Presidente da Alerj orientou TH Jóias a 'sumir com tudo' um dia antes da operação que prendeu ex-deputado
Em um golpe contra a interferência em investigações policiais, a Polícia Federal revela conexões entre o poder legislativo e ações que beneficiaram suspeitos de tráfico no Rio de Janeiro
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (3) a Operação Unha e Carne, resultando na prisão preventiva do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil). A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também cumpriu oito mandados de busca e apreensão e um mandado de intimação para medidas cautelares alternativas à prisão. Segundo a PF, Bacellar é suspeito de vazar informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro de 2025, o que teria obstruído investigações sobre crimes ligados ao tráfico de drogas e associação ao crime organizado.
A Operação Zargun, que resultou na prisão do então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (MDB), investigava o uso indevido do mandato parlamentar para intermediar a compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados a comunidades controladas pelo Comando Vermelho (CV), facção criminosa atuante no Complexo do Alemão.
TH Joias, que assumiu a vaga na Alerj em junho de 2024 como segundo suplente após a morte do deputado Otoni de Paula e a recusa de Rafael Picciani (PL), foi expulso do MDB logo após sua prisão em 3 de setembro. A suspeita de vazamento já havia sido levantada no dia da operação pelo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira.
De acordo com as investigações da PF, obtidas por meio de análise de mensagens no celular de TH Joias, Bacellar teria alertado o parlamentar por telefone sobre a iminente deflagração da Operação Zargun, na tarde anterior à ação. Além do aviso, o presidente da Alerj teria orientado TH Joias a destruir provas, o que levou o investigado a realizar uma “limpa” em sua residência, organizando uma mudança com um caminhão-baú para remover objetos comprometedores. TH Joias também zerou o conteúdo de seu celular original e adquiriu um aparelho novo, no qual enviou uma filmagem para Bacellar, questionando se poderia deixar itens como um freezer em local seguro. A resposta de Bacellar, capturada nas mensagens não apagadas do novo dispositivo, foi: “Deixa isso, tá doido? Larga isso aí, seu doido”.
A PF ainda apura a origem do vazamento inicial para Bacellar, que pode envolver outros agentes públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares e um ex-secretário estadual.
A prisão de Bacellar, um dos principais aliados do governador Cláudio Castro (PL) e reeleito por unanimidade como presidente da Alerj em fevereiro de 2025, representa um abalo significativo no cenário político fluminense.
Com a detenção, a vice-presidência da casa legislativa passa temporariamente para o deputado Guilherme Delaroli (NOVO), irmão do prefeito de Itaboraí. A Alerj e a defesa de Bacellar foram procuradas para comentários, mas até o momento da publicação desta reportagem, não se manifestaram.
Nas redes sociais, a notícia gerou repercussão imediata. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) postou no X (antigo Twitter): “A Polícia Federal acaba de prender o presidente da Assembleia Legislativa do estado do Rio. O todo poderoso Rodrigo Bacellar teria vazado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro. A operação de hoje se chama Unha e Carne. Seria alguma referência às relações de estreita proximidade do deputado?”.
Perfis jornalísticos como @camarotedacpi destacaram: “O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar [União-RJ], foi preso pela PF na Operação Unha e Carne. Ele é suspeito de vazar dados sigilosos da Operação Zargun, o que, segundo a PF, teria prejudicado as investigações sobre grupos criminosos no Rio”. Outros usuários, como @LucraComigo, criticaram: “Alerj virou extensão da facção? O povo vota num, quem manda é outro”, referindo-se às ligações com o CV.
Essa operação se soma a uma série de investigações que expõem a infiltração de facções criminosas na política carioca, como visto em ações anteriores contra parlamentares e autoridades. A PF enfatiza que o vazamento de dados sigilosos comprometeu a eficácia das apurações, reforçando a necessidade de maior transparência e responsabilidade no Legislativo. Especialistas em direito penal consultados por veículos como a Folha de S.Paulo apontam que crimes como obstrução de justiça e vazamento de informações sigilosas podem resultar em penas de até oito anos de reclusão, além de inelegibilidade.
O caso reacende debates sobre a influência do crime organizado no poder público fluminense, especialmente em um estado historicamente marcado por disputas entre facções como o CV e o Terceiro Comando Puro. Enquanto a PF continua as diligências, o Rio de Janeiro aguarda os desdobramentos judiciais, que podem envolver mais figuras proeminentes da cena política local.
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