OAB do Paraná exige fechamento de oito cursos de Direito por baixa qualidade no ensino superior
Vistorias revelam infraestrutura precária e currículos deficientes em faculdades do estado; iniciativa busca elevar padrões nacionais de formação jurídica
A Ordem dos Advogados do Brasil seccional Paraná (OAB-PR) protocolou, no final de setembro, um pedido formal ao Ministério da Educação (MEC) e à OAB Nacional para o fechamento imediato de oito cursos de Direito em instituições de ensino superior localizadas em Curitiba, na região metropolitana e no interior do estado. A medida surge após uma vistoria realizada pela Comissão de Educação Jurídica (CEJ) da OAB-PR em 13 cursos, que identificou graves falhas na qualidade do ensino. De acordo com o relatório da comissão, os oito cursos avaliados não atingiram 70% dos requisitos mínimos estabelecidos para o funcionamento, enquanto apenas um deles alcançou 80% das metas exigidas.
O documento da CEJ destaca que muitas dessas faculdades, com mensalidades em torno de R$ 550, sobrevivem à custa de reduções drásticas no quadro docente e na carga horária presencial. Em algumas unidades, as aulas presenciais se limitam a dois ou três dias por semana, com duração de apenas 2h30 por período, e o mesmo professor é responsável por múltiplas disciplinas simultaneamente. Além disso, a maioria das instituições cumpre apenas o mínimo exigido pelo MEC, sem a existência de grupos de pesquisa ou bibliotecas adequadas. Relatos incluem atrasos salariais para professores, problemas sérios de infraestrutura e, em casos extremos, faculdades operando sem alvará de funcionamento válido.
O presidente da OAB-PR, Luiz Fernando Pereira, enfatizou a urgência da intervenção, apontando que algumas das faculdades vistoriadas registram índices de aprovação de cerca de 5% no Exame da Ordem. “A omissão do MEC na fiscalização faz com que muitas instituições se preocupem apenas em atender o mínimo exigido em avaliações pontuais, deixando de lado a qualidade do ensino. As universidades despejam mais de 2 milhões de bacharéis em Direito no mercado todos os anos e grande parte desses profissionais não está apta a passar no exame da Ordem”, declarou Pereira em entrevista recente.
Ele acrescentou que a iniciativa da seccional paranaense pretende servir de modelo para outras unidades da federação, com a CEJ planejando acionar o Ministério Público Federal (MPF) para investigar as irregularidades detectadas.
Principais Conclusões da Comissão de Educação Jurídica da OAB-PRA vistoria da OAB-PR compilou uma série de falhas sistêmicas que comprometem a formação de profissionais do Direito. Entre os pontos mais críticos, destacam-se:
Bibliotecas físicas abandonadas, substituídas por ferramentas digitais sem capacitação adequada para os alunos.
Ausência de piso tátil, paredes com mofo e umidade, conservação precária dos espaços, além de ambientes improvisados, como lanchonetes integradas às secretarias.
Matrizes curriculares formatadas sem pré-requisitos, permitindo que alunos avancem para o segundo período sem concluir o primeiro.
Disciplinas essenciais, como Ética Geral e Jurídica e Direito Administrativo, ministradas exclusivamente na modalidade EAD.
Falta de disciplinas obrigatórias no currículo, incluindo Direito Eleitoral, Direito Previdenciário e Direito Financeiro.
Aulas conjuntas de Direito com outros cursos de graduação para gerar economia de recursos.
Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) com orientação e elaboração via EAD.
Precarização dos Núcleos de Práticas Jurídicas e das disciplinas de prática, devido à ausência de controle sobre atividades em escritórios, tribunais e órgãos públicos.
Baixa remuneração docente, com atrasos salariais, escalonamento de pagamentos e cargas horárias integrais incompatíveis com a legislação.
Inexistência de mecanismos de acompanhamento dos egressos pelas instituições.
Essas constatações reforçam a crítica da OAB-PR à regulação insuficiente do MEC, que, segundo a seccional, permite a proliferação de cursos de baixa qualidade sem fiscalização rigorosa.Em resposta, a OAB Nacional emitiu nota afirmando manter um diálogo permanente com o MEC para ajustes na qualificação do ensino jurídico no país. “Temos a convicção de que muitas faculdades de Direito no país funcionam de forma precária, e temos alertado o MEC sobre essa realidade. O principal mecanismo utilizado pela Ordem para identificar os melhores cursos de Direito do país é o Selo OAB Recomenda, concedido a cada três anos. Na última edição, apenas 198 instituições foram contempladas — o que representa menos de 10% das faculdades de Direito do Brasil, que conseguiram atender aos critérios de qualidade estabelecidos”, destacou o comunicado da entidade.
O MEC, por sua vez, confirmou o recebimento da demanda e informou que o caso foi encaminhado à Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior (Seres) para análise e providências internas. Até o momento, não há prazo definido para uma decisão oficial, mas a pressão da OAB-PR ganha eco em veículos de imprensa e redes sociais, como destacado em postagens recentes da CNN Brasil.
Essa mobilização no Paraná reflete um debate nacional mais amplo sobre a expansão descontrolada dos cursos de Direito, que somam mais de 1.200 no Brasil, muitos operando no limite da qualidade. Especialistas veem na ação da OAB-PR um passo crucial para resgatar a credibilidade da formação jurídica, beneficiando tanto estudantes quanto o mercado de trabalho.
O que você acha dessa cobrança da OAB-PR? Acredita que o MEC tomará medidas efetivas? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para debatermos juntos a qualidade da educação no Brasil!
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