Petrobras anuncia novo reajuste no diesel em meio a pressões do mercado internacional
Aumento pode impactar consumidor em até R$ 0,24 por litro, enquanto ICMS também sofrerá reajuste no próximo sábado; gasolina e gás de cozinha permanecem estáveis por enquanto
A Petrobras deve anunciar nesta quarta-feira (29) um novo reajuste no preço do diesel, com impacto estimado entre R$ 0,18 e R$ 0,24 por litro nas bombas. A decisão será tomada durante reunião do Conselho de Administração da empresa, em um momento em que a defasagem em relação ao mercado internacional atinge 16%, segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).
O cenário se torna ainda mais desafiador para o consumidor com o aumento do ICMS previsto para o próximo sábado. O imposto sobre o diesel subirá R$ 0,06, passando de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro, enquanto na gasolina o acréscimo será de R$ 0,10, elevando a taxa de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro.
Em reunião com o presidente Lula, a especialista Magda Chambriard indicou que, por ora, os preços da gasolina e do gás de cozinha não necessitam de reajustes. O governo, que detém maioria no conselho da Petrobras, recebeu as informações sobre a necessidade de elevação do preço do diesel com naturalidade, segundo fontes próximas ao encontro.
Linha do tempo: principais marcos dos preços dos combustíveis no Brasil (2019-2024)
2019
Petrobras adota política de paridade internacional de preços
Preços mantêm relativa estabilidade no primeiro semestre
2020
Pandemia causa forte queda nos preços internacionais do petróleo
Preços dos combustíveis atingem mínimas históricas durante lockdown
2021
Novembro: Gasolina atinge recorde histórico de R$ 6,74 por litro
Forte pressão inflacionária nos combustíveis durante todo o ano
2022
Março: Guerra na Ucrânia provoca instabilidade no mercado internacional
Governo implementa medidas para contenção de preços
Redução temporária de impostos sobre combustíveis
2023
Nova política de preços da Petrobras é implementada
Maior estabilidade nos preços ao consumidor
Fim do ano com relativa estabilidade nos valores
2024
Janeiro: Gasolina registra aumento de 10% nos postos durante o ano
Petrobras bate recorde de produção de gasolina e diesel
Atual cenário: Defasagem de 16% no diesel e 7% na gasolina em relação ao mercado internacional
Previsão de novo reajuste no diesel e aumento do ICMS em todos os combustíveis
A gestão atual da Petrobras manteve os preços dos combustíveis relativamente estáveis no início de 2024, mesmo com variações no mercado internacional, criando um "colchão" para amenizar possíveis perdas. No entanto, a crescente defasagem em relação aos preços internacionais tem pressionado por ajustes, especialmente no diesel, onde a diferença já ultrapassa R$ 0,50 por litro.
Impactos diretos e indiretos na inflação
Efeito imediato
O aumento do diesel terá um impacto direto estimado de 0,21 pontos percentuais no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
Economistas preveem que o IPCA de janeiro poderá ficar em torno de 0,2% e o de fevereiro acima de 1%
Efeitos em cadeia
Transporte de Cargas:
Aumento nos custos de frete
Impacto no preço final de produtos em geral
Maior pressão sobre a cadeia logística
Setor Alimentício:
Possível elevação nos preços dos alimentos devido ao custo de transporte
Impacto maior para produtos que dependem de longas distâncias
Serviços:
Pressão sobre o custo do transporte público
Possível repasse para outros setores da economia
Contexto atual
A inflação fechou 2024 em 4,83%, já acima do teto da meta
O novo aumento do diesel soma-se a outras pressões inflacionárias existentes
A defasagem atual dos combustíveis em relação ao mercado internacional está em:
16% para o diesel
7% para a gasolina
Perspectivas
Economistas alertam para uma tendência de alta na inflação para 2025
O Banco Central deverá levar em conta esses aumentos nas próximas decisões sobre a taxa de juros
O impacto tende a ser maior para a população de baixa renda, que gasta proporcionalmente mais com transporte e alimentação
É importante notar que o efeito do aumento do diesel na inflação não é isolado, mas se soma a outros fatores como pressões cambiais e questões climáticas que já vêm afetando os preços dos alimentos. O monitoramento desses impactos será crucial para as decisões de política monetária nos próximos meses.