Porto Velho à espera de um hospital seu
Por décadas de espera e promessas, o antigo sonho de um hospital municipal robusto volta à vida, mas as cicatrizes ainda ecoam
Desde os anos 2000, o Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II (JP II), em Porto Velho, carrega o peso de falhas estruturais e crises crônicas. Relatórios de fiscalização apontaram superlotação histórica, uso de macas e leitos improvisados, pacientes em corredores, falta de insumos essenciais, ausência de profissionais-chave para atendimento e condições indignas de higiene e conforto.
Em 2023, uma vistoria conjunta do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO) e do Ministério Público de Contas de Rondônia (MPC-RO) constatou “superlotação, pacientes atendidos em macas e equipamentos improvisados, em ambiente desconfortável e degradante”.
No ano de 2025, nova inspeção do TCE-RO voltou a denunciar problemas graves: tomógrafo e aparelho de ultrassom inoperantes, falta de medicamentos e insumos básicos, e ausência de profissionais que deveriam estar de plantão.
Além disso, fiscalizações técnicas do CREA-RO revelaram que, durante obras no hospital, trechos tiveram forro removido, infiltrações causadas por chuvas e ausência de isolamento das áreas em reforma, circunstâncias que geram risco a pacientes, visitantes e trabalhadores. Foi sugerida a desocupação imediata de áreas irregulares.
Em muitas dessas ocasiões, o que sobrou foi apenas a mobilização de profissionais da saúde e o esforço de quem depende do SUS.
Esse cenário revela não apenas a precarização de um hospital, mas o colapso da rede pública hospitalar na capital. Porto Velho é hoje praticamente a única capital brasileira sem um hospital municipal de grande porte estruturado para atender à população com segurança, dignidade e cobertura ampla. A dependência de hospitais estaduais como o JP II, à beira do colapso por anos, expõe a fragilidade e o descaso institucional no atendimento à saúde pública.
Nos últimos anos, declarações oficiais ressaltam esforços de melhora: segundo dados divulgados em 2025, o JP II aumentou sua capacidade para cerca de 141 leitos, com centro cirúrgico, UTI, atendimentos de emergência e volume elevado de exames.
Mesmo assim, a sobrecarga histórica e a falta de estrutura nunca foram totalmente superadas.
Agora, surge a promessa de uma virada com o Hospital Universitário Municipal de Porto Velho, com ares de resposta aos anos de negligência. Após a confirmação pelo Prefeito Léo Moraes, os porto-velhenses estão ansiosos por essa entrega que vai se configurar como o recomeço de uma saúde pública na capital rondoniense.




