Pressão do Mercado: Grupo Mateus contrata nova auditoria após erro bilionário em estoque
Descoberta de irregularidades na contabilidade de estoques provoca queda de 19% nas ações e atrai escrutínio regulatório; medidas de correção sinalizam esforços para fortalecer controles internos
O Grupo Mateus, uma das principais redes de varejo e atacado do Brasil, com forte presença no Norte e Nordeste, enfrenta um momento de turbulência financeira e de governança após revelar erros na contabilidade de seus estoques avaliados em R$ 1,1 bilhão no balanço patrimonial de 2024. O ajuste, divulgado no balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25), publicado em 13 de novembro de 2025, reduziu o valor dos estoques de R$ 6 bilhões para R$ 4,9 bilhões em 31 de dezembro de 2024, impactando diretamente o patrimônio líquido da companhia, que encolheu em quase R$ 695 milhões, para R$ 9,1 bilhões. Essa correção também afetou o custo médio das mercadorias vendidas (CPV), inflando artificialmente o lucro bruto e a margem bruta de 2024, com a reserva de retenção de lucros caindo 84%, de R$ 824 milhões para R$ 130 milhões
A revelação gerou imediata reação negativa no mercado: desde a divulgação, as ações do Grupo Mateus (GMAT3) acumularam queda de 19% até 25 de novembro de 2025, em seis dos últimos sete pregões, equivalendo a uma perda de cerca de R$ 1,9 bilhão em valor de mercado. A margem bruta do 3T25 foi de 21,3%, ante 22,3% no mesmo período de 2024, uma redução de um ponto percentual, agravada por aumentos em perdas e quebras de estoque, reapresentadas de zero para R$ 35 milhões em 2024 e quase R$ 79 milhões até setembro de 2025.
Analistas atribuem parte do problema a falhas históricas nos controles internos, identificadas pela auditoria anterior, a Grant Thornton, que apontou 42 deficiências moderadas em 2021, incluindo estoques, e deixou o cargo no fim de 2024 devido à rotatividade obrigatória, dando lugar à Forvis Mazars em 2025.
Os erros envolveram irregularidades no cálculo do CPV, inventários infrequentes — como lojas abertas há dois anos sem contagem física e ciclos de no máximo quatro meses —, além de questões tributárias relacionadas ao ICMS, falta de padronização interna e fatores operacionais como sobras de produtos perecíveis (ex.: restos de carnes), altas quebras devido a temperaturas regionais, furtos — incluindo um esquema de desvio na unidade Mix Mateus Bacabal, descoberto em setembro de 2025 — e desafios na importação de itens. A companhia investiu R$ 15 milhões em melhorias para aumentar a frequência de inventários, mas o mercado questiona a tardia divulgação e a efetividade das medidas.
Em resposta à crescente pressão de acionistas minoritários, analistas de bancos e do regulador, o Grupo Mateus anunciou a contratação de uma nova auditoria paralela à Forvis Mazars, com início previsto para janeiro de 2026. A escolha recai sobre uma das líderes globais do setor — possivelmente KPMG, EY ou PwC —, conforme apurações exclusivas do Valor Econômico. A diretoria nega que se trate de um acompanhamento para novos ajustes, afirmando que a contabilidade de 2024 já incorporou todas as correções identificadas internamente entre 2024 e 2025. No entanto, persistem dúvidas sobre riscos de novas discrepâncias nas baixas de estoque.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) intensificou o escrutínio: em ofício da semana passada, baseado em reportagem de 19 de novembro de 2025, questionou a empresa sobre a contabilidade de estoques e inventários, e em 21 de novembro de 2025, publicou comunicado cobrando a falta de fato relevante. O Grupo Mateus respondeu que o impacto líquido foi de R$ 731,2 milhões nos ativos totais de 2024 (R$ 19 bilhões, ou 3,8%), mantendo o patrimônio líquido estável no 3T25.
Teleconferências com investidores ocorreram desde a semana passada, e em 14 de novembro de 2025, a direção destacou avanços em governança, como revisão de estrutura de custeio com novo sistema de rastreabilidade e reforço em controles antifurtos.
O Comitê de Auditoria da companhia é composto por Sergio Alexandre Figueiredo Clemente (membro independente), Claudia Fernandes Ferreira (ex-chefe de contabilidade da Guararapes) e Corinto Lucca Arruda. Em comunicação recente ao mercado, o Grupo Mateus esclareceu: “não houve erro contábil nos estoques, mas uma revisão técnica”, ligada ao aprimoramento de controles internos, políticas de custeio e integração de sistemas, já divulgada no 3T25 e sem relação com falhas operacionais.
Especialistas veem o episódio como alerta para varejistas em expansão rápida, onde a governança pode ser sacrificada em prol do crescimento, e destacam que problemas semelhantes foram sinalizados desde 2021.
Nas redes sociais, como o X (antigo Twitter), investidores e analistas debatem o caso, com posts apontando para a necessidade de maior transparência e reforço em compliance. Esse cenário reflete desafios mais amplos no setor de varejo brasileiro, onde controles rigorosos são essenciais para mitigar riscos em operações de grande escala. O Grupo Mateus, que saiu do forno como uma das “queridinhas” do mercado após seu IPO, agora precisa reconquistar a confiança para sustentar sua trajetória de expansão.
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