Nova NR-1 coloca Saúde Mental no radar das empresas brasileiras
Norma exige ações concretas contra estresse e assédio, desafiando organizações a repensar gestão e cultura
A recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) está transformando a forma como as empresas brasileiras lidam com a saúde mental no ambiente de trabalho.
Publicada para reforçar a segurança e o bem-estar dos trabalhadores, a norma agora inclui a obrigatoriedade de identificar e mitigar riscos psicossociais, como estresse, assédio moral e sexual, além de cargas de trabalho excessivas. Esse novo enfoque exige das organizações um esforço conjunto para criar ambientes mais saudáveis e éticos, sob pena de enfrentarem multas, processos e danos à reputação.
De acordo com Leonardo Fabris Lugoboni, professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), a adequação às novas regras vai além de uma simples formalidade. “As empresas precisam olhar criticamente para seus processos internos e implementar medidas efetivas que promovam um ambiente seguro. Isso é um desafio estratégico, que impacta diretamente a produtividade e a sustentabilidade do negócio”, destaca o especialista.
Mapeamento de riscos: O primeiro passo
Para cumprir a NR-1, Lugoboni sugere que as empresas iniciem com um mapeamento detalhado de seus fluxos de trabalho. “É essencial identificar pontos críticos que geram sobrecarga mental, como metas irreais, distribuição desigual de tarefas ou relações interpessoais tóxicas”, explica. Ele recomenda ainda a revisão do Código de Conduta, com diretrizes claras contra assédio e a criação de canais de denúncia seguros, garantindo confidencialidade e proteção aos trabalhadores que reportarem problemas.
Saúde mental nos Relatórios de Risco
A norma também altera o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que agora deve contemplar os riscos psicossociais. “Os relatórios não podem mais se restringir a fatores físicos, como ergonomia, ou químicos. É necessário demonstrar, com dados concretos, como a empresa está lidando com pressões excessivas e jornadas exaustivas”, afirma Lugoboni. Essa abordagem mais ampla reflete a crescente preocupação com o bem-estar mental no mercado de trabalho.
Consequências da negligência
Empresas que não se adaptarem às exigências da NR-1 podem enfrentar sérias penalidades. Além de multas e interdições previstas na legislação, a negligência pode abrir espaço para processos trabalhistas e civis, com gestores sendo responsabilizados diretamente. “O impacto na reputação também é um risco real. Hoje, o mercado e a sociedade cobram posturas éticas e responsáveis”, alerta o professor.
Capacitação como ferramenta de prevenção
Outro ponto central da norma é a capacitação em Segurança e Saúde no Trabalho (SST), com foco na saúde mental. Para Lugoboni, os treinamentos devem promover uma mudança cultural nas empresas. “Não basta cumprir a lei. É preciso ensinar líderes e equipes a reconhecer sinais de esgotamento, gerir metas de forma equilibrada e prevenir assédio”, diz. Ele destaca que metas abusivas, frequentemente usadas para pressionar resultados, podem levar ao burnout e até a práticas antiéticas, como manipulação de informações.
Um novo Paradigma Corporativo
A NR-1 reforça que a saúde mental não é mais um detalhe, mas um pilar essencial para o sucesso organizacional. Empresas que investirem em prevenção e bem-estar terão não apenas conformidade legal, mas também equipes mais engajadas e produtivas. “A pressão extrema pode até gerar resultados a curto prazo, mas a longo prazo ela destrói pessoas e negócios. A nova norma é uma oportunidade para construir ambientes de trabalho mais humanos”, conclui Lugoboni.
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