Na noite de 13 de novembro de 2024, em plena semana de comemoração da Proclamação da República, o Brasil foi impactado por um ato extremo. Um homem, em frente ao Supremo Tribunal Federal e próximo à estátua da Justiça, detonou explosivos que reverberaram como um grito de desespero em uma sociedade que há tempos parece dividida. Embora não tenha destruído estruturas, a explosão simbolizou um abalo mais profundo: o do próprio tecido social, já fragilizado por disputas políticas e pela polarização exacerbada. No gesto trágico, o autor se tornou sua própria vítima, revelando como, nas explosões de ódio e intolerância, o povo paga o preço mais alto.
Esse ato, longe de ser uma anomalia isolada, se insere em uma série de eventos recentes que vêm testando os limites de nossa democracia. Desde a invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, testemunhamos a escalada de um fervor político que, em muitos casos, ultrapassa as fronteiras da civilidade. Mais do que uma disputa de ideias, a polarização tem se revelado como uma espécie de combustão social, pronta para irromper em qualquer momento. O resultado é uma sociedade que, ao se fragmentar, desestabiliza suas próprias bases, enfraquece o sentido do Estado Democrático de Direito e afeta até mesmo as relações familiares e amizades.
Nesse contexto, a racionalização da política emerge não apenas como ideal, mas como um imperativo civilizatório. Em um momento na qual a razão é suprimida pela emoção e o diálogo pela imposição, devemos resgatar os fundamentos da racionalidade moderna, que constitui a base da convivência pacífica e democrática. O filósofo Jürgen Habermas, ao defender a “ação comunicativa,” argumenta que é pelo diálogo que a sociedade se constrói, onde mesmo as divergências encontram espaço para coexistir de forma produtiva. Karl Popper, por sua vez, advertia sobre os perigos do extremismo, defendendo uma “sociedade aberta” que se alimenta da pluralidade de ideias sem recorrer à violência.
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