Durante a reunião de cúpula dos BRICS, uma declaração do então presidente norte-americano Donald Trump chamou a atenção: “o dólar é rei” e qualquer país que se alinhasse aos BRICS na adoção de medidas antiamericanas sofreria consequências, como a imposição de tarifas adicionais de 10% sobre suas importações.
A motivação para a ameaça foi a menção, na declaração final da cúpula dos BRICS+, ao fortalecimento do comércio entre os países do grupo, favorecendo o uso de suas moedas nacionais, reduzindo os custos de transação e a dependência em relação ao dólar. Mas seriam essas medidas realmente antiamericanas, como afirmou o presidente norte-americano?
Os BRICS foram institucionalizados como um espaço de cooperação entre países emergentes após a crise financeira de 2008-2009. O impacto direto da crise sobre esses países foi menor, pois seus mercados financeiros estavam pouco expostos aos títulos de altíssimo risco que desencadearam a crise do subprime nos Estados Unidos. Contudo, os efeitos chegaram posteriormente, via dólar.
As políticas anticíclicas adotadas pelo Federal Reserve (FED) exportaram inflação para esses países e forçaram a desvalorização do dólar, prejudicando a competitividade de suas exportações em um contexto de desaceleração da economia global. A China, por meio de um massivo pacote de estímulo doméstico, contribuiu para que o desaquecimento não fosse ainda mais grave, mantendo a atividade econômica interna em ritmo acelerado e sustentando sua demanda por importações — inclusive de países impactados pela crise.
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