Operação Entre Lobos: número de vítimas de esquema contra idosos sobe para 330
Ministério Público registra aumento de mais de 50% nas denúncias após deflagração da operação que desarticulou organização criminosa interestadual
Menos de três dias após a deflagração da Operação Entre Lobos, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) em parceria com a Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo, em Santa Catarina, o número de possíveis vítimas de um esquema interestadual de estelionato contra idosos aumentou significativamente. Inicialmente, 215 pessoas haviam sido identificadas durante a investigação prévia, mas, com a divulgação da operação na terça-feira (22/7), mais 115 indivíduos procuraram o Ministério Público em busca de auxílio, elevando o total para 330 supostas vítimas. Autoridades alertam que esse número pode crescer ainda mais, dado o volume de ações revisionais movidas pelo escritório de advocacia investigado.
Contexto da Operação Entre Lobos
A Operação Entre Lobos foi deflagrada com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa que praticava estelionato contra idosos, utilizando empresas de fachada como Ativa Precatórios, sediada em Pinhalzinho (SC), e BrasilMais Precatórios, com sede em Fortaleza (CE). Essas empresas eram usadas para adquirir créditos judiciais de forma fraudulenta, apropriando-se de valores devidos às vítimas, que recebiam menos de 10% do montante liberado pela Justiça.
De acordo com as investigações, a Ativa Precatórios liberou R$ 924.479,10 pela Justiça, mas pagou apenas R$ 91.600,00 às vítimas, apropriando-se de R$ 832.879,10. Já a BrasilMais Precatórios movimentou R$ 5.106.773,12, dos quais apenas R$ 503.750,00 chegaram aos idosos lesados, resultando em um desfalque de R$ 4.603.023,12. Somadas, as duas empresas desviaram mais de R$ 5,4 milhões, demonstrando a gravidade do esquema.
A operação cumpriu 13 mandados de prisão (oito preventivas e cinco temporárias) e 35 mandados de busca e apreensão em 12 municípios de cinco estados brasileiros: Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas. Dez dos 13 presos estão detidos no Presídio de Chapecó, enquanto três permanecem em Fortaleza. Durante as buscas, foram apreendidos R$ 115,7 mil em dinheiro, além de 6,7 mil dólares e euros, sete veículos, duas armas e 60 munições. Também foram confiscados 5,8 mil documentos, 18 computadores, 22 celulares e 17 mídias eletrônicas, que agora estão sendo analisados pelo GAECO.
Modus Operandi da Organização Criminosa
As investigações revelaram que o grupo utilizava um esquema sofisticado para enganar suas vítimas, majoritariamente idosos e aposentados. Os contratos de cessão de créditos judiciais eram assinados em nome das empresas de fachada, mas os alvarás eram expedidos em nome de um escritório de advocacia cujo responsável é apontado como chefe da organização. Parte dos valores liberados pela Justiça era transferida para as empresas ou rateada entre os integrantes do grupo.
Um dos aspectos mais alarmantes do esquema era a aquisição estratégica de créditos após sentenças de primeira ou segunda instância, quando o direito das vítimas já estava consolidado, reduzindo o risco processual para os criminosos e maximizando seus lucros. Além disso, há fortes indícios de patrocínio infiel, com advogados atuando em conflito de interesses com seus próprios clientes, violando a ética da advocacia.
Planilhas de controle financeiro apreendidas durante a operação detalham a divisão de lucros, comissões, investimentos e despesas, evidenciando a partilha de proveitos ilícitos. Registros de procurações e substabelecimentos também indicam a transferência de poderes de representação entre os envolvidos, reforçando a complexidade da estrutura criminosa.
Abrangência Geográfica e Impacto Social
A atuação da organização criminosa se estende por pelo menos quatro estados – Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul e Alagoas – com foco em regiões específicas para captação de vítimas. Há registros de operações da Ativa Precatórios no oeste catarinense e da BrasilMais Precatórios no Rio Grande do Sul, além de atividades do IDAP (Instituto de Defesa dos Aposentados e Pensionistas) em 37 comarcas distribuídas entre Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. O escritório investigado também declarou planos de expansão para São Paulo e outros estados, o que demonstra a ambição do grupo e o potencial de impacto social de suas ações.
O público-alvo do esquema, composto majoritariamente por idosos vulneráveis, sofreu prejuízos financeiros e emocionais significativos. Muitos perderam valores que lhes eram devidos por direito, enquanto outros faleceram durante a investigação sem receber a devida reparação, como é simbolizado no nome da operação, que presta homenagem a uma vítima de sobrenome "Wolf" (lobo, em inglês).
Próximos Passos da Investigação
O Ministério Público de Santa Catarina, por meio do GAECO e da Promotoria de Justiça de Modelo, concentra-se agora na tomada de depoimentos das possíveis vítimas e na oitiva dos investigados presos. Paralelamente, a análise dos materiais apreendidos está em andamento para dimensionar o alcance dos crimes e identificar outros possíveis envolvidos. O objetivo é garantir a responsabilização criminal, o bloqueio de bens da organização para ressarcimento das vítimas e a interrupção definitiva de suas atividades ilegais.
O Promotor de Justiça Edisson de Melo Menezes, da Comarca de Modelo, reforça a importância de que todas as vítimas se manifestem: "É fundamental que todas as vítimas procurem o Ministério Público ou a Polícia Civil para registrar suas denúncias, permitindo que a investigação dimensione adequadamente o alcance dos crimes e garanta a reparação dos danos."
O Coordenador Estadual do GAECO, Wilson Paulo Mendonça Neto, destaca que o foco atual é a análise dos documentos e o recebimento de novas reclamações para embasar a ação penal. "Pretendemos conseguir ressarcimento aos envolvidos, estancando a atuação ilegal dos investigados", afirma.
Informações Adicionais de Fontes Externas
Com base em publicações recentes no site oficial do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e em reportagens de veículos como o portal NSC Total, a operação tem gerado grande repercussão nas redes sociais, especialmente em Santa Catarina, onde muitas vítimas residem. Postagens no Twitter (X) de usuários da região oeste do estado mencionam casos de familiares que teriam sido lesados pelo esquema, com pedidos de maior divulgação para que outras vítimas sejam identificadas. O MPSC também utilizou suas redes sociais para orientar a população, reforçando os canais de denúncia disponíveis.
Reportagens do G1 Santa Catarina confirmam que a operação é uma das maiores já realizadas pelo GAECO no estado em termos de combate a crimes contra idosos, destacando a importância da colaboração interinstitucional entre Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal, Receita Estadual e Corpo de Bombeiros Militar.
Orientação às Vítimas
Pessoas que acreditam ter sido vítimas do esquema devem procurar a Delegacia de Polícia Civil mais próxima para registrar um boletim de ocorrência, que será encaminhado ao Ministério Público. Alternativamente, é possível contatar diretamente a Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo ou a Ouvidoria do MPSC pelos seguintes canais:
Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo: WhatsApp (49) 99200-7462
Ouvidoria do MPSC: E-mail ouvidoria@mpsc.mp.br | Telefone (48) 3229-9306 ou 127 (das 9h30 às 19h)
Significado do Nome da Operação
O nome "Entre Lobos" reflete a natureza predatória dos crimes investigados, simbolizando o abuso de confiança por parte de criminosos que, ao invés de defender os interesses de seus clientes, apropriaram-se de seus valores de forma fraudulenta. Além disso, presta homenagem a uma vítima falecida durante a investigação, de sobrenome "Wolf", e a outros idosos que não receberam o que lhes era devido antes de seu falecimento.
Conclusão
A Operação Entre Lobos representa um passo crucial no combate a organizações criminosas que exploram populações vulneráveis, como idosos e aposentados. Com um prejuízo estimado em mais de R$ 5,4 milhões, o esquema desarticulado pelo GAECO e pelo Ministério Público de Santa Catarina evidencia a necessidade de maior proteção jurídica e social para esse grupo. As autoridades seguem trabalhando para identificar todas as vítimas, responsabilizar os envolvidos e garantir a reparação dos danos causados.
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