Rede oculta no STJ: Operação Sisamnes desvenda esquema bilionário de venda de sentenças e abala confiança no judiciário
PF e PGR avançam em investigação que expõe lobistas, servidores e tentativas de obstrução – O que revelam os novos relatórios e denúncias?
A Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em novembro de 2024, continua a ganhar contornos dramáticos em novembro de 2025, com novas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) e relatórios que pintam um quadro de corrupção sistêmica no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Inspirada na história persa de um juiz corrupto esfolado vivo, a operação já acumula dez fases, bloqueios de R$ 20 milhões e prisões, focando em um suposto “mercado de influência” que transformou gabinetes ministeriais em alvos de lobistas e servidores inescrupulosos. A investigação, sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF) e relatoria do ministro Cristiano Zanin Martins, apura crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com ênfase em falências e recuperações judiciais de empresas do agronegócio – setor que movimenta bilhões e disputa terras no Centro-Oeste.
Relatórios da PF, como o de 426 páginas subscrito pelo delegado Marco Bontempo (que se afastou em outubro de 2025 por esgotamento físico e mental), dão “cara” a um “leilão de decisões judiciais”. Diálogos entre o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e o advogado Roberto Zampieri (assassinado em dezembro de 2023 em Cuiabá, MT) revelam acesso antecipado a minutas sigilosas e manipulações em processos. Em 28 de outubro de 2019, Andreson escreveu: “Quem vai fazer o voto vai ser a juíza extrutora amiga minha”, referindo-se a uma auxiliar de ministro. “Ela falou que vai pegar pra fazer. Se a gente acerta ela faz a favor e entrega pra mim”, prosseguiu, enviando arquivos internos do gabinete da ministra Isabel Gallotti com siglas de editores – prova de vazamento pré-publicação.
A troca escalou para menções diretas a ministros: “Você mostrou o voto do Buzzi a ele?”, perguntou Andreson sobre Marco Aurélio Buzzi. “Esses dois vão sair essa semana”, garantiu sobre as minutas. “Quando ele paga para o Salomão ir com a gente”, seguiu, citando o vice-presidente Luís Felipe Salomão. A PF interpreta: “No intuito da viabilidade, o lobista Andreson encaminhou duas minutas de decisões que têm como relatora a ministra Isabel Gallotti e que sairiam naquela semana. Na sequência, Andreson perguntou a Zampieri quanto ele pagaria para que os ministros Salomão e Gallotti os favorecessem, sendo citado, ainda, o ministro Buzzi.” No dia 29, Gallotti assinou as decisões, publicadas em 4 de novembro – idênticas às vazadas. Dias depois: “Zamp. Cadê o povo. Só duas hoje Zamp”, provocou Andreson. “Você tá foda!!!!!! Quero ver os meus bandido!!!!!”, rebateu Zampieri. “Já fez esperando passar. No crivo dela. Fica em paz. Tá tudo ok”, respondeu, reenviando os documentos assinados.
Atualizações de outubro de 2025 ampliaram o escopo. A PF identificou mensagens sobre repasses de até R$ 20 milhões para “investir lá em cima” – eufemismo para o STJ –, como em troca de Zampieri: “Vocês têm que preparar uns R$ 20 milhões para investir lá em cima, e aí resolve, caso contrário é perigoso”. Outro indício: registro de R$ 1,12 milhão à advogada Catarina Buzzi, filha de Marco Aurélio Buzzi, no celular de Andreson, próximo a contatos com Zampieri e o empresário Haroldo Augusto Filho, da Fource Consultoria (alvo por fraudes em recuperações judiciais). Em 3 de outubro, nova fase cumpriu buscas contra Andreson, em prisão domiciliar, por continuidade delitiva. Em 14 de outubro, a PF apontou “elo criminoso” com mais servidores.
O ponto alto da semana veio em 4 de novembro de 2025: a PGR denunciou um ex-sargento da PM de Mato Grosso, segurança de lobista, por obstrução de justiça. Ele escondeu o celular de um investigado durante buscas da PF em outubro, alertando alvos sobre a operação – crime que prevê até oito anos de reclusão.
A denúncia, movida pela procuradora Raquel Dodge, expõe tentativas de acobertamento e reforça a tese de uma “rede sofisticada de intermediários”. Nas redes sociais, como no X (antigo Twitter), o caso ganhou tração: posts de jornalistas como Breno Pires questionam o acompanhamento público, enquanto perfis como Malcon Mazzucatto criticam a “máfia da toga”, chamando por prisões imediatas.
Debates no portal Jornal Grande Bahia destacam divisões internas no STJ, com queixas de ministros à PF por menções em relatórios.
Pelo menos sete processos sob relatoria de Gallotti estão sob análise, com “proximidade temporal” entre diálogos e atos processuais como indício chave de manipulação. A PF crava: “A proximidade temporal entre os diálogos e a movimentação dos atos processuais (separados por poucas horas e alinhados no mesmo dia) constitui indício relevante de que informações sobre a tramitação das minutas já circulavam no ambiente dos investigados antes da sua publicação oficial”, reforçando acesso privilegiado no gabinete de Gallotti.
Os ministros relatantes – Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Og Fernandes – não são investigados. Og, por assessoria: “não tem conhecimento desses novos fatos e reforçou que, respeitando o direito ao contraditório, quem cometer ato ilícito deve assumir as consequências legais cabíveis”. Andrighi: “os processos de responsabilização encontram-se em andamento, a fim de que os fatos sejam devidamente esclarecidos e os responsáveis punidos de forma exemplar”. Gallotti: “desconhece o conteúdo da investigação, porque tramita em sigilo, e que seu gabinete está à disposição para auxiliar, no que seja necessário, a fim de que sejam cabalmente apurados os fatos ocorridos e responsabilizados todos os envolvidos”. Buzzi e Salomão, citados mas não alvos, silenciaram. O inquérito divide o STJ: menções geram queixas à PF e STF, mas apenas servidores são investigados até agora.
Três servidores principais: Daimler Alberto de Campos (ex-chefe de Gallotti), Márcio José Toledo Pinto (exonerado após sindicância) e Rodrigo Falcão (ex-chefe de Og). Defesa de Daimler, via Bernardo Fenelon: “A apuração demonstra claramente que não existe nenhum vínculo entre nosso cliente e os fatos sob investigação. Aqueles que mantiveram relação com grupo investigado, inclusive, já foram punidos e demitidos pelo próprio Tribunal. O seu nome (assim como o de outras autoridades) foi utilizado de maneira espúria para gerar uma influência fictícia. Isso se comprova nitidamente neste último relatório da investigação: os contatos telefônicos salvos com o nome ‘Daimler’, na verdade, pertencem a terceiros que ele desconhece absolutamente”. Defesas de Toledo, Falcão e Andreson não responderam ao Estadão quando foram procurados.
A PF avalia que o grupo explorava a sobrecarga de gabinetes para alterações “sem ciência direta do magistrado”, em uma “rede de intermediários” focada no agronegócio, como disputas da Fource. Em maio de 2025, buscas em três estados miraram lavagem de propinas. O STJ não comenta inquéritos do STF, mas reforça apurações internas. Especialistas, em análises da Folha e Jornal Grande Bahia, cobram reformas: maior transparência em minutas e redução de sobrecarga.
Essa saga expõe vulnerabilidades no Judiciário, onde a “venda de fumaça” – promessas vazias de influência – pode encobrir corrupção real. Com a denúncia da PGR nesta semana, a operação ganha fôlego: será que mais nomes cairão? O impacto vai além dos autos, questionando a credibilidade de decisões que afetam bilhões em recuperação judicial.
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Com informações do Estadão, Folha e Grande Bahia



