PEC da Blindagem revela ofensiva do Centrão e tensão com o STF
Proposta resgatada por Hugo Motta reacende debate sobre impunidade e separação de poderes
A Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (16) a chamada PEC da Blindagem, proposta que busca restaurar a exigência de autorização prévia do Congresso para abertura de processos criminais contra parlamentares e, de quebra, amplia o foro privilegiado a presidentes de partidos políticos. O movimento, liderado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), não é apenas legislativo: ele simboliza mais um capítulo da disputa entre Legislativo e Judiciário sobre quem detém o poder de julgar e limitar a classe política.
Contexto histórico:
A regra da autorização prévia vigorou entre 1988 e 2001, período em que o Congresso barrou mais de 250 pedidos do Supremo Tribunal Federal (STF) contra parlamentares — e autorizou apenas um. A revogação, no início dos anos 2000, foi vista como um avanço democrático. Agora, ao ressuscitar a proposta, o Centrão sinaliza uma tentativa de recuperar mecanismos de autoproteção em meio ao crescente alcance do STF em investigações de figuras políticas de alto escalão.
O relator e os bastidores:
Hugo Motta designou o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) como novo relator da proposta. Cajado é aliado próximo do ex-presidente da Câmara Arthur Lira, apontado como um dos principais articuladores da PEC. A movimentação mostra que, mesmo após deixar o comando da Casa, Lira continua influente na pauta e nas estratégias de blindagem parlamentar.
O que está em jogo na PEC da Blindagem:
Investigações criminais contra deputados e senadores só com autorização prévia da Câmara ou do Senado.
Caso a Casa não se manifeste em até 90 dias, a autorização seria concedida automaticamente.
A votação sobre abertura de processo ou prisão seria secreta, blindando parlamentares de pressões públicas.
Foro privilegiado ampliado: presidentes nacionais de partidos passariam a ser julgados exclusivamente pelo STF.
Análise política:
O discurso oficial é o de que a PEC “fortalece a atividade parlamentar”. Na prática, porém, o texto cria uma cortina de proteção que favorece líderes políticos investigados, reduz a transparência e dificulta a responsabilização de parlamentares em casos de corrupção ou abuso de poder.
O apoio vem principalmente do Centrão, que enxerga na proposta um escudo para suas lideranças. Já críticos apontam que a medida enfraquece o Judiciário e aprofunda a crise de confiança entre os Poderes. A tensão é evidente: enquanto a Câmara busca retomar prerrogativas, o STF tem ampliado seu protagonismo em pautas sensíveis, como a condução de investigações sobre fake news e ataques à democracia.
Cenários possíveis:
Aprovação na Câmara: exigirá 308 votos favoráveis em dois turnos. Se o texto avançar, seguirá para o Senado, onde a resistência tende a ser menor, dado o perfil de autodefesa da Casa.
Reação do STF: eventual aprovação pode provocar uma resposta dura da Corte, inclusive em forma de questionamentos sobre a constitucionalidade da proposta.
Impacto eleitoral: a PEC fortalece o Centrão às vésperas das próximas disputas, mas também pode ser explorada pela oposição como símbolo de retrocesso democrático.
Ligação com outros temas: a anistia de 8 de janeiro
A blindagem parlamentar não caminha sozinha. Nesta quarta-feira (17), a Câmara deve analisar um pedido de urgência para votar a proposta de anistia a condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Embora a urgência exija apoio de 257 deputados, lideranças já cogitam um texto alternativo reduzindo penas, caso a medida fracasse. A coincidência das pautas não é casual: ambas apontam para um clima de autoproteção política em meio ao desgaste entre Congresso, Judiciário e sociedade civil.
Linha do tempo dos principais fatos:
1988: Constituição prevê necessidade de autorização prévia do Congresso para processar parlamentares.
2001: Regra é extinta, após críticas sobre impunidade.
2021: Surge a PEC 3/2021, sobre prerrogativas parlamentares, mas sem avanço relevante.
Agosto de 2025: Hugo Motta ressuscita a proposta após motim da oposição.
16/09/2025: Motta troca relator, escolhe Cláudio Cajado e coloca PEC na pauta de votação.
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