OMS desmente ligação entre vacinas, Tylenol e autismo após declarações de Trump
Entidade Global reforça evidências científicas contra teorias sem base, em meio a anúncio da Casa Branca sobre fatores ambientais
Em um momento de crescente debate sobre saúde pública nos Estados Unidos, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jasarević, rebateu nesta terça-feira (23/9) as declarações do presidente Donald Trump, que associou o autismo ao uso de vacinas na infância e ao consumo de Tylenol (paracetamol) por mulheres grávidas.
Durante uma coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, Jasarević enfatizou que “as evidências permanecem inconsistentes” quanto a qualquer conexão causal entre o paracetamol na gravidez e o transtorno do espectro autista (TEA). Ele também foi categórico ao afirmar que “as vacinas não causam autismo. Isso é algo que a ciência provou, e essas coisas não devem ser questionadas”.
As falas de Jasarević surgem como resposta direta ao anúncio realizado na segunda-feira (22/9) pela administração Trump na Casa Branca, onde o presidente, ao lado do secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr. – conhecido por seu ceticismo em relação às vacinas –, defendeu uma série de medidas para investigar as causas do autismo.
Segundo o comunicado oficial do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), os casos de TEA nos EUA aumentaram quase 400% desde 2000, afetando hoje 1 em cada 31 crianças americanas. Trump, em seu discurso no Salão Roosevelt, repetiu alegações sem respaldo científico, como a de que comunidades sem acesso ao Tylenol, como em Cuba, teriam “virtualmente nenhum autismo”, e criticou o calendário de vacinação infantil, sugerindo que bebês recebem “demasiadas doses, como se estivessem bombando em um cavalo”.
Ele chegou a orientar grávidas a “lutarem como o inferno” para evitar o medicamento, exceto em casos de febre alta. Especialistas e agências reguladoras, no entanto, contestaram veementemente as afirmações.
A Food and Drug Administration (FDA), em carta enviada a médicos na segunda-feira, esclareceu que “uma relação causal não foi estabelecida” entre o acetaminofeno – princípio ativo do Tylenol – e o autismo. Estudos recentes, como uma análise de 2024 envolvendo quase 2,5 milhões de crianças na Suécia, não encontraram ligação causal entre a exposição pré-natal ao medicamento e distúrbios neurodesenvolvimentais.
Outro estudo japonês de setembro de 2025, com mais de 200 mil crianças, atribuiu possíveis associações observadas em pesquisas anteriores a vieses metodológicos, como erros de classificação. A fabricante do Tylenol, Kenvue, emitiu nota afirmando que “a ciência independente e rigorosa mostra claramente que o acetaminofeno não causa autismo”, com base em mais de uma década de pesquisas endossadas por profissionais médicos globais.
O anúncio da Casa Branca incluiu compromissos de milhões de dólares em pesquisas sobre fatores ambientais, incluindo a atualização do rótulo do medicamento leucovorina – uma forma de vitamina B usada em deficiências de folato cerebral associadas ao autismo – como potencial tratamento para déficits de fala no TEA. No entanto, a American Psychiatric Association reagiu opondo-se à sugestão de ligação com vacinas e alertando que a leucovorina não é recomendada como tratamento padrão, exigindo anos de estudos adicionais.
Autoridades internacionais ecoaram o posicionamento da OMS: a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e órgãos de saúde no Reino Unido e na Austrália confirmaram a segurança do paracetamol na gravidez, recomendando seu uso apenas quando necessário, mas sem proibições baseadas em evidências inconclusivas.Nas redes sociais, o tema gerou repercussão imediata.
No X (antigo Twitter), postagens em português e espanhol criticaram as declarações de Trump, comparando-as a controvérsias passadas, como sua defesa da cloroquina durante a pandemia de Covid-19. Um usuário destacou: “Essa história do Trump falando que Tylenol/paracetamol causa autismo me lembrou da pandemia quando ele defendeu com unhas e dentes que cloroquina era eficaz no tratamento da covid. Esse homem envergonha a ciência em todas as suas camadas”. Outra postagem da DW Español resumiu: “'Las vacunas no causan autismo'. El vocero de la OMS, Tarik Jasarevic, rechaza vínculo comprobado entre las vacunas, el paracetamol y el autismo”.
Jornais como The New York Times e Reuters relataram quedas nas ações da Kenvue após o anúncio, atribuindo o impacto à disseminação de desinformação. Cientistas enfatizam que o autismo resulta de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais, sem um único culpado como vacinas ou medicamentos comuns.
Décadas de pesquisas desmentem a ligação com imunizações, e associações com o paracetamol, observadas em estudos observacionais de 2015 e revisões de 2025, são consideradas preliminares e não causais. A OMS, por meio de Jasarević, reconheceu que alguns estudos sugeriram uma possível associação entre exposição pré-natal ao acetaminofeno e autismo, mas destacou que pesquisas subsequentes não confirmaram o elo.
Esse episódio reflete tensões mais amplas na administração Trump em relação à ciência de saúde pública, especialmente sob influência de Kennedy, nomeado para o HHS apesar de não ser médico. Enquanto o governo investe em novas iniciativas, como o “Autism Data Science Initiative” do Instituto Nacional de Saúde (NIH), a comunidade científica alerta para os riscos de alarmismo desnecessário, que pode afetar a confiança em tratamentos essenciais.
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