Milton Nascimento é diagnosticado com demência: Uma jornada de vida e música
Aos 82 anos, o ícone da MPB enfrenta novo desafio de saúde, revelado por seu filho em entrevista exclusiva, enquanto sua obra segue inspirando gerações
O cantor e compositor Milton Nascimento, um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira (MPB), foi diagnosticado com demência por corpos de Lewy (DCL), uma das formas mais comuns de demência, aos 82 anos. A informação foi revelada por seu filho e empresário, Augusto Nascimento, em entrevista publicada nesta quinta-feira, 2 de outubro de 2025, pela revista Piauí. A família informou que esta será a única comunicação oficial à imprensa sobre o assunto, respeitando a privacidade do artista.
Primeiros sinais e diagnóstico
De acordo com Augusto Nascimento, os primeiros sinais da doença surgiram em 2025, quando ele notou mudanças no comportamento do pai, como “lapsos de memória, olhar fixo, repetição de histórias e alterações de apetite”. Esses sintomas despertaram preocupação, levando a uma série de consultas médicas e exames realizados em abril. O diagnóstico de DCL foi confirmado, uma condição caracterizada pelo acúmulo anormal de proteínas alfa-sinucleínas no cérebro, que compromete funções cognitivas, motoras e comportamentais.
O clínico geral Weverton Siqueira, que acompanha Milton há uma década, relatou à revista Piauí que ficou alarmado com a “piora cognitiva” do cantor. “Eu me assustei com a rapidez com que o quadro evoluiu e solicitei novos exames”, afirmou o médico. A DCL combina sintomas semelhantes aos do Alzheimer, como perda de memória, e características motoras associadas ao Parkinson, doença com a qual Milton já havia sido diagnosticado anteriormente.
Uma viagem inesquecível
Antes da confirmação do diagnóstico, Milton e Augusto decidiram embarcar em uma viagem de motorhome pelos Estados Unidos, percorrendo estados como Arizona, Utah, Idaho, Wyoming e Montana. “Quando vi que meu pai apresentava uma piora no quadro cognitivo, perguntei ao médico se seria uma loucura fazer uma viagem de motorhome com ele. Ele disse que, se fosse, era agora”, contou Augusto Nascimento. A jornada, repleta de momentos de conexão entre pai e filho, reflete a força e a sensibilidade que sempre marcaram a trajetória do artista.
Legado vivo
Milton Nascimento, conhecido por clássicos como “Travessia”, “Coração de Estudante” e “Maria, Maria”, aposentou-se dos palcos em 2022, após a turnê A Última Sessão de Música. Apesar disso, continuou participando de projetos musicais e foi homenageado em 2025 pela escola de samba Portela, no carnaval do Rio de Janeiro, com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol”, uma celebração de sua obra e legado.
A demência por corpos de Lewy, embora desafiadora, não apaga a contribuição de Milton para a cultura brasileira. Sua música, que atravessa gerações, segue como símbolo de resistência, poesia e humanismo, inspirando artistas e fãs em todo o mundo.
Nascido em 26 de outubro de 1942, no Rio de Janeiro, Milton foi criado em Três Pontas, Minas Gerais, por seus pais adotivos, Josino Campos e Lilia Silva Campos. A música entrou cedo em sua vida, influenciada pelo ambiente cultural de Minas e por artistas como Ary Barroso e Dorival Caymmi. Na década de 1960, mudou-se para Belo Horizonte, onde integrou o movimento Clube da Esquina, ao lado de amigos como Lô Borges, Beto Guedes e Fernando Brant.
Esse coletivo revolucionou a MPB, misturando influências do jazz, bossa nova, rock e música folclórica mineira. Em 1967, Milton ganhou projeção nacional ao interpretar “Travessia”, composta com Fernando Brant, que ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção. A canção, com sua letra introspectiva e melodia envolvente, tornou-se um marco de sua carreira e um hino da MPB. “Travessia’ foi o momento em que percebi que minha música poderia tocar as pessoas de forma profunda”, disse Milton em entrevista à Folha de S.Paulo em 2017.
A década de 1970 consolidou Milton como um gigante da música brasileira. Álbuns como Clube da Esquina (1972) e Minas (1975) apresentaram clássicos como “Tudo o que Você Podia Ser”, “Nada Será Como Antes” e “Maria, Maria”, que misturam lirismo com críticas sutis ao regime militar no Brasil. Sua voz singular, com alcance de tenor e emoção crua, aliada a arranjos sofisticados, conquistou plateias no Brasil e no exterior.
Milton colaborou com artistas renomados, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Elis Regina, com quem gravou o icônico dueto “Cais”. Internacionalmente, trabalhou com músicos como Wayne Shorter, Herbie Hancock e Pat Metheny, levando a MPB a palcos globais. O álbum Native Dancer (1975), gravado com Shorter, é um marco do jazz fusion e apresentou Milton ao público norte-americano.
Engajamento social e cultural
Além da música, Milton sempre foi um defensor de causas sociais. Suas canções frequentemente abordam temas como desigualdade, resistência e identidade brasileira. “Coração de Estudante”, composta em 1983, tornou-se um hino das Diretas Já, movimento pela redemocratização do Brasil. “Essa música nasceu de um sentimento coletivo, de um povo que queria liberdade”, declarou Milton em um documentário da Globo em 2018.
Sua conexão com a cultura afro-brasileira e indígena também é marcante. Álbuns como Missa dos Quilombos (1982) e Yauaretê (1987) celebram a ancestralidade e a diversidade, enquanto denunciam injustiças históricas. “A música sempre foi minha forma de falar sobre o que acredito”, afirmou Milton em entrevista à Rolling Stone Brasil em 2008.
Reconhecimento e homenagens
Ao longo de sua carreira, Milton recebeu inúmeros prêmios, incluindo cinco Grammy Latinos e uma indicação ao Grammy Awards. Em 2019, foi homenageado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), reconhecendo sua contribuição à cultura brasileira. Em 2025, a escola de samba Portela dedicou seu enredo no carnaval do Rio de Janeiro, intitulado “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol”, à sua obra, celebrando sua influência na música e na sociedade.
Contexto da doença
A DCL é a segunda forma mais comum de demência, atrás apenas do Alzheimer, afetando cerca de 1,4 milhão de pessoas nos Estados Unidos, segundo a Lewy Body Dementia Association. No Brasil, dados sobre a prevalência são escassos, mas a condição é reconhecida por sua complexidade, exigindo cuidados multidisciplinares para gerenciar sintomas cognitivos, motores e emocionais.
Repercussão e apoio
Nas redes sociais, fãs e artistas prestaram homenagens a Milton após a divulgação da notícia. “Milton é um farol da nossa música. Sua obra é eterna, e ele merece todo nosso carinho”, escreveu a cantora Maria Rita em uma postagem no Instagram. Já no X, usuários compartilharam trechos de suas canções e mensagens de apoio, destacando a importância de respeitar a privacidade do artista neste momento.
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