Queda de balão em SP com 35 à bordo deixa uma vítima fatal e reacende debate sobre segurança aérea
Acidente com voo irregular expõe falhas na fiscalização do balonismo turístico no interior de São Paulo
Na manhã deste domingo, 15 de junho de 2025, um balão tripulado com 35 pessoas caiu em uma área rural de Capela do Alto, no interior de São Paulo, no bairro Distrito do Porto, próximo à estrada municipal Vereador Geraldo Portela, por volta das 8h. O acidente resultou na morte de uma jovem de 26 anos, que chegou a ser socorrida em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos.
Além da vítima fatal, 11 pessoas sofreram ferimentos leves, sendo seis delas encaminhadas para observação no hospital municipal de Capela do Alto, enquanto duas foram transferidas para o Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Os demais ocupantes, segundo a Polícia Militar, deixaram o local antes da chegada das autoridades, dificultando a identificação completa dos envolvidos.
O balão, que transportava 33 passageiros, além do piloto e um auxiliar, decolou de Boituva, cidade vizinha conhecida como a "Capital Nacional do Balonismo Turístico" e que sedia o 38º Campeonato Brasileiro de Balonismo, organizado pela Confederação Brasileira de Balonismo (CBB). A entidade, no entanto, esclareceu que o balão acidentado não estava vinculado ao evento esportivo, sendo operado para fins turísticos de forma irregular. Segundo a CBB, o equipamento não possuía autorização para voar, e o piloto estava com o Certificado de Aeronavegabilidade vencido. O balonista foi preso em flagrante na Delegacia de Tatuí, onde o caso foi registrado como homicídio culposo.
A queda do balão ocorre em um contexto de condições climáticas desfavoráveis, que já haviam levado à suspensão de todos os voos programados para o campeonato em Boituva no domingo. A CBB informou que alertas meteorológicos indicavam instabilidade na região, com ventos fortes, e que a orientação era para que voos turísticos também fossem cancelados. Apesar disso, a empresa responsável pelo balão ignorou as recomendações, levantando questionamentos sobre a segurança e a fiscalização de atividades turísticas no setor. Relatos preliminares sugerem que o balão voava a uma altitude muito baixa, possivelmente devido a ventos intensos ou falhas técnicas, o que está sendo investigado pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA) e pela Polícia Civil.
A operação irregular do balão não é um caso isolado. A CBB destacou que a empresa responsável já havia sido interditada pela prefeitura de Boituva em outras ocasiões, mas continuava a atuar clandestinamente. A falta de documentação e o descumprimento de normas de segurança aeronáutica, como a manutenção adequada do equipamento e a qualificação do piloto, são pontos centrais da investigação. O SERIPA, órgão ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), isolou a área para coletar evidências e deve emitir um relatório preliminar nas próximas semanas. A Polícia Civil, por sua vez, apura se houve negligência ou dolo por parte da empresa, que ainda não teve seus responsáveis localizados.
A tragédia reacende o debate sobre a regulamentação do balonismo turístico no Brasil, especialmente em regiões como Boituva, que atrai milhares de visitantes anualmente para voos recreativos. A cidade, localizada a cerca de 120 km da capital paulista, é referência nacional em balonismo e paraquedismo, mas já registrou incidentes semelhantes no passado. Em maio de 2022, um balão tripulado fez um pouso forçado em Porto Feliz, a poucos quilômetros de Capela do Alto, deixando nove feridos. Na ocasião, a Polícia Civil apontou que o voo foi realizado apesar de alertas de ventos fortes, resultando em investigações por lesão corporal e periclitação de vida.
A região de Sorocaba, que engloba Capela do Alto, Boituva e outras cidades próximas, tem enfrentado desafios na fiscalização de atividades aerodesportivas. Apesar de o balonismo ser considerado seguro quando realizado dentro das normas, a ausência de licenças, a desobediência a alertas meteorológicos e a falta de manutenção adequada dos equipamentos têm contribuído para acidentes. A CBB reforça a importância de seguir protocolos rigorosos, como verificação das condições climáticas e certificação de pilotos pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Nas redes sociais, moradores de Capela do Alto e Boituva compartilharam imagens e relatos do acidente. Um vídeo enviado por um residente local ao perfil Sorocabanices mostra o balão voando baixo momentos antes da queda, enquanto outro registro, feito pelo senhor Valério, dono do sítio onde o balão caiu, exibe o equipamento danificado no solo e a movimentação de equipes de resgate. A comoção nas redes é grande, com usuários pedindo maior rigor na fiscalização de empresas de balonismo turístico e lamentando a perda da jovem vítima, que, segundo o portal Metrópoles, estava grávida.
O acidente também gerou impacto no 38º Campeonato Brasileiro de Balonismo, que teve suas atividades suspensas no domingo por questões de segurança. O evento, que reúne pilotos de seis estados brasileiros e atrai público com balões em formatos especiais, como o capacete de Ayrton Senna e a Galinha Pintadinha, é um dos principais do calendário nacional da modalidade. A interrupção das provas reflete a gravidade do incidente e a necessidade de revisão das práticas de segurança na região.
As investigações em curso pelo SERIPA e pela Polícia Civil devem esclarecer as causas exatas da queda e determinar responsabilidades. Entre os pontos analisados estão a manutenção do balão, a qualificação do piloto, as condições climáticas e as tentativas de pouso malsucedidas relatadas durante o voo. A tragédia em Capela do Alto serve como alerta para a importância de uma fiscalização mais rigorosa e da conscientização de passageiros sobre a necessidade de verificar a regularidade das empresas antes de contratar passeios de balão.
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