Peso da dívida: como juros elevados travam o desenvolvimento do país
Por Emanuel Pessoa*
Dados do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) indicam que a dívida bruta do Brasil supera 84%. No entanto, o que mais chama a atenção, a partir da última reunião do G20 – fórum de cooperação econômica internacional que reúne líderes de 19 países, a União Européia e a União Africana, representando cerca de 85% do PIB global – não é o tamanho da dívida, mas, sim, o quanto é pago por ela.
O Brasil se destaca globalmente pelo custo extraordinário desse endividamento. Para entender a dimensão do problema, é preciso olhar os números em perspectiva. Enquanto nações desenvolvidas pagam, em média, 2% de juros sobre as suas dívidas, o Brasil desembolsa mais de 7%. Em termos absolutos, isso significou R$ 816 bilhões em 2023 – dinheiro que poderia estar sendo investido em desenvolvimento.
Esse cenário é resultado de um ciclo histórico complexo que se retroalimenta. Juros altos são usados para controlar a inflação, mas acabam ampliando a dívida pública. Com o aumento do endividamento pela expansão dos gastos públicos e crescimento do custo de serviço da dívida, o governo precisa se endividar mais para funcionar, o que eleva os juros. Essa subida derruba a atividade econômica, o que piora a arrecadação e aumenta a demanda por empréstimos pelo Governo, o que faz a dívida subir ainda mais. Trata-se de um círculo vicioso que se arrasta há décadas.
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