Presidente da Universal Music é réu por sequestro e cárcere privado da ex-esposa, internada à força
Ex-marido teria armado internação psiquiátrica forçada após descobrir novo relacionamento da vítima; Helena Lahis ficou 21 dias confinada sem contato com o mundo exterior
Em um caso chocante que expõe os limites entre poder e controle nas relações conjugais, Paulo Henrique de Lima, presidente da Universal Music Brasil, tornou-se réu em um processo criminal por supostamente orquestrar a internação psiquiátrica involuntária de sua ex-esposa, a escritora Helena Lahis, em 2019. O caso, que ganhou notoriedade após reportagem da revista Piauí, revela contornos perturbadores de uma suposta vingança motivada por ciúmes.
De acordo com os documentos processuais, que somam mais de 4.300 páginas, a internação aconteceu em 20 de outubro de 2019, quando Lahis foi surpreendida em seu próprio apartamento por uma psiquiatra amiga da família e dois enfermeiros. A escritora foi levada contra sua vontade à clínica Espaço Clif, em Botafogo, Rio de Janeiro, onde permaneceu em confinamento por 21 dias.
O gatilho para a internação teria sido a descoberta de um novo relacionamento da escritora por parte do ex-marido, que estava em processo de separação. Lima chegou a alegar a amigos que a ex-esposa estava sob influência de um "trabalho espiritual", justificativa que contrasta com a avaliação do psicanalista que acompanhava Lahis na época, que afirmou categoricamente não haver qualquer sinal de transtorno psiquiátrico.
Investigação e consequências legais
O Ministério Público indiciou não apenas Paulo Henrique de Lima, mas também a psiquiatra Maria Antonia Serra Pinheiro e o ex-diretor técnico da clínica, Gabriel Bronstein Landsberg. Os acusados respondem por crimes de privação de liberdade mediante sequestro ou cárcere privado, e no caso de Lima, também por invasão de dispositivo automático.
O processo, que corre em segredo de Justiça no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, aguarda decisão da juíza sobre prosseguimento ou absolvição sumária dos réus.
Impacto financeiro e emocional
As consequências para Helena Lahis foram devastadoras. Após o divórcio, formalizado em dezembro de 2019, ela precisou vender seu apartamento para arcar com as custas processuais, tendo consumido toda sua parte da partilha com honorários advocatícios. Atualmente, reside no mesmo local onde funciona sua editora.
"Foi um ataque à minha dignidade, à minha capacidade cognitiva, relacional, profissional", declarou Lahis, que ainda luta para se recuperar do trauma sofrido durante os 21 dias de confinamento, durante os quais foi mantida sem qualquer comunicação com o mundo exterior.
A libertação só foi possível graças à intervenção externa: uma mãe de outra paciente conseguiu entregar uma carta ao novo namorado de Lahis, resultando em um habeas corpus que determinou sua liberação imediata em 10 de novembro de 2019.
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Palavras-chave: Universal Music Brasil, internação involuntária, violência doméstica, abuso de poder, justiça criminal
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