PF identifica indício de repasse de R$ 1,12 milhão à filha do Ministro Marco Buzzi no âmbito da “Operação Sisamnes”
Relatório parcial mostra mensagem de cobrança atribuída a lobista com referência a “Dra” e valores milionários; defesa nega transações e pede cautela
A Polícia Federal (PF), no curso da investigação sobre venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ), identificou indícios de um repasse de R$ 1,12 milhão à advogada Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi (STJ). O valor aparece em mensagem recuperada no celular de lobista suspeito, que integra o inquérito em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). As revelações constam em relatório parcial anexado às investigações e foram divulgadas pela revista Oeste.
Os indícios revelados pelo relatório
Segundo o relatório parcial da PF, recuperado no âmbito da “Operação Sisamnes” — que investiga esquema de venda de decisões judiciais no STJ — imagens extraídas do celular do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves revelam uma captura de tela com mensagens atribuídas a uma pessoa identificada como Carlos Chaves dirigidas a “Dra”. Nelas, há constatação de suposto repasse:
“Dra eu transferi para a sua conta e da KATARINA Buzzi R$ 1.120.000,00. No caso que estamos tratando.”
“A promessa de trabalho era outra … peço de imediato a restituição dos meus valores … fico no aguardo do meu ressarcimento imediato.”
Na mesma captura, aparece um comprovante de transferência de R$ 500 mil, classificado como “pagamento de honorários”.
Além disso, o relatório da PF aponta Fource Gestão de Recursos, empresa sediada em Cuiabá e cujo sócio é Haroldo Augusto Filho, como núcleo central do esquema de venda de sentenças, com forte presença nos estudos da investigação.
Também é mencionado que Roberto Zampieri — advogado morto em dezembro de 2023 — teria mantido vínculos com Catarina e atuado como operador jurídico do esquema.
A PF já solicitou ao ministro Cristiano Zanin (relator do inquérito no STF) a ampliação das apurações especificamente sobre Catarina Buzzi.
Reações: defesa, ministro e STJ
A defesa de Catarina Buzzi, por meio do advogado João Pedro de Mello Souza, negou qualquer envolvimento:
Alegou que a advogada “não fez nenhuma transação, promessa ou serviço e nem recebeu qualquer valor dos personagens mencionados.”
Afirma que ela não pode ser responsabilizada por “conversas de terceiros em WhatsApp, sobretudo conversas sem relevância jurídica”.
Destacou ainda que ela não é alvo de investigação supervisionada pelo STF ou por qualquer outra instância judicial.
Em nota, o ministro Marco Buzzi declarou que não acompanha “as relações comerciais de sua filha ou de qualquer outro advogado”. Já o STJ afirmou que as pessoas e empresas citadas “não fazem parte de nenhum processo sob responsabilidade do ministro”.
Contexto da “Operação Sisamnes” e implicações institucionais
A “Operação Sisamnes” se tornou o núcleo da investigação da PF sobre venda de decisões judiciais e vazamento de informações no STJ, investigando lobistas, advogados, servidores e operadores jurídicos. O relatório apontou um padrão de organização criminosa, com divisão de funções, hierarquia e atuação coordenada entre núcleos interno (servidores), externo (lobistas e advogados) e financeiro (empresas intermediárias).
Em trabalhos anteriores, a PF identificou que o esquema beneficiaria empresas do agronegócio, envolvidas em decisões favoráveis em processos de recuperação judicial e falência. A Fource aparece com destaque como interlocutora dos interesses econômicos envolvidos, entrelaçando relações com alguns escritórios de advocacia e operadores financeiros.
Diante do possível envolvimento de pessoas próximas a um ministro do STJ, o caso eleva preocupações institucionais sobre o funcionamento da Justiça, a necessidade de transparência, os controles internos nos tribunais superiores e a credibilidade do sistema jurídico como um todo.
Limites, cautelas e próximos passos
Importa ressaltar que o relatório parcial da PF apresenta indícios, não provas definitivas. Até o momento, não há confirmação de que o valor foi efetivamente recebido ou creditado por Catarina Buzzi. O documento também não detalha qual obrigação ou promessa teria sido descumprida no acordo supostamente firmado.
Parte das investigações que envolvem múltiplas instâncias (STJ, TJMT, outros tribunais) deverá tramitar em procedimentos separados, para garantir o foco e a efetividade das apurações. O STF, por meio do ministro relator, poderá autorizar diligências adicionais, solicitação de quebra de sigilo e produção de provas complementares.
Para o público e para o sistema judicial, permanece relevante acompanhar:
A confirmação ou descarte dos indícios financeiros (se transferências foram efetivamente realizadas).
A identificação dos beneficiários finais dessas operações, caso sejam comprovadas.
Medidas de transparência e auditoria nos tribunais superiores e nos gabinetes de ministros.
A responsabilização legal dos envolvidos, caso sejam comprovados crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, obstrução de justiça ou tráfico de influência.
Este caso representa um momento crucial para o combate a práticas de corrupção no Judiciário. Se confirmados, os indícios revelados agravam o descrédito institucional, exigem rigor investigativo e obrigam o debate sobre mecanismos de controle e responsabilidade.
Convidamos você, leitor, a acompanhar a evolução desse caso — e a comentar abaixo suas impressões, críticas ou dúvidas. Se julgar relevante, compartilhe este artigo para ampliar a discussão.
Palavras-chave: venda de sentenças, PF, Operação Sisamnes, STJ, Marco Buzzi, Catarina Buzzi, Fource, lobistas, corrupção judicial
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