Novas buscas por Madeleine McCann em Portugal: um caso que ainda mobiliza o mundo
Autoridades portuguesas e alemãs unem esforços em nova operação no Algarve, 18 anos após o desaparecimento da menina britânica
Dezoito anos após o misterioso desaparecimento de Madeleine McCann, a Polícia Judiciária de Portugal, em conjunto com autoridades alemãs, iniciou uma nova fase de buscas na região de Lagos, no Algarve, onde a menina britânica, então com três anos, foi vista pela última vez em 3 de maio de 2007.
A operação, que começou na terça-feira, 3 de junho de 2025, e deve se estender até sexta-feira, dia 6, concentra-se em 21 terrenos localizados entre o resort Ocean Club, onde a família McCann estava hospedada, e a antiga residência de Christian Brückner, principal suspeito do caso.
Autorizada pelo Ministério Público de Brunswick, na Alemanha, a ação reaviva a esperança de encontrar pistas que esclareçam um dos casos de desaparecimento mais emblemáticos da história recente, que continua a capturar a atenção global.
Um desaparecimento que chocou o mundo
Madeleine McCann desapareceu na noite de 3 de maio de 2007, enquanto dormia com seus irmãos gêmeos, de dois anos, em um apartamento térreo do resort Ocean Club, na Praia da Luz, uma área turística do Algarve.
Seus pais, Kate e Gerry McCann, jantavam com amigos em um restaurante a poucos metros dali, verificando as crianças periodicamente. Por volta das 22h, Kate descobriu que Madeleine não estava mais no quarto, desencadeando uma busca frenética que rapidamente ganhou proporções internacionais. O caso, descrito pelo Daily Telegraph como "o caso de pessoa desaparecida mais amplamente noticiado da história moderna", mobilizou autoridades de diversos países, gerou campanhas midiáticas massivas e mantém-se como um mistério não resolvido.
A investigação inicial enfrentou críticas, especialmente em Portugal, onde a Polícia Judiciária foi acusada de focar excessivamente em suspeitos como Robert Murat, que foi interrogado, mas liberado por falta de provas. Kate e Gerry McCann também foram considerados suspeitos em 2007, após a descoberta de traços de DNA em um carro alugado por eles semanas após o desaparecimento, mas as acusações foram arquivadas por insuficiência de evidências.
Desde então, a busca por respostas envolveu esforços conjuntos de Portugal, Reino Unido (através da Operação Grange, iniciada em 2011) e Alemanha, que assumiu a liderança em 2020 ao apontar Christian Brückner como principal suspeito.
Christian Brückner: o suspeito no centro das investigações
Christian Brückner, um cidadão alemão de 48 anos, tornou-se o foco das investigações em junho de 2020, quando a polícia alemã anunciou que o considerava suspeito de sequestro e assassinato de Madeleine. Brückner, que vivia no Algarve entre 1995 e 2007, tem um extenso histórico criminal, incluindo condenações por abuso infantil, tráfico de drogas e o estupro de uma turista americana de 72 anos em Praia da Luz, em 2005, pelo qual cumpre pena de sete anos na Alemanha. Ele está previsto para ser libertado em setembro de 2025, o que intensifica a urgência das autoridades em encontrar provas concretas antes que ele deixe a prisão.
Diversas evidências circunstanciais apontam para Brückner. Registros telefônicos indicam que ele estava na área de Praia da Luz na noite do desaparecimento, com seu celular conectado a uma antena a apenas 200 metros do resort Ocean Club. Um documentário alemão de 2022 revelou que Brückner trabalhava esporadicamente no próprio resort, reforçando sua proximidade com o local do crime. Além disso, a polícia alemã encontrou itens perturbadores em uma fábrica abandonada comprada por ele em 2008, incluindo discos rígidos com imagens de abuso infantil, brinquedos, roupas infantis, armas e uma selfie de Brückner nu na Barragem do Arade, a 56 km de Praia da Luz, que foi alvo de buscas em 2023.
Outro elemento significativo veio à tona em setembro de 2024, durante um julgamento na Alemanha por crimes sexuais não relacionados ao caso McCann. Laurentiu Codin, ex-companheiro de cela de Brückner, testemunhou que o suspeito confessou ter entrado em um apartamento no Algarve em busca de dinheiro, mas, ao encontrar uma janela aberta, levou uma criança. Apesar dessas alegações, Brückner nega qualquer envolvimento no desaparecimento de Madeleine, e os promotores alemães afirmaram no início de 2025 que não há, até o momento, evidências suficientes para uma acusação formal.
As novas buscas: tecnologia e cooperação internacional
As buscas iniciadas em 3 de junho de 2025 concentram-se na zona leste da Praia da Luz, especificamente na área da Atalaia, entre o resort Ocean Club e a antiga casa de Brückner. Cerca de 30 agentes da polícia federal alemã, apoiados pela Polícia Judiciária portuguesa, Polícia Marítima, Proteção Civil e bombeiros, estão envolvidos na operação. Equipamentos de radar para varredura subterrânea estão sendo utilizados para procurar vestígios do corpo da menina, sob a hipótese de que ela tenha sido assassinada logo após o sequestro, conforme acreditam os investigadores alemães. Ruínas, poços, cisternas e noras na região estão sendo minuciosamente examinados, apesar dos desafios impostos pelo terreno denso e coberto por mato alto.
A operação é conduzida sob uma Decisão Europeia de Investigação emitida pelo Ministério Público de Brunswick e homologada pelo Ministério Público de Faro, em Portugal. Todas as provas coletadas serão entregues às autoridades alemãs, mediante autorização prévia das autoridades portuguesas. A Polícia Metropolitana de Londres, responsável pela Operação Grange, não participa diretamente das buscas, mas afirmou estar pronta para oferecer suporte às equipes internacionais
Um caso que não deixa de emocionar
O desaparecimento de Madeleine McCann continua a tocar corações ao redor do mundo. No último 12 de maio, data em que Madeleine completaria 22 anos, seus pais divulgaram uma mensagem reforçando sua "determinação inabalável" em buscar respostas. Kate e Gerry McCann, que nunca abandonaram a esperança de descobrir a verdade, têm apoiado as investigações e mantido campanhas públicas para manter o caso em evidência. A mobilização midiática, intensificada por documentários como a série da Netflix de 2019, O Desaparecimento de Madeleine McCann, e reportagens contínuas, garante que o caso permaneça vivo na memória coletiva.
As novas buscas em Portugal reacendem o debate sobre a possibilidade de resolução do caso. Embora as autoridades alemãs mantenham Brückner como principal suspeito, a ausência de provas materiais diretas continua sendo um obstáculo. As operações anteriores, como as realizadas na Barragem do Arade em 2023, não produziram resultados significativos, mas a persistência das autoridades reflete a complexidade e a relevância do caso. Posts recentes no X, como o do perfil @SkyNews, destacam o uso de tecnologia de ponta, como radares subterrâneos, e a esperança de que essas buscas tragam novas pistas.
O que o futuro reserva?
Enquanto as escavações seguem até 6 de junho, o mundo observa com expectativa. A possibilidade de encontrar vestígios que conectem Christian Brückner ao desaparecimento de Madeleine poderia finalmente trazer respostas a uma história que já dura quase duas décadas. No entanto, a falta de uma acusação formal até agora e a proximidade da libertação de Brückner em setembro de 2025 aumentam a pressão sobre as autoridades. Para Kate e Gerry McCann, e para milhões que acompanham o caso, cada nova busca é um passo em direção à verdade, por mais elusiva que ela permaneça.
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