Para PF, prefeito 'tiktoker' de Sorocaba é 'líder de organização criminosa'; Rodrigo Manga é "principal beneficiário das práticas delitivas"
Afastado por 180 dias do cargo, o prefeito de Sorocaba é acusado de lavar dinheiro através da empresa da esposa
A Justiça Federal determinou o afastamento do prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), por 180 dias, na quinta-feira (6 de novembro de 2025), durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, deflagrada pela Polícia Federal (PF). A medida visa interromper supostas práticas criminosas no âmbito da administração municipal, com base em indícios de que o político seria o líder de uma organização criminosa e o principal beneficiário de um esquema de corrupção envolvendo contratos públicos na área da saúde.
A operação, iniciada em 10 de abril de 2025, investiga desvios de recursos públicos por meio de uma Organização Social (OS), com foco na contratação irregular do Instituto de Atenção à Saúde e Educação (antiga Aceni) para gerir unidades de saúde em Sorocaba. Na primeira fase, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão em 13 cidades de São Paulo e da Bahia, resultando na apreensão de R$ 863 mil em espécie, dois carros de luxo (Porsche e BMW), armas e outros bens. Na segunda fase, novas diligências identificaram participantes adicionais, levando às prisões temporais do empresário Marco Silva Mott, amigo de infância de Manga e suspeito de atuar como lobista e operador de lavagem de dinheiro, e do pastor Josivaldo Batista de Souza, cunhado do prefeito, apontado como operador financeiro do esquema.
O suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro
De acordo com o relatório da PF, acessado pelo G1 e pela TV TEM, as atividades ilícitas teriam iniciado logo nos primeiros dias do mandato de Manga, em janeiro de 2021, e estariam intrinsecamente ligadas ao exercício da função pública. O documento judicial que embasou o afastamento descreve: “O investigado Rodrigo Manga, como se viu ao longo da descrição fática exposta na presente representação, é o líder do grupo criminoso investigado e principal beneficiário das práticas delitivas que ora estão em andamento. Dessa forma, a suspensão da função pública que ele ocupa se mostra de suma importância para interromper os crimes que estão sendo praticados no âmbito da Administração Pública Municipal de Sorocaba/SP.”
Entre os crimes apurados estão corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa. Um dos focos é a contratação emergencial e direta da OS para administrar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden, sem concorrência pública, e uma tentativa de burlar licitação para a Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da Zona Oeste. Mensagens interceptadas indicam pressão direta de Manga sobre o ex-secretário municipal Fausto Bossolo, que relatou: “O Manga já me esculhambou hoje, pois eu havia falado que ele assinaria hoje”, referindo-se à assinatura de contrato emergencial.
A lavagem de dinheiro, segundo a PF, ocorria principalmente por meio de contratos fictícios de publicidade firmados pela empresa da esposa de Manga, Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, a ME (atual 2M Comunicação e Assessoria), com empresas ligadas a investigados. Esses acordos, descritos como “ficção” e “estratagema”, visavam reinserir valores ilícitos na economia formal. Exemplos incluem:
R$ 448,5 mil pagos à Sim Park Estacionamento Eireli, de Marco Silva Mott, em parcelas mensais.
R$ 780 mil à Igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, de Josivaldo de Souza e Simone Rodrigues Frate Souza (irmã de Sirlange e cunhada de Manga).
A PF afirma: “Nesse sentido, resta claro que os contratos de publicidade firmados pela empresa da esposa do Prefeito de Sorocaba/SP, o investigado Rodrigo Manga, com as pessoas jurídicas acima relacionadas, não passam de ficção, um estratagema elaborado com a finalidade de reinserir na economia formal os vultosos valores de origem ilícita, provenientes da atividade criminosa desenvolvida pelo grupo, intrinsecamente vinculada ao exercício do nobre cargo eletivo de prefeito municipal (...).”
Outro indício de lavagem envolve a compra de um imóvel de alto padrão em condomínio fechado na zona leste de Sorocaba, avaliado em R$ 1,5 milhão, com entrada de R$ 182,5 mil em dinheiro vivo, intermediada por Rafael Pinheiro do Carmo e Cláudia Cenci Guimarães, que teriam ocultado a origem dos recursos. Há ainda suspeitas de que propinas financiaram uma viagem da família de Manga à Disney, com depósitos fracionados em dinheiro. Adicionalmente, a PF identificou negociações imobiliárias suspeitas, como a aquisição de um apartamento em Votorantim pela mãe de Manga, doado no mesmo dia à primeira-dama.
Durante as buscas na segunda fase, R$ 646.350 em espécie foram apreendidos na casa de Mott, que depositou R$ 237 mil em notas mofadas em 2021 e 2022, sugerindo origem ilícita. Josivaldo, por sua vez, mantinha uma “contabilidade paralela” em seu celular, registrando entradas de propina de empresas com contratos públicos, e era referido por outro investigado como “parente aí do Manga”. Simone Rodrigues Frate de Souza permanece foragida, com mandado de prisão em aberto desde 6 de novembro.
Envolvimento de familiares e aliados
A investigação revela laços familiares profundos no esquema. Sirlange, primeira-dama e investigada, é sócia da empresa usada para lavagem, e sua ligação com a OS Aceni remonta ao período pré-mandato de Manga. Josivaldo e Simone, donos da igreja, atuavam como operadores, enquanto Mott exercia “enorme influência” como “longa manus” (mão longa) do prefeito, influenciando contratos e atuando como lobista.
Manga está proibido de contatar dez investigados, incluindo Mott, Josivaldo, ex-secretários como Fausto Bossolo e Vinicius Rodrigues (ex-secretário de Saúde), e empresários como Paulo Korek Farias, da OS. O vice-prefeito Fernando Costa (PSD), que assumiu interinamente, é um empresário discreto com salto de 138% em seu patrimônio declarado entre 2020 e 2024, e ex-dirigente de futebol local.
Reação de Manga e contexto político
Em vídeo nas redes sociais, Manga negou irregularidades e alegou perseguição política: “Acredite se quiser, me afastaram do cargo de prefeito. Eu aqui em Brasília, ontem eu fui em frente o Palácio da Justiça, falei que tem que colocar o Exército na rua, rodei o congresso, os deputados me receberam super bem, falando: ‘Manga, cuidado, está aparecendo muito, estão tentando aí. O que a gente ouve de bastidores é que os caras tentam tirar do jogo qualquer um que ameaça a candidatura deles e você tem sido uma ameaça, tanto na questão do Senado, como em outros cargos. Gente, não deu outra’”.
Sua defesa, liderada pelo escritório Bialski, argumenta que o afastamento é “indiscutivelmente temerário”, baseado em ilações de 2021, e questiona a competência da Justiça Federal, alegando nulidade da operação por perseguição. Conhecido como “prefeito tiktoker” por vídeos virais com técnicas de marketing e desinformação, Manga, ex-vendedor de carros, foi eleito vereador por dois mandatos antes de virar prefeito em 2020. Afastado, ele acumula outras investigações, como réu por superfaturamento de R$ 11 milhões em lousas digitais e R$ 26,2 milhões em kits de robótica, com bens bloqueados desde 2023. Apesar da operação, partidos como União Brasil e PRTB ainda o cortejam para 2026.
Nas redes sociais, o caso gerou repercussão imediata. Usuários como a vereadora Iza Lourença (@Izalourenca) destacaram: “Rodrigo Manga, o prefeito tiktoker, foi apontado pela Polícia Federal como líder de uma organização criminosa. Rodrigo Manga é apoiador de Bolsonaro e Tarcísio”. O perfil do G1 Sorocaba (@g1sorocaba) alertou: “Polícia Federal aponta Rodrigo Manga como líder de organização criminosa e beneficiário de esquema”. Críticas à extrema-direita e ao PL também emergiram, ligando o caso a tentativas de enfraquecer a PF.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sorocaba, por meio do presidente João Paulo Milano, esclarece que o afastamento é uma medida cautelar para evitar interferências na investigação, sem perda imediata de mandato.
O Ministério Público Federal (MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) acompanham o caso, que pode resultar em prorrogação do afastamento ou ações de improbidade.
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