Orçamento das Forças Armadas: José Múcio alerta para riscos de instabilidade e defende previsibilidade
Ministro da Defesa destaca necessidade de recursos estáveis em audiência na Comissão de Relações Exteriores e aponta avanços na indústria de defesa brasileira
A necessidade de um orçamento estável e previsível para as Forças Armadas foi o foco da audiência pública realizada nesta terça-feira (30) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado. Em um debate marcado por preocupações com segurança nacional, soberania e desafios nas fronteiras, o ministro da Defesa, José Múcio, alertou que a instabilidade financeira ameaça a capacidade operacional do Brasil, mesmo com avanços significativos na indústria de defesa e em ações humanitárias.
Investimentos globais e o cenário brasileiro
Durante a audiência, José Múcio apresentou dados que mostram o crescimento dos gastos militares globais: em 2023, foram investidos US$ 2,2 trilhões em defesa no mundo, número que subiu para US$ 2,7 trilhões em 2024, com expectativa de aumento em 2025. Ele destacou que Estados Unidos e China respondem por 52% desse montante, enquanto o Brasil, apesar de ser a décima economia global, representa apenas 1% dos investimentos mundiais na área. — “Somos o maior país da América Latina, temos 52% do PIB da região, mas as Forças Armadas não sei nem se estão entre as três primeiras. Temos bastante equipamento comprado, mas não temos dinheiro para comprar peças”, afirmou José Múcio, reforçando a urgência de recursos para manutenção e operação.
Indústria de Defesa como motor econômico
O ministro defendeu o fortalecimento da indústria de defesa brasileira, que engloba 270 empresas estratégicas e gera cerca de 3 milhões de empregos, contribuindo com 3,6% do PIB nacional. Em 2025, as exportações do setor já ultrapassaram R$ 2,5 bilhões, com destaque para o lançamento de fragatas, submarinos e a ampliação do transporte aéreo com os cargueiros KC-390 e caças Gripen. — “A base industrial de defesa é capaz de produzir desde submarinos e blindados até aeronaves tecnológicas e radares. Mesmo com orçamento restrito, temos avanços tangíveis que precisam de continuidade”, enfatizou Múcio.
Ele também destacou a importância de manter as Forças Armadas como instituições de Estado, livres de influências partidárias, e reforçou a integração entre defesa e diplomacia:
— “A diplomacia e a defesa são como irmãs inseparáveis, duas armas à disposição do Estado para vencer a guerra da sobrevivência”.
Previsibilidade orçamentária em debate
A audiência trouxe apoio de senadores à necessidade de maior previsibilidade orçamentária. O senador Jorge Seif (PL-SC) defendeu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/2023, que estabelece um orçamento mínimo de 2% do PIB para a defesa:
— “As Forças Armadas não podem ser tratadas como uma subclasse. O orçamento investido nessa área é ínfimo, e a PEC 55 busca corrigir isso”, declarou. Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) sugeriu a criação de uma fonte de financiamento específica, para evitar impactos em áreas como saúde e educação:
— “É preciso garantir investimento adequado, mas com uma fonte própria e adicional, para não comprometer políticas de saúde e educação”. José Múcio, por sua vez, ponderou que o patamar de 2% do PIB seria difícil de justificar diante das carências sociais do Brasil, mas defendeu a viabilidade de um orçamento equivalente a 1,5% da receita corrente líquida, com aumento gradual:
— “Precisamos saber se vamos pagar a primeira prestação da munição, de um avião ou de um radar. A defesa não pertence a um governo, mas ao país”.
Desafios nas fronteiras e ações humanitárias
A segurança nas fronteiras também foi tema central. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) alertou para os problemas na fronteira seca de Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia, marcada pelo contrabando e tráfico de drogas:
— “São mais de 700 quilômetros de fronteira seca, que hoje estão dominados por facções e pelo tráfico”. O senador Chico Rodrigues (PSB-RR) abordou a crise migratória em Roraima, que já recebeu 900 mil venezuelanos, com 120 mil vivendo atualmente no estado:
— “Os reflexos sociais, políticos e econômicos são fortíssimos sobre a população de Roraima”. Em resposta, José Múcio destacou o trabalho humanitário da Operação Acolhida, que abriga migrantes venezuelanos em Roraima e é reconhecida pela ONU como uma das iniciativas mais justas do mundo:
— “Chegavam mil venezuelanos por dia, sem documento, sem roupa, pais e mães carregando filhos nos braços. Estamos exercendo nosso papel de brasileiros e de solidariedade absoluta”.
Perspectivas para o futuro
A audiência reforçou a necessidade de um planejamento de longo prazo para garantir a soberania nacional e a capacidade operacional das Forças Armadas. A combinação de avanços na indústria de defesa, desafios nas fronteiras e a busca por estabilidade orçamentária evidencia a complexidade da área, que exige diálogo entre governo, Congresso e sociedade.
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Palavras-chave: Forças Armadas, orçamento de defesa, indústria de defesa, José Múcio, soberania nacional, segurança nas fronteiras, Operação Acolhida, PEC 55/2023, diplomacia e defesa.
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