa, e pela inspetora Elessandra Corrêa, o relatório 01/2025 surgiu de um pedido do promotor Alexandre de Andrade Pereira, do Núcleo de Piracicaba do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A solicitação remete à Operação Cassiopeia, iniciada em 2024, que investigou o suposto uso de fundos de investimento para blindar patrimônio de Mohamad Hussein Mourad, conhecido como Primo, proprietário da distribuidora de combustíveis Copape e acusado de liderar um esquema criminoso no setor de combustíveis, com ligações ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Mourad, foragido desde 28 de agosto de 2025 – com suspeitas de estar no Líbano –, e o empresário Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Loco, também foragido, teriam utilizado o FIP Location Fundo de Investimentos em Participações Multiestratégia para ocultar controles da Copape e da distribuidora Aster. A defesa de Mourad nega qualquer ligação com atividades ilícitas do PCC, alegando “ilação e conjecturas infundadas sem respaldo nas provas dos autos”.
O FIP Location, constituído em 25 de agosto de 2017 e administrado pela Reag até 28 de maio de 2024, quando a gestora renunciou, foi o foco da análise da CVM, que verificou o cumprimento da Resolução CVM nº 50/2021. Os técnicos identificaram uma “incapacidade de manter controles robustos”, descrita como “reflexo de uma cultura de negligência que compromete a integridade do mercado de valores mobiliários e a confiabilidade de sua operação”. Especificamente, a Reag manteria “continuidade de vínculos com clientes sobre os quais já não tem mais pleno conhecimento da origem dos seus recursos e da constituição de seu patrimônio”, operando em “alta vulnerabilidade” a riscos de LD/FT. O relatório destaca a ausência de sistemas confiáveis para identificar operações atípicas e comunicar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), agravada pelo porte da instituição, que gerencia volumes significativos de recursos e fundos.
Entre as falhas, sobressaem relatórios de controles internos copiados de anos anteriores, falta de análises de risco atualizadas e desconexão entre regulamentação e prática, violando o artigo 4º, inciso I, da Resolução CVM nº 50/2021. No caso do FIP Location, a CVM apontou “perda de 100% do investimento” como falha contábil acumulada, com passivo a descoberto de R$ 1,099 bilhão não provisionado, configurando “descumprimento contínuo direto e deliberado do dever fiduciário”. Os técnicos do Gaeco suspeitam de “cegueira deliberada” sobre a origem dos recursos, com o compliance da Reag sendo mera formalidade.
Cinco diretores são citados por ações e omissões: Marco Antonio da Costa Baptista, Ramon Pessoa Dantas, Silvano Gersztel, Octávio Pires Vaz Filho e Fernando Dauj Torres. Como membros da alta administração, figuram André Ricardo Caó Dias, João Carlos Falbo Mansur, Leonardo Falbo Donato, Leonardo de Souza Carvalho e Arthur Caixeta Nogueira. O relatório propõe ofício para manifestações, visando possível processo administrativo sancionador (PAS). A Reag, em nota ao Estadão, negou acusações formais, afirmando que o documento é preliminar e que “não existe, neste momento, qualquer acusação formulada pela CVM”. A empresa rebate as desconformidades em políticas de LD/FT, garantindo que “tais controles existem, são efetivamente aplicados e passam por aprimoramentos contínuos, em linha com as melhores práticas regulatórias”, e reforça “compromisso permanente com a transparência, a governança e o cumprimento integral das normas aplicáveis”. A Reag nega relação entre o relatório e a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025 – a maior contra lavagem de dinheiro da facção, com buscas na Reag e outras três gestoras na Avenida Faria Lima, em São Paulo, executadas pela Polícia Federal, Ministério Público e Receita Federal. A operação investigou evasão de R$ 7,6 bilhões em impostos e irregularidades na cadeia de combustíveis.
O escândalo impactou a Reag: ações caíram 14,1% em 28 de agosto de 2025, segundo o G1; a holding cancelou o registro como companhia aberta em outubro, saindo da B3 para “simplificação societária”; e vendeu a gestora de fundos para executivos, criando a Arandu Investimentos em setembro de 2025, conforme postagens em redes sociais e reportagens da Bloomberg Línea. A Fitch Ratings colocou ratings da Reag em observação negativa devido a incertezas jurídicas e reputacionais. A CVM rejeitou termos de compromisso em outros PAS, como o de aquisição da GetNinjas em agosto de 2025, e abriu processos contra o CEO Dario Graziato Tanure por negociações em período vedado.
Nas redes sociais, o caso gerou repercussão imediata. Postagens no X (antigo Twitter) de perfis como @NewsLiberdade destacaram reuniões da Reag com o presidente do Banco do Brasil, Gabriel Galípolo, em 11 de agosto de 2025, e o ministro Alexandre Padilha, questionando proximidades políticas. Outros, como @iaragb, criticaram a venda para a Arandu como “eficiência em mudar de mãos”, enquanto @FelipeTadewald alertou para o risco a empresas listadas. A Bloomberg en Español, em 6 de dezembro de 2025, descreveu o caso como “o maior de lavado que sacode o Brasil”, expondo vacíos regulatórios. A PF e Receita monitoram ramificações no Norte e Nordeste, com interdições de postos e lavagem estimada em R$ 5 bilhões, conforme @iaragb em 6 de dezembro.
O episódio expõe vulnerabilidades no setor, com cerca de 40 fundos suspeitos na Carbono Oculto, 10 sob a Reag, que renunciou a oito em 2024 por falhas de monitoramento, segundo o Valor Econômico. Especialistas, como Adriana Fernandes na Folha de S.Paulo, apontam “ponto cego na governança dos fundos” pela CVM, facilitando camadas de operações criminosas. A Reag apresentou esclarecimentos no processo regulatório, mantendo o espaço aberto para respostas dos executivos – solicitadas pela reportagem do Estadão, mas não obtidas além da nota oficial.
Leia a íntegra da nota da Reag:
A companhia esclarece que não existe, neste momento, qualquer acusação formulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O documento recentemente recebido trata-se de um relatório preliminar, emitido apenas para que a empresa apresente seus esclarecimentos dentro do processo regulatório. É igualmente importante destacar que:
1. Apesar de o atual Processo Administrativo ter se originado do PIC 66/24, a fiscalização realizada pela Superintendência de Relações com Investidores Institucionais (SIN) e as conclusões apresentadas não têm relação com os fatos apurados no PIC 66/24, nem com aqueles investigados no PIC 30/22.
2. As supostas desconformidades identificadas em documentos de políticas e manuais de PLD/FTP — em referência ao art. 4º, I, e ao art. 7º, §4º, da RCVM 50 — não indicam ausência ou insuficiência dos controles e procedimentos adotados pela companhia. Tais controles existem, são efetivamente aplicados e passam por aprimoramentos contínuos, em linha com as melhores práticas regulatórias.
A companhia reforça seu compromisso permanente com a transparência, a governança e o cumprimento integral das normas aplicáveis, mantendo-se à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários.
O que você acha desse caso? Ele sinaliza falhas sistêmicas no mercado financeiro ou é isolado? Comente abaixo sua opinião, compartilhe com investidores e profissionais do setor para debatermos a necessidade de reformas regulatórias. Sua voz importa para pressionar por mais transparência!
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