PRF Apreende 103 kg de ouro em Roraima com suspeita de origem em Rondônia
Maior apreensão de ouro da história da PRF no Brasil levanta questões sobre garimpo ilegal e rotas de contrabando na região Norte. Leia os detalhes!
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou, nesta segunda-feira (4), a maior apreensão de ouro da sua história no Brasil. Foram confiscados 103 kg de ouro, avaliados em aproximadamente R$ 61 milhões, de acordo com a cotação atual do Banco Central. O minério, dividido em barras, foi encontrado escondido no painel de uma caminhonete Toyota Hilux, durante uma abordagem na BR-401, em Boa Vista, Roraima. A suspeita é de que o ouro tenha origem em Rondônia, o que reforça preocupações sobre o garimpo ilegal e as rotas de contrabando na região Norte do país.
O motorista do veículo, um homem de 30 anos que trabalha na área de construção civil e "grandes obras", foi preso. Ele estava acompanhado de sua esposa e de um bebê de 9 meses no momento da abordagem. A operação da PRF levanta questões sobre a origem do ouro, os destinos prováveis do contrabando e a necessidade de maior fiscalização nas fronteiras.
Contexto da apreensão
A abordagem ocorreu por volta do meio-dia, na altura da ponte dos Macuxis, na BR-401, uma rodovia estratégica que conecta Boa Vista a áreas próximas às fronteiras com a Venezuela e a Guiana. Durante a fiscalização, os agentes da PRF notaram inconsistências na documentação apresentada pelo motorista, o que motivou uma busca mais detalhada no veículo. Foi então que as barras de ouro foram descobertas, escondidas no painel da caminhonete.
Segundo o agente Rodrigo Magno, da PRF, a operação foi resultado de técnicas policiais e do monitoramento de rotas mapeadas para atividades suspeitas. "Percebemos sinais de que algumas partes do carro haviam sido mexidas. Isso nos levou a aprofundar a inspeção", explicou Magno. Ele também destacou que, embora Roraima registre diversas ocorrências relacionadas ao garimpo ilegal, esta foi a maior apreensão de ouro já realizada no estado.
Inicialmente, a PRF divulgou que haviam sido apreendidos 104 kg de ouro, mas, após pesagem na sede da Polícia Federal, a quantidade foi ajustada para 103 kg. A diferença, segundo a corporação, ocorreu porque a primeira medição incluiu o peso do material ainda embalado em papel.
Suspeita de origem em Rondônia e destinos possíveis
De acordo com informações da Casa de Governo, órgão federal que atua no combate ao garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima, há fortes indícios de que o ouro apreendido tenha saído de Rondônia. Este estado, conhecido por suas atividades de mineração, tem sido frequentemente associado a casos de extração ilegal, especialmente em áreas próximas a terras indígenas e unidades de conservação.
A suspeita é de que o ouro seria levado para a Venezuela ou para a Guiana, países que fazem fronteira com Roraima e que, historicamente, são destinos de contrabando de minérios extraídos ilegalmente no Brasil. Essa rota de contrabando não é nova: relatórios de órgãos como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Ministério Público Federal (MPF) já apontaram a existência de redes organizadas que utilizam essas fronteiras para escoar ouro e outros recursos naturais.
Contexto histórico do garimpo ilegal na região Norte
O garimpo ilegal é um problema crônico na região Norte do Brasil, especialmente em estados como Rondônia, Roraima e Amazonas. Desde a década de 1980, a extração de ouro tem atraído milhares de pessoas para áreas remotas da Amazônia, muitas vezes em condições precárias e sem qualquer regulamentação. Além do impacto ambiental, com desmatamento e contaminação de rios por mercúrio, o garimpo ilegal também está associado a crimes como tráfico de drogas, violência contra comunidades indígenas e sonegação fiscal.
Em Roraima, a crise humanitária envolvendo os Yanomami, agravada pelo avanço do garimpo em suas terras, levou o governo federal a instalar a Casa de Governo em 2023, com um orçamento de R$ 1 bilhão para combater essas atividades ilegais. Apesar dos esforços, apreensões como a desta segunda-feira mostram que o problema está longe de ser resolvido.
Em Rondônia, casos de garimpo ilegal também têm sido frequentes. Áreas como a Floresta Nacional do Jamari e terras indígenas como a Roosevelt têm sofrido com a invasão de garimpeiros, muitas vezes com a conivência de autoridades locais ou a falta de fiscalização efetiva. A suspeita de que o ouro apreendido tenha origem em Rondônia reforça a necessidade de maior integração entre os estados e o governo federal para coibir essas práticas.
Comparação com outras apreensões
A apreensão de 103 kg de ouro em Boa Vista supera o recorde anterior em Roraima, que era de 21 kg, registrados em junho de 2024. Naquela ocasião, duas pessoas foram presas com 33 barras ilegais, avaliadas em cerca de R$ 10 milhões. Esses números mostram a escala do contrabando de ouro na região e a ousadia das redes criminosas que operam nesses estados.
A nível nacional, a PRF informou que esta é a maior apreensão de ouro já realizada pela corporação em todo o país, o que evidencia a importância da operação e a necessidade de reforçar a fiscalização em rodovias que servem como corredores para o contrabando.
Investigação e próximos passos
O minério apreendido foi encaminhado à sede da Polícia Federal em Boa Vista para investigação. A caminhonete Toyota Hilux, ano 2024, utilizada no transporte, não está registrada em nome do motorista preso, e a PRF não divulgou informações sobre o verdadeiro proprietário do veículo. Este detalhe levanta suspeitas sobre a possível participação de terceiros ou de uma rede organizada por trás do transporte do ouro.
A Polícia Federal agora trabalha para identificar a origem exata do minério, os responsáveis pela extração e os destinatários finais do contrabando. Além disso, será necessário investigar se há envolvimento de empresas ou indivíduos ligados ao setor de construção civil, já que o motorista preso atua nesse ramo.
Repercussão e informações adicionais
A notícia da apreensão rapidamente ganhou destaque nas redes sociais e em portais de notícias locais. No Twitter, usuários de Roraima e Rondônia comentaram sobre a gravidade do caso e a necessidade de maior controle nas fronteiras. Um usuário escreveu: "103 kg de ouro não é pouca coisa. Isso mostra como o garimpo ilegal está fora de controle na nossa região. Cadê a fiscalização?".
A apreensão de 103 kg de ouro em Boa Vista, com suspeita de origem em Rondônia, é um marco no combate ao contrabando de minérios na região Norte do Brasil. Mais do que um recorde para a PRF, a operação expõe a complexidade do garimpo ilegal, que envolve redes criminosas, impactos ambientais devastadores e desafios para a governança pública. Enquanto as investigações seguem na Polícia Federal, a sociedade civil e os governos estaduais e federal precisam unir esforços para enfrentar esse problema estrutural.
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