Parecer favorável do MP italiano à extradição de Carla Zambelli abre novo capítulo do caso internacional
Após parecer do Ministério Público italiano, parlamentara do PL-SP enfrenta reviravoltas no exterior e no Brasil — entenda o que muda no pedido de repatriação e os desdobramentos políticos
Nesta quarta-feira (22), a Advocacia‑Geral da União (AGU) confirmou que o Ministério Público da Itália emitiu parecer favorável à extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O órgão italiano opinou pela admissibilidade do envio dela ao Brasil em atendimento ao pedido formalizado pelo governo brasileiro junto às autoridades italianas.
A parlamentar brasileira, que também possui cidadania italiana, é alvo de ampla investigação por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e enfrenta graves acusações, além de já ter sido condenada.
Contexto processual
Em julho deste ano, Zambelli foi presa em Roma, na Itália, ao tentar escapar de cumprimento de mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ela havia deixado o Brasil pouco tempo após ter sido condenada à pena de 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023. Nesse episódio, segundo as investigações, Zambelli ordenou o hacker Walter Delgatti a inserir dados falsos no sistema, dentre eles um mandado de prisão falsificado contra o próprio ministro Alexandre de Moraes.
Posteriormente, o pedido oficial de extradição foi apresentado no dia 11 de junho pelo STF ao governo brasileiro, que por sua vez encaminhou à Itália por meio do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). Não existe, até o momento, prazo definido para que a Justiça italiana tome uma decisão final sobre o processo.
A complexidade da extradição
Embora Zambelli tenha declarado à imprensa que, por sua dupla cidadania italiana, se sente “intocável” na Itália — “Como cidadã italiana, eu sou intocável na Itália. Não há o que ele possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã” —, especialistas apontam que o argumento não a torna automaticamente imune à extradição.
De fato, o tratado de extradição entre Brasil e Itália prevê a possibilidade de entrega mesmo de nacionais italianos, embora o processo seja mais complexo e dependa, entre outros fatores, de verificação sobre natureza do crime, garantias de direitos humanos e decisão da Justiça italiana. O precedente do ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato — cidadão brasileiro e italiano — que foi extraditado da Itália para o Brasil após condenação no “Mensalão” demonstra que a dupla cidadania não impede, per se, a extradição.
Reações políticas no Brasil e na Itália
No Brasil, a situação de Zambelli acende debates intensos no âmbito político-judicial. Na Câmara dos Deputados, ela já é alvo de processo de cassação de mandato. O líder da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Casa, Lindbergh Farias, ingressou junto à PGR com pedido de prisão preventiva da parlamentar e sua inclusão na lista de foragidos da Interpol.
Na Itália, o deputado Angelo Bonelli, da coalizão Aliança Verdes e Esquerda, dirigiu ofício ao governo italiano questionando se o país colaborará com o Brasil no âmbito da extradição e destacando que “não se pode usar a cidadania italiana para escapar de uma condenação”.
O que vem pela frente
Com o parecer favorável do Ministério Público italiano, abre-se uma etapa decisiva: a Justiça italiana avaliará a admissibilidade do pedido brasileiro, considerará a dupla cidadania de Zambelli, analisar-á os argumentos de defesa — que alegam perseguição política — e poderá submeter o caso à aprovação do governo italiano. Caso a extradição seja aceita, caberá à execução o transporte de Zambelli ao Brasil para cumprimento da sentença.
Para o Brasil, trata-se de teste relevante para a cooperação judiciária internacional, especialmente em casos de figuras políticas que cruzam fronteiras, possuem cidadania múltipla e acusação por crimes de alta repercussão institucional.
Para Zambelli, a possibilidade de retorno ao país significa a retomada de uma condição em que seu mandato, licença, cassação e eventual prisão passam a ganhar contornos práticos.
Implicações para o cenário político nacional
A situação reforça os desdobramentos do enfrentamento entre o Poder Judiciário brasileiro e segmentos políticos alinhados à oposição, colocando em foco o alcance da responsabilização internacional de agentes públicos.
Para o PL-SP, partido ao qual Zambelli é filiada, o episódio pode gerar impacto eleitoral e institucional, sobretudo diante do processo de cassação na Câmara e da condenação judicial da parlamentar.
Em âmbito internacional, ressalta-se a importância dos tratados bilaterais e blocos de cooperação jurídica, além da visibilidade que casos como esse conferem à política externa do Brasil e à percepção de que cidadãos múltiplos possam ou não se submeterem à justiça brasileira.
O parecer favorável à extradição de Carla Zambelli representa, portanto, uma fase crucial em um caso que envolve poderes da República, jurisdições internacionais, diplomacia e os trâmites de responsabilização penal. Ainda há muitos elementos a serem definidos — prazo de decisão na Itália, mecanismos de entrega, recursos de defesa –, o que torna o desfecho imprevisível. O fato, no entanto, é que o processo evolui para um patamar concreto e revelador das fronteiras da jurisdição nacional e do desafio de assegurar que condenações no Brasil sejam efetivamente cumpridas mesmo quando o réu reside no exterior.
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