PF pede investigação sobre possível simulação da entrada de Filipe Martins nos EUA às vésperas dos atos de 8 de Janeiro
Em ofício enviado ao STF a Polícia Federal (PF) aponta indícios de que o ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, teria simulado a entrada no território americano
Em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal (PF) aponta indícios de que o ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro, Filipe Garcia Martins Pereira, teria tido a entrada no território americano registrada de forma simulada — ele, entretanto, nega ter viajado e denuncia “abuso de autoridade”. A disputa entre acusação e defesa reacende o debate sobre o núcleo central da trama golpista que levou aos eventos de 8 de janeiro.
O caso tem os seguintes contornos principais:
Contexto e cronologia
Em 30 de dezembro de 2022, a PF alega que o nome de Filipe Martins apareceu “em uma lista de passageiros que estariam a bordo do avião presidencial com destino a Orlando, nos Estados Unidos”.
A corporação afirma também que “um registro de entrada foi identificado no sistema do Departamento de Segurança dos EUA, com uso do passaporte de Martins”.
A defesa de Martins, por sua vez, sustenta que ele não viajou aos EUA na data indicada — estava no Paraná — e que o registro migratório é falso. Eles apontam que a lista oficial de passageiros do voo presidencial, divulgada publicamente em janeiro de 2023 pela Força Aérea Brasileira, não inclui o nome dele.
Prisão preventiva e soltura
Em 8 de fevereiro de 2024, a PF decretou a prisão preventiva de Filipe Martins, alegando risco de fuga e sua participação na elaboração de uma “minuta golpista”. A defesa argumentou que a prisão foi “injusta e abusiva”, que Martins residia fixamente em Ponta Grossa (PR), que a PF já possuía dados de localização e que não havia risco concreto de fuga.
Em 9 de agosto de 2024, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, mandou soltá-lo. O ministro considerou que não estavam presentes “mais adequados nem proporcionais” os motivos para manter a prisão. Foram impostas medidas restritivas à Martins: tornozeleira eletrônica, proibição de sair da comarca ou do país, cancelamento do passaporte, proibição de contato com outros investigados, proibição de uso de redes sociais e de portar armas.
Novo pedido de investigação da PF
Em 20 de outubro de 2025, a PF encaminhou ofício ao ministro Alexandre de Moraes pedindo a abertura de “procedimento apuratório específico” para investigar a suposta simulação de entrada de Martins nos EUA.
No documento, o delegado Fábio Alvarez Shor afirma que há “possibilidade de que integrantes da organização criminosa, abusando dolosamente das prerrogativas diplomáticas, tenham utilizado o procedimento migratório diferenciado de comitivas de chefes de Estado … com a finalidade de simular uma falsa entrada de Filipe Martins”.
O ofício ainda menciona que a disputa sobre a viagem “tem sido utilizada como prática de novas ações de embaraçamento” contra a investigação, e que a metodologia observada “ostenta semelhança com a atuação da ‘milícia digital’”.
Acusações contra Filipe Martins no âmbito da trama golpista
Martins é réu no chamado “núcleo 2” da trama investigada pela Procuradoria‑Geral da República (PGR), que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A PGR pediu a condenação de seis réus desse núcleo por cinco crimes: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
No caso de Martins, a acusação sustenta que ele “extrapolou, em muito, o escopo diplomático de sua função” e participou da elaboração da “minuta do golpe”.
A defesa contesta diversos pontos da acusação, alegando que provas foram apresentadas fora do prazo, há ausência de cadeia de custódia, e que a denominação “minuta golpista” é infundada.
O que pesa e o que a defesa argumenta
O que pesa contra Martins:
Inclusão de seu nome em lista de passageiros e suposto registro migratório de entrada nos EUA em 30/12/2022.
Ligação com o núcleo 2 da acusação da PGR, envolvendo o planejamento dos eventos de 8 de janeiro e a elaboração de documento para golpe.
O que a defesa apresenta:
Negação de qualquer saída do país de Martins nessa data, afirma que estava no Brasil e apresentou comprovantes de geolocalização, faturas de cartão, Uber e iFood que indicariam permanência no país.
Alegação de omissões graves no inquérito, falta de diligência, “prisão ilegal e abusiva” e “abuso de autoridade”.
Importância e implicações
A questão toca em temas centrais para a democracia brasileira: a integridade das instituições, o funcionamento da justiça, a responsabilização por atos que visam o Estado Democrático de Direito e o papel do poder público na apuração de condutas graves. Se confirmada a simulação da entrada nos EUA — ou se demonstrado que a acusação incorreu em falhas — isso pode influenciar o curso do processo contra Martins e demais réus do núcleo 2, bem como a percepção pública sobre transparência e rigor na investigação.
Para o ministro Alexandre de Moraes e para o STF, o aprofundamento da apuração reforça a necessidade de clareza sobre fatos que antecederam os eventos de 8 de janeiro e sobre a dinâmica dos esforços para subverter o resultado das eleições. Por outro lado, para a defesa de Martins, a nova fase da investigação representa mais um capítulo da disputa que travam sobre garantias processuais e o respeito ao direito de defesa.
E você, leitor, o que acha dessa nova fase da investigação da PF e do papel de Filipe Martins no núcleo 2 da trama golpista? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este conteúdo para que mais pessoas acompanhem o desenrolar desse caso.
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