Preta Gil morre aos 50 anos: uma vida de luta e legado pela diversidade
A notícia foi confirmada pela assessoria da artista e pelo pai, o cantor Gilberto Gil, em um comunicado oficial nas redes sociais,
Preta Maria Gadelha Gil Moreira, conhecida como Preta Gil, faleceu no domingo, 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em Nova York, onde buscava tratamento experimental contra um câncer colorretal diagnosticado em janeiro de 2023. A notícia foi confirmada pela assessoria da artista e pelo pai, o cantor Gilberto Gil, em um comunicado oficial nas redes sociais, que destacou a tristeza da família e os esforços para repatriar o corpo ao Brasil. “É com tristeza que informamos o falecimento de Preta Maria Gadelha Gil Moreira, em Nova Iorque, onde estamos nesse momento cuidando dos procedimentos para sua repatriação ao Brasil. Pedimos a compreensão de tantos queridos amigos, fãs e profissionais da imprensa enquanto atravessamos esse momento difícil em família”, declarou Gilberto Gil.
Nascida no Rio de Janeiro em 8 de agosto de 1974, Preta era filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa. Sua trajetória foi marcada por uma carreira multifacetada como cantora, atriz, apresentadora e empresária, além de um ativismo incansável contra preconceitos como racismo, gordofobia e homofobia. Mulher negra, bissexual e fora dos padrões estéticos convencionais, Preta transformou suas experiências pessoais em uma plataforma de luta pela diversidade e autoaceitação, tornando-se um símbolo de resistência e empoderamento, especialmente para a comunidade LGBTQIA+.
Uma carreira vibrante na música e no carnaval
Preta Gil iniciou sua carreira musical aos 28 anos com o álbum Prêt-à-Porter (2003), que já trazia sua ousadia ao posar nua para a capa, desafiando padrões conservadores da época. A decisão, como ela mesma refletiu anos depois, foi um marco de coragem: “Se tivesse feito essas fotos hoje, eu seria taxada de mulher empoderada. Valeu a ousadia”. Ao longo de sua trajetória, lançou seis álbuns, incluindo Preta (2005), Noite Preta ao Vivo (2010), Sou Como Sou (2012), Bloco da Preta (2014) e Todas as Cores (2017), com parcerias de peso como Anitta, Lulu Santos, Ivete Sangalo, Pabllo Vittar e Gal Costa. Sua música, que transitava entre axé, samba e pop, celebrava a diversidade e questionava o ódio nas redes sociais, como na canção Vá Se Benzer, gravada com Gal Costa.
Além da música, Preta revolucionou o carnaval carioca com o Bloco da Preta, fundado em 2009, que se tornou um dos mais populares do Rio de Janeiro, atraindo milhares de foliões anualmente. Em 2019, o bloco estreou em São Paulo, consolidando sua influência cultural. Mesmo durante o tratamento contra o câncer, Preta manteve o otimismo, prometendo retornar ao comando do bloco após a recuperação: “Vou seguir meu tratamento oncológico com foco na cura, mas tenho certeza que no próximo ano estaremos juntos novamente”, disse em 2023, quando cancelou sua participação.
Ativismo e impacto social
Preta Gil foi muito além dos palcos. Sua luta contra o racismo, a gordofobia e o machismo a transformou em uma referência para minorias. Em suas redes sociais, rejeitava filtros e edições, exibindo cabelos brancos durante a pandemia e posando de biquíni sem retoques, desafiando padrões de beleza. Quando enfrentou comentários gordofóbicos, inclusive de figuras públicas como Silvio Santos, respondeu com altivez, defendendo a autoaceitação. “Quero sempre representar o que a sociedade se identifica como minoria, mas é maioria”, declarou à revista Quem.
Como empresária, Preta também deixou sua marca, fundando agências e produzindo videoclipes, além de revolucionar a comunicação nas redes sociais, onde se tornou uma das maiores influenciadoras do Brasil. Sua transparência ao compartilhar a luta contra o câncer inspirou milhões, conscientizando sobre a importância do diagnóstico precoce. Em 2024, lançou uma autobiografia relatando suas experiências, reforçando seu compromisso com a autenticidade.
A batalha contra o câncer
Diagnosticada com adenocarcinoma no intestino em janeiro de 2023, Preta enfrentou quimioterapia, radioterapia, cirurgias e internações. Em 2023, uma sepse grave a levou à UTI, e ela passou a usar uma bolsa de ileostomia após a retirada de parte do intestino. No final de 2024, o câncer retornou com metástases, levando-a a buscar tratamentos experimentais nos Estados Unidos, no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, referência mundial em oncologia. Em maio de 2025, consultou o Virginia Cancer Institute, em Washington, para avaliar tratamentos inovadores. Apesar da doença avançada, Preta manteve-se ativa nas redes, compartilhando mensagens de força e otimismo. Em 2025, revelou que usaria uma bolsa de colostomia definitiva após a amputação do reto, enfrentando a nova realidade com coragem.
No início de 2025, Preta desmentiu boatos sobre sua morte que circularam nas redes sociais, afirmando: “Estou vivíssima, e estarei por muito tempo!”. A notícia falsa, publicada em fevereiro, foi rebatida com humor e indignação, mas refletia a atenção pública sobre sua saúde. Sua última internação, em março de 2025, em Salvador, foi devido a uma infecção urinária, após 55 dias de recuperação de uma cirurgia de 21 horas para retirada de tumores.
Repercussão e legado
A morte de Preta Gil gerou comoção nas redes sociais, com homenagens de famosos, fãs e instituições. O perfil do Esporte Clube Bahia, clube do coração da família Gil, publicou: “Preta partiu neste domingo, aos 50 anos, mulher forte e guerreira. O Esquadrão está de luto”. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, também lamentou: “Preta quebrou padrões e lutou contra o preconceito, sempre com coragem e autenticidade”.
Preta deixa o filho, Francisco Gil, músico do grupo Gilsons, e a neta, Sol de Maria. Sua trajetória, marcada por resistência e alegria, continua a inspirar. Como escreveu o Blog do Esmael, “Preta será lembrada por sua coragem, autenticidade e enfrentamento público da dor, sempre de cabeça erguida”. Sua luz, como muitos disseram, seguirá iluminando caminhos para quem ousa viver com verdade.
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