Munições de calibre 9mm encontradas em buscas por desaparecidos no Paraná: Investigação avança com novas evidências
Descoberta reforça suspeitas de homicídio em cobrança de dívida rural; forças de segurança intensificam operações na região noroeste do Paraná, mas corpos seguem sem localização
Icaraíma, no noroeste do Paraná, continua no centro das atenções das autoridades e das famílias envolvidas em um caso de desaparecimento que completa mais de um mês. Na tarde deste domingo (14 de setembro de 2025), durante buscas intensas na propriedade rural apontada como foco da dívida que motivou a viagem das vítimas, a Polícia Civil do Paraná (PCPR), em conjunto com a Polícia Militar Ambiental e a Força Nacional, localizou duas munições de calibre 9 milímetros.
As balas foram encontradas em uma área de mata extensa, a cerca de 4,8 quilômetros do pesqueiro ligado aos principais suspeitos, Antonio Buscariollo, de 66 anos, e seu filho, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22 anos, ambos foragidos desde o início das investigações.
Segundo o delegado Thiago Andrade, da Delegacia de Icaraíma, os projéteis serão submetidos a perícia para análise balística. “É comum que ainda sejam encontradas munições algum tempo depois, pois lá é uma região rural, que a mata é extensa e dificulta o trabalho da polícia e da perícia de estar localizando os estojos de arma”, explicou o delegado em entrevista coletiva. Ele enfatizou que, embora munições de outros calibres já tenham sido recolhidas em visitas anteriores ao local, nenhuma hipótese é descartada, incluindo a possibilidade de que Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza tenham sido assassinados na propriedade.
As buscas prosseguem nesta segunda-feira (15 de setembro), com foco em oito pontos identificados nas imediações onde o veículo das vítimas foi localizado na sexta-feira (12). No entanto, o apoio de cães farejadores do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost) do Corpo de Bombeiros de Curitiba não estará disponível, com a equipe em prontidão em Umuarama, conforme informou o tenente Gabriel Marçal. As operações contam com o suporte de equipamentos como sonar para varreduras aquáticas, helicópteros com câmeras infravermelhas e drones, mas até o momento, os corpos não foram encontrados.
Relembrando o caso: Uma cobrança que virou mistério
O drama começou em 4 de agosto de 2025, quando Robishley Hirnani de Oliveira (53 anos), Rafael Juliano Marascalchi (43 anos) e Diego Henrique Afonso (morador de Olímpia, SP), todos de São José do Rio Preto (SP), pegaram a estrada para Icaraíma. Eles foram contratados por Alencar Gonçalves de Souza (36 anos), morador local, para cobrar uma dívida relacionada à venda de uma propriedade rural. Conforme apurado pela PCPR, a transação envolveu R$ 255 mil, divididos em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada, nenhuma delas quitada. Inicialmente, relatos familiares mencionavam valores entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão, mas a investigação confirmou o montante de R$ 255 mil.
Os quatro se encontraram com os supostos devedores, Antonio Buscariollo e familiares, no distrito de Vila Rica do Ivaí, no dia 4. Acordaram um retorno para o dia seguinte. No dia 5, por volta das 10h, câmeras de segurança de uma panificadora em Icaraíma registraram o grupo conversando no balcão – o último registro visual divulgado. Após as 12h, o contato com as famílias cessou abruptamente.
A denúncia formal veio na quarta-feira (6), quando a esposa de Robishley registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo. Os três paulistas atuavam há cerca de 13 anos em cobranças de dívidas, usando métodos persuasórios, segundo depoimentos. Alencar, que se juntou ao grupo, também sumiu, levantando suspeitas de envolvimento ou de ter sido vítima de uma emboscada.
Suspeitos e antecedentes: Fuga após depoimento
No dia 6 de agosto, a polícia visitou a propriedade dos Buscariollo. Pai e filho foram levados para depoimento e liberados inicialmente. “Eles [Antonio e Paulo] confirmaram que havia um negócio envolvendo a compra e venda de uma propriedade rural entre Alencar e dois parentes deles, mas disseram que não tinham relação direta com a dívida”, relatou o delegado Gabriel Menezes, à frente da investigação inicial. Horas após a liberação, a família fugiu, abandonando o local. Mandados de prisão temporária foram expedidos contra Antonio e Paulo.
Antonio Buscariollo tem antecedentes por posse ilegal de arma de fogo. Paulo não registra passagens pela polícia. Todos os familiares que residiam na propriedade também desapareceram e são investigados, embora seus nomes não tenham sido divulgados. Relatos em redes sociais e na imprensa local sugerem que os suspeitos possam ter cruzado a fronteira para o Paraguai, mas a PCPR não confirma.
Avanços recentes: O veículo enterrado e evidências de violência
A investigação ganhou novo fôlego na sexta-feira (12), quando uma carta anônima enviada ao pai de uma das vítimas revelou a localização do veículo: uma Fiat Toro branca, enterrada em um bunker na zona rural de Icaraíma, a cerca de 9 km da propriedade dos suspeitos. Um informante também colaborou. O coronel Hudson Leôncio Teixeira, secretário de Segurança Pública do Paraná (Sesp), confirmou: “O pai de uma das vítimas recebeu uma carta anônima dizendo onde o carro delas estava. Um informante também colaborou com as investigações”.
A Polícia Militar (PM-PR) removeu o carro na madrugada de sábado (13), com apoio de escavadeiras. Dentro dele, coberto por uma lona, foram encontrados vestígios de sangue, marcas de disparos de arma de fogo, vidros quebrados, bancos danificados e o boné de um dos desaparecidos. A Polícia Científica coletou amostras para perícia, incluindo análise de DNA. Em buscas paralelas no sábado (13), outra Fiat Strada ligada aos suspeitos foi apreendida, e um homem foi preso por adulteração de placas.
Anteriormente, em 8 de agosto, um carro da família Buscariollo já havia sido apreendido para perícia, sem resultados divulgados até agora. Armas também foram recolhidas em endereços relacionados, como uma espingarda calibre 12 com numeração suprimida e 12 munições, em operação no distrito de Porto Novo.
A advogada Josiane Monteiro, que representa as famílias das vítimas, defendeu o tratamento do caso como homicídio em entrevista à RPC, afiliada da Globo no Paraná. “Defendo que o caso seja tratado como um crime de homicídio, apesar de a família das vítimas aguardar atualizações positivas”, disse ela.
As buscas diárias, iniciadas em 6 de agosto, já varreram rios com sonar e áreas de mata com infravermelho, mas o sigilo judicial limita divulgações. A PCPR trata o caso como homicídio em contexto de emboscada, mas mantém cautela: “As informações apuradas até o momento apontam para um contexto de homicídio. Contudo, as buscas continuam e nada pode ser descartado”, afirmou o delegado Gabriel Menezes em agosto.
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