Movimento suspeito na Bolsa: R$ 6,6 bilhões negociados em 75 minutos antes do tarifaço dos EUA
Investigações do STF apontam possível insider trading em transações bilionárias realizadas antes do anúncio de tarifas de Trump contra o Brasil
Na manhã do dia 9 de julho de 2025, o mercado financeiro brasileiro foi palco de um movimento fora do comum que agora está sob a lupa do Supremo Tribunal Federal (STF). Em apenas 75 minutos, entre 11h30 e 12h45, foram negociados mais de R$ 6,6 bilhões em contratos futuros de dólar na B3, a bolsa de valores brasileira.
Esse montante representou quase 10% do total negociado no dia, que alcançou R$ 70 bilhões. As transações, realizadas pouco antes do anúncio de um pacote de tarifas imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil, levantaram suspeitas de insider trading – prática ilícita em que informações privilegiadas são usadas para obter vantagens no mercado financeiro.
O maior negócio do dia ocorreu às 11h38, quando o BTG Pactual intermediou quase 10 mil contratos, equivalentes a R$ 2,7 bilhões, com o dólar cotado a R$ 5,44. Outras corretoras, como BGC Liquidez, Renascença, Tullett Prebon e XP Investimentos, também participaram de grandes negociações, com valores que variaram entre R$ 411 milhões e R$ 1,23 bilhão.
A Advocacia-Geral da União (AGU) aponta que o volume atípico, cerca de 1000 vezes superior à média de contratos por transação naquele dia, sugere que alguém pode ter tido acesso prévio à informação sobre o “tarifaço” anunciado pelo então presidente dos EUA, Donald Trump.
Os contratos futuros de dólar, instrumentos financeiros usados para proteção contra variações cambiais ou para especulação, são normalmente negociados em pequenas quantidades, como 5, 10 ou 20 contratos. A concentração de operações bilionárias em um intervalo tão curto, porém, chamou a atenção das autoridades. No total, os picos de negociação ao longo do dia somaram R$ 9,9 bilhões, representando 14% do volume total. A investigação do STF busca agora identificar quem se beneficiou dessas movimentações e se houve vazamento de informações sensíveis.
O anúncio do tarifaço, feito por Trump no mesmo dia 9 de julho, impôs tarifas de até 50% sobre importações brasileiras, com impactos significativos no mercado financeiro.
A medida, que também atingiu países como China, México e Canadá, gerou forte volatilidade nas bolsas globais, mas o Brasil apresentou uma resiliência inesperada. No dia seguinte, o Ibovespa, principal índice da B3, registrou uma queda modesta de 0,81%, enquanto o real se recuperou, avançando 0,62% frente ao dólar.
Especialistas apontam que a alta taxa Selic, atualmente em 14,25%, tem atraído investidores estrangeiros, ajudando a amortecer os impactos iniciais das tarifas. A suspeita de insider trading ganhou força nas redes sociais, com analistas e jornalistas destacando a gravidade do caso.
Eduardo Moreira, em análise publicada pelo ICL Notícias, detalhou como essa prática pode distorcer o mercado e beneficiar poucos em detrimento de muitos. A AGU, por sua vez, reforça que a investigação é crucial para preservar a transparência e a confiança no mercado financeiro brasileiro.
Enquanto o STF avança nas apurações, o caso reacende debates sobre a regulação do mercado financeiro e a necessidade de mecanismos mais robustos para coibir o uso de informações privilegiadas. O desfecho da investigação pode ter implicações não apenas para as corretoras envolvidas, mas também para a percepção de risco do Brasil no cenário internacional, especialmente em um momento de tensões comerciais com os Estados Unidos.
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