PF amplia suspeitas em esquema de vazamento de decisões no STJ: Relatório revela padrões criminosos
Investigação da Operação Sisamnes aponta para rede organizada de manipulação judicial, com indícios de mais servidores envolvidos em gabinetes de ministros – e agora identifica novas minutas sigilosas
A Polícia Federal (PF) investiga um esquema sofisticado de venda e vazamento de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com suspeitas de que o número de servidores envolvidos supere os três já identificados. De acordo com relatório preliminar da Operação Sisamnes, obtido pela imprensa, o caso reproduz “padrões típicos de atuação de organizações criminosas”, incluindo o uso de contatos falsos em celulares, linguagem cifrada e pagamentos milionários por minutas sigilosas. A operação, deflagrada em novembro de 2024 e sob relatoria do ministro Cristiano Zanin no Supremo Tribunal Federal (STF), já resultou em prisões, buscas e exonerações, mas continua em sigilo, com foco em gabinetes de ao menos nove ministros.
O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, pivô central das apurações, atuava em parceria com o advogado Roberto Zampieri (assassinado em dezembro de 2023) para manipular processos de alto impacto econômico, como recuperações judiciais no agronegócio e disputas fundiárias em Mato Grosso. Dados extraídos da nuvem do celular de Andreson, em prisão domiciliar desde julho de 2025 em Primavera do Leste (MT) por razões de saúde, revelam contatos com servidores, chefes de gabinete e até magistrados – embora nenhum ministro seja investigado. A PF identificou que Andreson usava contatos falsos salvos com nomes de servidores do STJ, mas vinculados a advogados, para camuflar tratativas ilícitas e simular influência. Essa tática, descrita como “expediente recorrente em contextos de ocultação”, permitia cobrar por “venda de influência” sem acesso real.
Entre os servidores já alvos de inquérito, destacam-se Daimler Alberto de Campos, ex-chefe de gabinete da ministra Isabel Gallotti, apontado como “elo central no fluxo de informações e valores”; Márcio José Toledo Pinto, que atuou nos gabinetes de Gallotti e Nancy Andrighi (e foi exonerado em 2025 após sindicância); e Rodrigo Falcão, ex-chefe de gabinete do ministro Og Fernandes, suspeito de vazamentos na Operação Faroeste – embora a PF ainda verifique se uma minuta encontrada era falsa. O relatório afirma: “O conjunto de diligências realizadas permitiu identificar, em tese, que o esquema não se restringia aos servidores Daimler, Márcio e Rodrigo Falcão e nem ao núcleo Andreson/Zampieri, mas integrava estrutura organizada voltada à manipulação de decisões judiciais, reproduzindo padrões típicos de atuação de organizações criminosas”. Indícios apontam para mais servidores, especialmente no gabinete de Gallotti, que antecipavam pautas e movimentações processuais via mensagens codificadas.
Atualizações recentes agravam o quadro. Há quatro dias, o delegado responsável pela operação pediu exoneração após entregar relatório parcial com avanços, incluindo 15 novas minutas de votos identificadas em aparelhos de Andreson e Zampieri, datadas entre 2018 e 2023. Essas minutas, referentes a processos como disputas fundiárias, foram atribuídas aos gabinetes dos ministros Antônio Carlos Ferreira, João Otávio de Noronha, Marco Buzzi e Ricardo Villas Bôas Cueva, com trechos idênticos às decisões publicadas. A PF apura falsificações, como modelos de decisões falsas atribuídas a Og Fernandes usados para extorsão. Além disso, transações financeiras revelam que Andreson pagou R$ 4 milhões a Márcio Pinto via empresa da esposa dele, em troca de minutas das ministras Gallotti e Andrighi. O esquema envolveu sete processos sob relatoria de Gallotti, cinco de Andrighi e vazamentos da Faroeste, com conexões a grupos como J&F/JBS e prefeitos, como o de Palmas (TO), alvo de fase em maio de 2025.
Em setembro de 2025, a operação alcançou um assessor da _Procuradoria-Geral da República (PGR) por vazamento de inquéritos relacionados ao Tocantins, em sua 15ª fase. O STJ instaurou sindicâncias em gabinetes afetados, expondo vulnerabilidades sistêmicas, como falta de rastreabilidade digital e controle de acesso. Especialistas alertam para uma crise de credibilidade no tribunal, com violações ao sigilo funcional e infiltração de interesses privados.
Procurados, os ministros se manifestaram. A ministra Nancy Andrighi declarou, via nota de seu gabinete: “Já prestou informações à imprensa, no ano de 2024, sobre os processos” e que “os processos de responsabilização encontram-se em andamento, a fim de que os fatos sejam devidamente esclarecidos e os responsáveis punidos de forma exemplar”. A ministra Isabel Gallotti afirmou: “Desconhece o conteúdo da investigação, porque tramita em sigilo, e que seu gabinete está à disposição, para auxiliar, no que seja necessário, a fim de que sejam cabalmente apurados os fatos ocorridos e responsabilizados todos os envolvidos”. O ministro Og Fernandes disse: “Respeitando o direito ao contraditório, quem cometer ato ilícito deve assumir as consequências legais cabíveis”.
A defesa de Daimler, pelo advogado Bernardo Fenelon, rebate: “A investigação comprova a inocência de seu cliente [...] A apuração mostra claramente que inexiste qualquer indício mínimo que vincule nosso cliente aos atos ilícitos sob investigação. Nenhuma mensagem, nenhum encontro e nenhuma transferência valores. Absolutamente nada”. As defesas de Falcão e Márcio Toledo não foram localizadas. A defesa de Andreson não comenta a operação.
A PF planeja novas diligências, autorizadas pelo STF em maio de 2025, incluindo bloqueio de contas e análise de mais mensagens. O caso, que começou com 23 mandados de busca em 2024, pode se estender a outros tribunais, destacando a necessidade de reformas na segurança judicial.
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Com informações da Folha de Sao Paulo